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Torneiras secas
No Dia Mundial da Água alertas sobre as secas no Brasil. Informa-se que alertas de seca crescem 409% em 13 anos no Brasil. O Distrito Federal enfrenta racionamento. Mesmo São Paulo, apesar das chuvas, não está livre da mesma possibilidade.
De tal forma estamos habituados à agua em nosso cotidiano que a tomamos como originada em fonte eterna. Só em períodos prolongados de estiagem - quando começam os rumores sobre racionamento - é que nos dispomos a alguma economia. Banhos mais curtos, cuidados com as torneiras, vazamentos e por aí vai.
Viver em cidades nas quais a água flui à vontade é privilégio. Entretanto, vastas áreas do país estão sujeitas a secas prolongadas. Vale lembrar que na região Nordeste existe o semiárido, delimitado pela região conhecida como Polígono das Secas. O Polígono compreende áreas de todos os estados da região, excetuando-se o Maranhão.
Imagine-se alguém que viva numa boa cidade do sul do país na qual inexistam situações de risco de racionamento. Essa pessoa usa água para beber, higiene pessoal, limpeza e outros fins. Normal. Mas, o que aconteceria a essa pessoa caso, belo dia, acordasse em qualquer parte do sertão nordestino, região da caatinga? Uma palavra resume bem o que sucederia a ela: choque.
O choque diante de uma realidade inimaginável seria inevitável. Uma coisa é ler sobre a seca, ver filmagens e fotos de pessoas morando em casebres perdidos em regiões quase desérticas. Outra é estar sob o sol inclemente, garganta seca, esperando pelo nada.
Há alguns anos circulei pelo interior da Bahia, passando por lugares nos quais a água é por demais valiosa. Presenciei a situação de gente percorrendo distâncias e carregando vasilhas para receber um pouco da água trazida, uma vez por semana, por caminhões de prefeituras. Enfrentei areais nos quais a caatinga e o sol são as testemunhas da passagem do homem. Nenhuma gota de água. Pude constatar a força do homem preso àquelas regiões nas quais o instinto de sobrevivência se revela com tanta fibra e tenacidade. Para mim aquilo se revelava como próprio inferno.
De volta à minha casa sentia-me mal ao gastar água. Parecia-me estar roubando o precioso líquido a irmãos que tanto precisam dela. De lá para cá tenho usado a água de forma parcimoniosa.
Talvez o que mais deva ser comemorado no Dia Mundial da Água seja a resistência dos homens que não a tem nas suas torneiras.
A insegurança dos animais
Noticia-se que vacas e ovelhas são maltratadas em transporte da Europa para paises de etnia muçulmana onde são sacrificados. Viajando em navios são comprimidos em espaços onde, em grande número, não conseguem se acomodar. Imagens terríveis de animais verdadeiramente torturados foram divulgadas.
Quando menino fui algumas vezes ao matadouro de minha cidadezinha natal. A bem da verdade aquilo era um arremedo de matadouro. Ficava nos fundos do único açougue do lugar. Prendiam o animal com cordas. Seguia- se um corte fundo no pscoço de onde jorrava o sangue. Em agonia o animal se debatia. Até morrer. Daí por diante os açougueiros operavam sobre o cadáver, separando os cortes que seriam colocados à venda. Assisti a cenas dessa natureza pouças vezes,certamente movido pela curiosidade infantil. Não me recordo de qualquer sentimento negativo em relação ao que se passava no matadouro. Precisávamos da carne. Gostávamos da carne. Ainda gosto.
Não sou vegano. Conheço veganos que se enfurecem ao ouvir falar sobre matanças de animais. Confesso que de anos para cá o sacrifício de animais tem-me incomodado. Se me lembrar de que o maravilhoso bife de chorizo à minha frente veio de um animal sacrificado para matar a minha fome sou capaz de não comê-lo.
