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A Terra em perigo
Os dinossauros desapareceram em consequência da colisão de um grande asteroide com a Terra. O lugar do impacto foi em área do atual México. A Terra foi coberta por imensa nuvem de poeira, impedindo a entrada dos raios solares.
Agora os EUA estão fazendo exercícios para lidar com impacto de asteroides. As agências federais NASA e Fema coordenam os ensaios. Mas, calma, não há nenhum asteroide em rota de colisão com o nosso planeta, pelo menos ao que saibamos. Entretanto, há com que se preocupar: no mês passado foram identificados 15 mil objetos próximos da Terra.
Está correndo hoje na internet um vídeo no qual um grande objeto luminoso sobrevoa a cidade de Governador Valadares. Cerca de 5 minutos antes o mesmo objeto havia sido avistado no céu de Recife. A distância entre as duas cidades é de 2600 km. Isso representa que o objeto voador teria incrível velocidade para em 5 minutos cobrir a grande distância.
Mais: um avião de voo comercial que passava pela rota do objeto desconhecido defrontou-se com grande luminosidade. A tripulação e passageiros sentiram vibrações na parte inferior do avião. Ao aterrissar em São Paulo verificaram-se furos na fuselagem da parte inferior do avião. O copiloto que verificara as condições do avião é testemunha de que a parte inferior estava intacta antes do voo.
O famoso físico Stephen Hawking tem nos alertado sobre a possível chegada de naves extraterrestres à Terra. Mais cedo ou mais tarde elas virão, afirma ele. O físico aconselha aos terráqueos a preparação de sistemas de defesa do planeta. Os que aqui chegarem certamente serão mais evoluídos de modo que poderá se dar algo semelhante à chegada de Colombo à América, entrando em contato com os índios.
Creio que pouca gente leva a sério essa possibilidade. Mas, o vídeo e a narração de pessoas que dizem fazer parte do Cindacta, sistema de controle e defesa do espaço aéreo brasileiro, impressionam.
Consulta ao ex
Articulista de jornal pergunta por que, antes casar, não consultamos a opinião do(a) ex para saber com que tipo de gente estamos lidando.
Rapaz… excetuando-se bons e pródigos casos é difícil concordar com a ideia. Essa é uma região nebulosa, terreno minado ao qual relutamos retornar. Envolve amor, quem sabe paixão, lares desfeitos, separação de filhos, divisão de bens e todos os comemorativos ligados ao divórcio.
Não sei dizer se os piores ex são os homens ou as mulheres. Impossível generalizar. Pelo que vi e vivi mulheres separadas - pelo menos algumas - continuam se considerando proprietárias de pelo menos parte do ex-marido. Há titularidade e posses em jogo. Nos homens o pior é quando o demônio do ciúme prepondera. Quantas vezes não socorri um amigo diante de um copo de cerveja, afogando mágoas de uma separação que partiu dela. Isso sem falar nesses caras possessivos que batem nas mulheres e, depois, as matam quando elas conseguem livrar-se deles.
Sinceramente, eu não teria coragem de perguntar a um ex de mulher com quem me casaria sobre os prós e contras da futura empreitada. Se me proponho a casar é porque não só estou gostando da pessoa como devo ter identificado seus predicados e defeitos. Obviamente, o amor prepondera e encobre muita coisa. Mas, como dizia o Rosa, viver é muito perigoso. E estamos vivos, não?
O problema é que o cotidiano desgasta. Hoje em dia existe tendência a uniões sem casamentos no papel. Dois apaixonados passam a viver juntos e o futuro a Deus pertence. Bom ou ruim, quem pode saber?
Há muitos anos uma jovem, filha de uma amiga, decidiu-se a se casar. O sujeito era um cara meio difícil, daqueles que só concordou com a cerimônia para satisfazer a vontade da família da moça. Poe ele tudo como dantes no quartel de Abrantes. Então a minha amiga perguntou sobre o que eu achava que ela, a mãe, deveria fazer. Ao que de pronto respondi que nada haveria a se fazer senão seguir a vontade dos noivos. Mas, acabei mudando de ideia. Como a amiga insistiu sugeri que ela fizesse a cerimônia na casa dela. Viria o cartorário, faria o casamento e a coisa se completaria com comes e bebes. A cerimônia emprestaria certa “oficialidade” à união.
Foi assim. O tal casou-se, mas sem deixar de explicar aos colegas de trabalho que estava ali a cumprir a tabela exigida pela família da noiva. Depois viveram alguns anos juntos, sem filhos, e acabaram se separando. Ele não era mau sujeito, mas prepotente e meio difícil de aturar. Não me consta que a moça com quem ele se casara tenha guardado ressentimentos dele. Mas, duvido que se outra mulher a consultasse sobre o ex-marido ela falasse bem dele. Certamente, daria maior ênfase aos defeitos o ex.