Um conhecido trabalhou numa grande empresa na qual milhares de frangos são sacrificados, continuamente. Falava-me sobre isso com naturalidade. Na verdade ele pedira demissão porque enjoara do cheiro do lugar. Lembrei-me do tempo em que não se compravam frangos em supermercados. As galinhas eram criadas no quintal. Quando precisavam delas era só buscá-las. Chegavam à cozinha, debatendo-se como se soubessem o que as esperava. Mãos treinadas quebravam-lhes o pescoço. Destroncadas não morriam imediatamente. A agonia durava algum tempo. Depois de mortas os cadáveres eram introduzidos em panelas com água quente para a retirada das penas. Restava abrí-las para retirar as vísceras. Depois boas cozinheiras cuidavam de transformar as aves em deliciosos pratos.
Não há muito os rinocerontes estavam na lista das espécies ameaçadas de extinção. Matam-se rinocerontes na África. Caçadores procuram os chifres desses animais cujas gramas chegam a valer mais que as de ouro. Há quem as queira por acreditarem em seu efeito milagroso para a energização em homens. são também usados em esculturas.
Dias atrás bandidos agiram no zoológico de Paris. Burlando a vigilância meteram três balas na cabeça de um rinoceronte e depois usaram serra elétrica para extrair o chifre maior. O menor não conseguiram arrancar. Depois fugiram, deixando atrás de si a canificina que provocaram.
Pobres animais.
A naja chega ao Brasil
A naja é a cobra que matou Cleópatra. Pelo menos no filme. Elizabete Taylor, lindíssima, feita a rainha do Egito no celulóide, enfia a mão dentro de um pote. Dentro dele espera-a uma naja. A picada é fatal. A amante do general romano Março Antonio - vivido por Richard Burton - morre dramaticamente. Chegam ao fim as tentativas da rainha de aliar-se a Júlio Cesar e Março Antonio para impedir os avanços de Roma sobre seu reino.
O filme é de 1963. Concorreu a vários Oscar inclusive ao de melhor ator com Rex Harrison no papel de Cesar. Há quem o considere péssima película. Mas a beleza de Taylor e o fausto dos palácios o tornaram inesquecível. Além do que a naja entrou para o imaginário popular nesta parte do mundo onde essa espécie de ofídio não existe.
A naja é agressiva e extremamente venenosa. Coloca-se em posição de ataque e consegue lançar seu veneno a 1 metro de distância. Sua picada é fatal pois suficiente para matar um elefante. Ainda bem que esse ofídio não faz parte do ecossistema brasileiro.
Entretanto, uma naja surgiu no balneário de Camboriú, em Santa Catarina. Inexplicavelmente. Reconhecida foi objeto da ação de bombeiros que tiveram muito trabalho para dominá-la. Herpetologistas consideraram verdadeiro milagre terem conseguido capturar a cobra dada a falta de material próprio para isso.
A entrada de uma naja no país é ato irresponsável. Trazida por alguém e depois abandonada representou risco para quem com ela cruzasse seu caminho. Resta torcer para que esse tenha sido o único representante da espécie a ser trazido ao país. Receia-se que outras najas tenham sido soltas na Mata Atlântica. Caso isso tenha acontecido grave desequilíbrio ecológico estará em andamento. A introdução de novas espécies dentro de ecossistemas é causa de desequilíbrio.
Ficam as memoráveis imagens de Elizabeth Taylor com a naja que a matou. Beleza e morte se juntam num momento clássico do cinema.
Já a naja encontrada em Camboriú será encaminhada ao Instituto Butantã, em São Paulo, local que abriga 30 espécies desse perigoso ofídio.
Torcer ou não torcer
Vi aqueles soldados do Exército sendo aclamados em seu retorno a Itu onde existe um regimento. Desfilavam em caminhões pelas ruas da cidade, como heróis. A batalha contra os perigos que rondavam o futuro do Brasil fora vencida. A Revolução de 64 vingara e Castelo Branco substituíra Jango. O perigo do país tornar-se outra Cuba havia passado. Em pouco tempo os militares acertariam as coisas e devolveriam o governo nos moldes da democracia. Ninguém falava em ditatura. Tratava-se de período transitório, necessário à restauração da ordem no país.
Dois dias depois fui a um clube da cidade, acompanhando amigo que era sócio. Não sendo sócio tive que aguardar permissão para entrar. Conduzido à diretoria encontrei o presidente que era militar. O sujeito descarregou sobre mim todo o ódio que nutria pelos civis que haviam levado o Brasil à situação atual. Gritando, colocou-me para fora. Não admitia o desrespeito à ordem: que pensava eu ao tentar infringir o estatuto do clube, frequentando lugar onde não era sócio e para o qual não contribuíra com um único centavo? Ali comecei a entender o sentido da “revolução”.
Amávamos o Brasil. Amamos o Brasil. É nossa terra. Vamos ao estrangeiro, achamos tudo maravilhoso, mas de repente vem a saudade do nosso país, dessa confusão à qual estamos, infelizmente, habituados. Mas, militares ou não no controle, amávamos o nosso Brasil.
Então veio 70. O João Saldanha inventou aquela história de “feras” para designar os craques do nosso futebol. Saiu o Saldanha, veio o Zagalo, continuaram as feras. E que feras. Aquele escrete maravilhoso com Gerson, Tostão, Rivelino e Pelé. Meu Deus, Pelé. E foi o que foi.
No dia do jogo contra Uruguai encontrei um amigo na rua. Só se falava sobre o jogo de modo que puxei o assunto com o amigo. Ele me perguntou se eu ia ver o jogo. Acrescentou que torceria loucamente pelo Uruguai. Fiquei estarrecido. Então o amigo me cobrou posicionamento político. Lembrou-me que estávamos no auge da repressão, governo Médici. Tínhamos um conhecido, militante de esquerda, que tinha desaparecido. Não poderíamos torcer pela seleção cuja vitória seria utilizada pela propaganda militar como sinal de sucesso do país.
Confesso ter assistido ao primeiro tempo bastante nervoso. Meu coração dialogava com a minhas convicções numa batalha sem fim. Aí veio o gol do Brasil e meu coração venceu: eu torcia pelo nosso futebol que não pertencia a governos, mas ao povo.
Sei lá. Não sei dizer como me comportaria se vivenciasse hoje aquela situação. Ficaram as imagens da final contra a Itália e a chegada da seleção a São Paulo. A cidade saiu às ruas para receber nossos heróis de chuteiras. Fiquei perto de um viaduto na 23 de maio, esperando. Lembro-me de ter visto Rivelino e outros craques sobre o caminhão dos bombeiros. Emocionávamos às lágrimas. Tinha muita moça bonita lá, vendo a seleção passar.
Os mentirosos
Lembra-se do filme “O Mentiroso”? Jim Carrey encarna um advogado inescrupuloso que mente compulsivamente. O cara não consegue parar de mentir. Até que por ocasião do aniversário do filho este pede 24 horas sem mentiras. A partir daí a vida do advogado vira de cabeça para baixo.
Ninguém pode afirmar que o novo presidente dos EUA seja mentiroso. Entretanto, acusam-no de mentir. Ele atribui à mídia a produção de “fakes” para atacá-lo. Dias atrás impediu a entrada de jornalistas de grandes meios de comunicação dos EUA na Casa Branca, acusando-os de mentir. Nega que durante a campanha eleitoral tenha feito contato com os russos. Mas, a mídia relata encontros de secretário do atual governo com o embaixador russo.
As controvérsias envolvendo o presidente e seu governo coloca em polvorosa um país dividido. Os EUA ameaçam deixar de ser o parceiro amigo tão importante para o equilíbrio mundial. Ameaça-se a liberdade de imprensa e acordos internacionais de grande importância para o mundo.