Você acha boas as consultas ao(à) ex?
Gente como a gente
Não dá para entender a fobia contra homossexuais. Talvez porque o homem não goste do que parece a ele estranho. Ou não aceite alguém de seu gênero sexual pedalando em outras trilhas.
Outro dia ouvi numa roda de homens alguém dizer que hoje em dia há mais homossexuais que no passado. Não creio. Hoje pela maior aceitação popular mais pessoas sentem-se à vontade para sair do armário. Décadas atrás não de viam dois homens de mãos dadas, beijando-se em público.
Recriminam-se atos covardes praticados contra homossexuais. A violência nesses casos é injustificável. Preconceito é um mal contra o qual deve-se lutar diuturnamente. Preconceito é o tipo da coisa inaceitável.
Todo mundo topou, ao longo da vida, com alguém considerado diferente. Menino nos anos 50 conheci um rapaz que vivia com outro homem. Tinha namorado. Membro de família conservadora, tribo de machões, vivia ele na capital. Era um sujeito ótimo, educado e culto. O pai aceitava-o na medida do possível. Os irmãos torciam um pouco o nariz. Mais, convivia-se com o “caso”.
Tive um grande amigo, já falecido, que tínhamos como homossexual não assumido. Surpreendeu-nos quando, certo dia, apareceu com uma bela mulher com a qual mais tarde se casaria. Tiveram filhos etc. Era um grande amigo que perdera a mãe ainda muito pequeno e fora criado pela irmã como se fosse uma menina. Homossexual?
Quem estudou em colégios internos de meninos conhece as dificuldades dos menores sempre ameaçados pelos maiores que a todo custo os querem sexualmente. No colégio em que estudei uns raros menores entregavam-se sem resistência. Anos mais tarde encontrei um desses meninos. Tornara-se alto funcionário de empresas multinacionais, homem vistoso que tinha sobre sua mesa fotos da mulher com os filhos. Nada a ver com o menino que deixava-se perder entre os arbustos com colegas mal-intencionados.
Não creio que se chegue a um tempo no qual os humanos se aceitem sem reservas. Talvez esteja no DNA da espécie a tendência à intolerância seja ela racial, religiosa, sexual etc. Intolerância que deve ser sempre combatida.
Encontros com George Shearing
Encontrei-me poucas vezes com George Shearing. Na primeira, creio que em 1985, havia descido de um ônibus na Serra da Mantiqueira e me aventurado nos pouco mais de 4 km, percorridos a pé até Santo Antônio. Noite escura, fria, vento cortante, afora a passagem na estrada diante de um sítio cujo proprietário deixava livre um enorme cachorro que vigiava sua propriedade. Era seguir por ali, silenciosamente, torcendo para que o cão dormisse e não me atacasse.
Pouco antes de chegar a casa descera forte neblina. Acendi as luzes, abri um vinho e liguei o som. Lá fora não se via nada, exceto a nuvem que envolvia tudo, dando-me a sensação de estar fora do mundo, isolado, como se a casa flutuasse acima de tudo. George Shearing tocava “Here, there and eveywhwere” música que ouvi várias vezes. Assim, o som do piano plasmou-se às imagens daquela madrugada inesquecível.
Meu segundo encontro com Shearing aconteceu no Teatro Municipal, São Paulo. Apresentava-se ele com um trio. O pianista cego entrou no palco conduzido por um rapaz que o levou ao piano. Não disse palavra e começou a tocar, enchendo o teatro com encanto invulgar de sua música. Éramos poucos na plateia naquela noite e pudemos fruir da arte de um pianista notável.
Na terceira vez dei com Shearing acomodado numa banqueta no Birdland, em New York. Havia se apresentado naquela noite e aguardava que o levassem até o carro. Sentei-me ao lado dele e, em vão, ensaiei dizer alguma coisa. Venceu-me a timidez. Tinha ao meu lado o grande pianista do be-bop que incendiara casas noturnas dos EUA nas décadas de 40 e 50. Lembrei-me das palavras de Jack Kerouack no livro “On the road”. Dean e Sal, personagens do livro, tinham visto Shearing apresentando-se em New York. Desde então Dean referia-se a Shearing como “Deus”. Assim Sal descreve a entrada de Shearing para tocar em Chicago:
“‘Sal, Deus acaba de chegar - diz Dean. Olhei. E, como sempre, ele estava com a cabeça cega apoiada na mão pálida, ouvidos bem abertos como orelhas de elefante, ouvindo os sons americanos e traduzindo-os para seu uso de uma noite de verão inglesa.”