Agora o presidente acusa seu antecessor de mandar grampear o Trump Tower no período final da campanha presidencial. Obama reage, negando. Mais celeuma. Trump expressa-se pelo Twitter. É mestre em dizer o que quer através da popular ferramenta.
Eis aí um momento no qual se torna difícil saber de que lado se encontra a verdade. Talvez a solução fosse condenar todo mundo a só falar a verdade por um período de 24 horas. Como no filme os mentirosos se veriam em palpos de aranha. Mas seria bom: conheceríamos quem afinal está falando coisa com coisa e talvez pudéssemos dormir um pouco mais tranquilos.
Promessas
Sou do tempo das promessas. Prometia-se quando o desespero batia à porta; moçoilas em idade perigosa buscavam nos santos a ajuda de que precisavam; doentes desenganados apeavam-se da falta de fé e oravam, prometendo tudo caso recuperassem a saúde. Prometia-se por mil razões. Mas, promessa é dívida. Resta sempre o cumprimento da dívida contraída com o santo de devoção.
Para os meus lados a padroeira que contava como maior número de pedidos era a Senhora Aparecida. Ainda deve ser assim. No passado as pessoas se reuniam na boleia de caminhões e percorriam o caminho até a antiga basílica da santa. Estradas de terra, serra por vezes enfrentada com correntes nos pneus para vencer o lamaçal, seguiam os devotos.
Me vem a memória o inesquecível avô - ele e o filho enganados pelo neto - ajoelhado na igreja, penitenciando-se, pedindo a solução da embrulhada. Antes fazendeiros, venderam as terras para que o neto comprasse, em São Paulo, uma máquina de ….. fazer dinheiro. Gente simples, curtida anos a fio nos labores do campo. E o rapazote a torrar o dinheiro nas boates paulistanas. O gajo era estudado. Enganou ao pai e ao avô. Deu no que deu. Ficou a imagem do velho, curvado, rezando, pedindo a Deus pelo que não poderia retornar.
Em matéria de promessa também há os que não paguem pelo favor recebido. Não se ouviu falar do homem que prometera ir a Aparecida a pé e cumpriu a promessa andando em vagões de trem durante todo o trajeto? E os que fazem promessas deixando claro que, graça recebida, outra pessoa deverá pagar pelo prometido? O jogo é vasto.
Há promessas que, pelo menos aparentemente, nada têm a ver com a religião. Conhecida atriz prometeu ficar peladíssima se o Botafogo volta-se à divisão principal. O time subiu e parece que ela não cumpriu. Agora uma modelo acaba de desfilar nua na Av. Paulista como prometera se sua escola de samba vencesse o carnaval. Título conseguido lá foi ela, cobrindo as partes íntimas apenas com purpurina. No fim disse: promessa cumprida.
Pois é: promessa é mesmo dívida.
Questão de tempo
A Terra existe a 4,5 bilhões de anos. Agora cientistas divulgam a descoberta de fósseis datados de 3,77 bilhões de anos. São os mais distantes vestígios de vida no planeta encontrados até hoje. Trata-se de filamentos e tubos formados por bactérias encontradas em fontes termais ricas em ferro, no fundo do oceano, em Quebec, Canada.
A arte paleolítica surgiu há cerca de 35 mil anos. Consistia de figuras desenhadas em paredes de grutas e bonecos esculpidos em madeira ou pedra. Há cerca de 6000 anos a. C. os primeiros conjuntos humanos iniciaram a produção, criando animais e cultivando plantas. Essas práticas permitiram aos humanos agruparem-se em aldeias e vilas, de onde vieram as nossas primeiras cidades. A partir daí surgiriam as primeiras civilizações. Entre 5500 e 4000 anos a Suméria foi colonizada. 2000 anos a.C. florescia a Babilônia. Os assírios datam de 800 a 500 anos a.C. Já o antigo império egípcio data de 3500 a 1800 anos a.C. Rômulo e Remo fundaram Roma em 733 a.C. O triunvirato de Júlio César, Pompeu e Crasso data de 60 anos a.C. O nascimento de Cristo marca o início de nosso primeiro milênio.