Meu quarto encontro com George Shearing ocorreu, inesperadamente, nesta manhã quando ouvi, pelo Spotify, o pianista executando “ Here, there and everywhwre”. Há 40 anos eu não ouvia esta gravação que me devolveu àquela noite na qual a casa nas montanhas fora envolvida pela nuvem de neblina. De repente estava eu outra vez naquele lugar, isolado do mundo, tomando um gole de vinho, ouvindo Shearing tocar. Longe do mundo, imerso na noite de neblina. Era eu, quarenta anos mais jovem, saboreando o milagre operado pela arte dos dedos de Shearing sobre o teclado.
Carlos Alberto
Impossível dissociar a imagem do “Capita” do momento em que se celebrizou, beijando e erguendo a Taça Jules Rimet. Eram os dias do governo Médici e viviam-se os temores da repressão. A instabilidade gerada pelas ações de extremistas ganhava corpo com sequestros como o do cônsul japonês só libertado após a soltura de cinco presos políticos. Movimentos como o da Vanguarda Popular Revolucionária agiam, pretendendo a instalação de um governo socialista no Brasil.
A atmosfera do país era de fato pesada. Aí surgiu a seleção. Incialmente sob o comando técnico do conhecido jornalista João Saldanha a seleção não contava com a confiança popular e da imprensa. A desconfiança tinha razão de ser: após vencer as copas de 58 e 62 o Brasil fracassara, melancolicamente, na Copa de 66. Saldanha criou um mote: seus jogadores seriam “11 feras” com as quais iria até o fim, para a vitória ou o buraco. Depois de Saldanha ser substituído por Zagalo formou-se o time que jogaria no México e se tornaria campeão.
Tudo o que está escrito acima é de conhecimento geral. O que se pretende é falar sobre as impressões de quem viveu aquele momento. Num Brasil ainda sobre regime ditatorial a seleção acabou se transformando numa válvula de escape que, naquele momento, resgatou a alegria natural dos brasileiros. De repente fomos envolvidos por uma onda de Brasil, Brasil, Brasil que nos fez lembrar de nossa condição de povo de um país.
Lembro-me bem do primeiro jogo, contra a Tchecoslováquia. Estava em casa de um amigo com os olhos grudados na telinha. De repente 1 X 0 para os tchecos. Desceu sobre nós a imagem de mais uma derrota. Que durou até o empate através do petardo do fabuloso Rivellino. Daí para a frente percebemos a enormidade de craques que tínhamos na seleção. No gol de Rivellino eu e meu amigo saímos à porta da casa: ouvíramos o espocar de alguns foguetes coisa estranha num tempo de silêncios.
A maior seleção nacional que o país já teve contava com craques como Pelé, Gerson, Tostão, Jairzinho, Rivellino, Clodoaldo e Carlos Alberto. Era um time infernal que venceu a Itália no jogo final com o memorável quarto gol de Carlos Alberto. Foi o grande lateral Carlos Alberto quem perdemos ontem, levado pela morte aos 72 anos. Como jogava Carlos Alberto. Que raça. Que amor à camisa. Homem de opinião enfrentou com galhardia disputas dentro e fora do campo. Deixa saudades. Com o desaparecimento de Carlos Alberto abre-se um buraco com a sensação de cada vez maior distanciamento do tempo que se foi, da glória vivida, de um hiato de alegria que nos envolveu num tempo sombrio. Grande vazio nos deixa o passamento do “Capita”.
Da seleção de 70 me recordo do dia do retorno dos craques ao Brasil. A cidade de São Paulo parou para recebê-los. Vinham em veículo aberto pela Av 23 de maio. Eu era um dos milhares de brasileiros agrupados nas encostas da avenida, esperando-os. Então eu os vi, aquela geração gloriosa do nosso futebol. Gritávamos, saudando-os. Ainda me emociono ao me lembrar daquele dia.
Cuidado com as cinzas
Não me lembro, em décadas passadas, de tantas incinerações de cadáveres. O sujeito morria, realizava-se o velório e terra encima dele. “Foi pro caixa-prego” era um modo de dizer que o sujeito estava preso dentro de um caixão e para sempre.
Hoje em dia cremações são muito comuns. Não tenho certeza, mas devem ser menos custosas em dinheiro que os enterros formais. Há cidades em que não se encontram vagas nos cemitérios mais conhecidos. Velórios, túmulos e lóculos em cemitérios verticais são caros. Obviamente, existem opções mais em conta. Nesse caso trata-se de cemitérios mais distantes e de alguma simplicidade.
No passado a Igreja proibia a cremação. Justificava-se a proibição através da ressureição dos corpos prevista pelo credo religioso. A permissão só veio a acontecer em 1963 embora os enterros fossem preconizados como forma de respeito ao corpo.
Hoje em dia a cremação é rotineira. Há quem deixe o desejo expresso de ser cremado. Em muitos casos a cremação é opção da família. Há pouco tempo na morte de pessoa conhecida a família decidiu cremar o corpo. Por conhecer a falecida e seus princípios pareceu-me que fosse ela a decidir teria sido enterrada. Passados uns dias da cremação houve o momento da entrega das cinzas. Levadas para a casa da falecida abriu-se a questão do fim que se daria a elas. Como a falecida gostava muito de propriedade em região marítima decidiu-se espalharam-se as cinzas naquele lugar: parte na casa onde às vezes ficava, parte no mar.