Estamos em 2017. O mundo que conhecemos, alicerçado em avanços tecnológicos de ponta, é recente. Antes dos anos 50 do século passado ao homem comum eram inimagináveis os avanços de computadores e celulares hoje incorporados ao modo de viver em sociedade.
Mas, que dizer quando se comparam os bilhões de anos da idade da Terra, do surgimento da vida no planeta e os parcos 8000 anos em que floresceu a sociedade em que vivemos? Não é a civilização humana nada mais que um breve hiato na história de um pequeno planeta do sistema solar? Não é o caso de desconfiarmos da perenidade de nossa espécie? Existirá ela daqui a 500 anos, por exemplo?
Entretanto, parecemos não nos dar conta disso. O mundo que se nos apresenta hoje em dia é convulso. Parecem de nada ter valido duas grandes guerras para conscientizar os humanos da precariedade de nossa existência. O homem age como um ser eterno. A noção de eternidade está na raiz de nossos comportamentos para quem a ideia da própria morte parece ser descartável. Não se vive como quem vai morrer e isso é bom. Mas não se pode ignorar a precariedade da Terra em relação ao universo, a precariedade da civilização humana em relação ás mudanças geológicas e climáticas de nosso próprio planeta.
O meio-irmão do imperador da Coreia do Norte é morto num aeroporto com o uso de arma química; o novo presidente dos EUA propõe ao Congresso aumento de seu orçamento para compra de armas; terroristas matam a toda hora; bandidos estabelecem verdadeira guerra civil nas ruas… O mundo gira. O homem põe e dispõe de sua aparente grandeza. A cada momento os homens menos se entendem. Talvez dia desses optem por um cataclismo que encerre a nossa civilização. Caso aconteça isso nada mais será que um curtíssimo capítulo numa história que se conta anos na faixa de bilhões de anos.
Ricos e pobres
A gualdade entre seres humanos talvez esteja destinada a permanecer como utopia. Ricos e pobres sempre existirão - é o que parece. Revoluções em nome dos oprimidos têm resultado na manutenção do poder em mãos de novos grupos dominantes. A alta hierarquia formada goza de todos os privilégios. É e foi sempre assim.
Discursos e promessas de parte o fato é que riqueza e pobreza constrangem. A moradora de rua deitada na calçada em pelo inverno incomoda. Não fazemos nada por ela e isso nos constrange.
O ano de 1912 ficou marcado pela tragédia do Titanic. O navio indestrutível colidiu com um iceberg e naufragou no mar do Norte. Cerca de 1500 pessoas morreram entre eles passageiros de primeira, segunda e terceira classe.
Na ocasião foram resgatados 334 corpos. Entretanto, só agora foram divulgados os telegramas entre o maior navio de resgate, o Mackay-Bennet, e a White Star line, a empresa que operava o Titanic.
Aconteceu de a tripulação do navio de resgate ser surpreendida pelo número de cadáveres e não dispunha de espaço para devolvê-los a seus familiares. Decidiu-se, então, priorizar os passageiros de primeira e segunda classe. Os de terceira foram atirados no mar.
O reconhecimento dos passageiros cujos corpos foram preservados se deu em função de suas roupas e pertences pessoais. O capitão chegou a sugerir que somente fossem transportados os corpos que tivessem solicitação de suas famílias. Entretanto, a White Star line determinou que se trouxesse à terra o máximo de cadáveres que pudessem ser carregados.
Assim, de 334 corpos recuperados 116 foram atirados ao mar. As profundezas oceânicas foram a morada final dos menos agraciados pela fortuna.
Os anos-luz
Fala-se em anos-luz como se fosse a coisa mais natural do mundo. Tal planeta dista cerca de alguns anos-luz da Terra. Tão perto assim quem sabe em tempos não muito distantes de agora possamos dar um pulo até lá ´para ver como andam as coisas.
Acontece que um único ano-luz equivale a mais ou menos 9,5 trilhões de km. Isso mesmo: a medida é em trilhões de km. Bem longe, não?
Mas, o mundo da astronomia anda bastante animado. Há poucos dias o espaço próximo da Terra recebeu a passagem de alguns asteroides, um deles de grande tamanho. Ainda bem que passou longe não havendo perigo de colisão com o nosso lindo planeta.
Agora anuncia-se a descoberta do Trappist-1. Trata-se de um sistema planetário no qual sete exoplanetas giram em torno de uma estrela anã cujo tamanho equivale, mais ou menos, ao do planeta Júpiter. Os astrônomos estão animados pela semelhança com o nosso sistema solar e a possibilidade de que lá exista água, fator fundamental para a existência de vida.
Entretanto, infelizmente não será possível uma visita ao sistema recém descoberto: Trappist-1 fica a 40 anos-luz de distância da Terra. Seriam muitos trilhões de km a percorrer. Com a utilização de naves espaciais atualmente existentes levaríamos cerca de 700 mil anos para chegar lá.
Na Trappist-1 a distância entre os exoplanetas é pequena. A viagem de um a outro seria feita em poucos dias. Os exoplanetas mais próximos da estrela anã seriam muito quentes, Entretanto, os de meia distância receberiam iluminação próxima à que temos na Terra e as temperaturas ambientes seriam mais amenas, garantindo a presença de água no estado líquido.
Os astrônomos procuram no universo pelo menos um planeta semelhante à Terra. Hoje em dia não de duvida que possa vir a ser encontrado. A pergunta que se faz é: quando?
Chega o carnaval
Muita gente não gosta da folia. Essa turma aproveita os dias de folga para descanso, de preferência onde não se ouça nem ao menos um naco de marchinha. Cada um é feliz a seu modo.
Não adianta: foilão nasce. O samba já vem entranhado na criança que um dia se perderá num cordão. A gente nasce Pierrot, a gente nasce Colombina. Tudo bem marcado já na hora do parto. Não acreditei, mas ouvi de uma parteira que disse ter visto uma menina nascer sambando. Verdade que em matéria de samba e carnaval tudo é possível.
Dizem por aí que o velho carnaval já não existe. O desgaste da festa teria começado com a proibição da lança-perfume. Nada mais de rodar pelo salão, ébrio depois de uma bela cheirada. Nada mais de arranjar coragem para chegar naquela morena fabulosa, empurrado pela boa lança, claro. Nem tinha importância uma esnobada ou até - virge! - um tapa na cara. Valia de tudo no cordão.
Arrebentaram com o carnaval de salão. Desde os bailes nos clubes elegantes nos quais as moças de família dançavam sob a vigilância dos olhos maternos. Ah, quantos beijinhos roubados em meio à multidão… Sobrevivem os blocos, mas como são enormes esses blocos. Tanta gente. Só a alegria continua genuína porque folião de raça não desaparece nunca. Ele se destaca. É aquele cara da música do Ari que volta pra casa na quarta-feira acabado, ainda cantando a Jardineira.
Os desfiles das grandes escolas acontecem com pompa, beleza e não muita espontaneidade. São cinematográficos, belíssimos, carnaval tipo exportação. Verdade que não há como não se arrepiar quando a bateria da Mangueira chega na Apoteose, rufando seus tambores. São legiões de centuriões romanos, marchando com tanto garbo que fariam inveja aos poderosos césares.
No momento o carnaval está sob sério ataque. Acusam as marchinhas de terem letras preconceituosas. Nem pensar em cantar sobre a moça do cabelo duro perguntando “qual é o pente que te penteia?”. Mas, se as marchinhas eram e continuam a ser a alma do povo?
Cuidado: nem mesmo o carnaval é de ferro. Numa dessas o Rei Momo não se aguenta e balalau. Então, adeus carnaval.