Meu irmão mais velho dizia-me que quando morresse queria suas cinzas espalhadas nos altos da Serra da Mantiqueira. Ele amava a região e desejava passar a eternidade entre os cumes montanhosos. Aconteceu a ele a morte inesperada em lugar onde não se cremavam cadáveres. Acabou sendo enterrado. Hoje seus despojos são identificados pela lápide na qual estão inscritos o nome dele e as datas de nascimento e morte.
Agora a Igreja divulga normas para o destino das cinzas obtidas pelas cremações. Não poderão permanecer nas residências, exceto em situações mais que especiais. Nem deverão ser lançadas na natureza ou divididas entre familiares. Por respeito aos mortos as cinzas serão colocadas em túmulos ou em locais sagrados. Segundo as novas regras do Vaticano um funeral cristão poderá ser negado caso a intenção seja de espalhar as cinzas.
Quando mais jovem gostava de cemitérios. Hoje em dia confesso que me esquivo deles talvez pela possibilidade não tão distante de vir a ocupar um lóculo num deles. A proximidade da morte não passa de uma questão de aritmética simples. Aos 70 não se pode imaginar que se tenham pela frente mais uns trinta.
Compareci a dois funerais nos quais os falecidos seriam cremados. A cerimônia da despedida dos parentes e amigos não deixa de ser algo teatral. O esquife é colocado num palco e os presentes sentam-se na plateia. Músicas suaves ou que eram do gosto do falecido são tocadas. Dependendo do credo alguém inicia uma oração seguida pelos presentes. Depois o caixão começa a ser baixado, lentamente, até que desparece. Então os presentes se levantam, despedem-se e saem. Lá fora a vida os espera. Do morto apenas lembranças cada vez mais esporádicas.
A Guerra Fria
Ouvi de um conhecido que pouco nos importam as eleições presidenciais norte-americanas. Segundo ele ganhe um ou outro vão nos ferrar do mesmo jeito. Americano é incontrolável, tem sede de dinheiro. Americano é um cara que só olha para o próprio umbigo. Os americanos são ricos às custas de explorarem o restante do mundo…
Trata-se do conhecido discurso dos que veem nos EUA o diabo que aferroa os pobres do mundo. Derrubam governos segundo seus interesses, deixam seguir guerras com grande mortandade coisa que um país líder do mundo tem obrigação de intervir. E por aí vai.
Trump dá medo? Diga-se o que se quiser sobre Hilary, mas o melhor é que ela seja eleita. Trump não inspira confiança. O cara não parece mesmo ser do bem. Ele confunde fronteira para impedir a entrada de imigrantes ilegais com o desejo de explulsar outras etnias. Não há meio termo no que diz. Ataca mulheres. Digamos que um presidente assim, caso venha a ser eleito, em nada contribuirá com a América abaixo do Equador.
O pior é que nessa confusão vai-se ressuscitando a Guerra Fria. Putin é um político esperto e sabe usar suas armas. Seu país não tem a força de ontem, mas ele age como se ainda tivesse. Não se sabe como as coisas seguirão depois da eleição norte-americana disputada por dois candidatos que só fazem falar um sobre os podres do outro.
Os mais jovens não viveram no mundo da Guerra Fria. Não conheceram a divisão em dois blocos e suas consequências ideológicas e práticas. Não sabem o que significa a possibilidade real de uma guerra com armas nucleares utilizadas por ambos os lados. A crise dos mísseis, em 1962, foi momento em que a tensão entre os EUA e União Soviética atingiu o máximo grau. Nunca o mundo esteve tão à beira de uma guerra nuclear. Aquele outubro tornou-se um pesadelo para o mundo. Aluno de ginásio na época lembro-me bem do que se dizia. Aproximava-se o fim do mundo e da civilização e nada poderia evitar que isso acontecesse. O sufoco terminou com acordos entre as grandes potências. Os soviéticos retiraram seus mísseis de Cuba e os EUA desmontaram seus mísseis na Turquia. O mundo pode respirar aliviado.
Verdadeira ou não a hipótese de Putin influenciar as próximas eleições nos EUA é um mau sinal. A Guerra Fria está enterrada, não há o menor sentido em ressuscitá-la. Além do que hoje o mundo é outro. As forças que se antagonizam mantêm algum equilíbrio. Entretanto, seria muito bom se EUA e Rússia se entendessem para acabar com as terríveis guerras em curso no Oriente Médio. O mundo precisa de paz. Sempre precisou.
Cara de palhaço
Espalha-se pelo mundo a onda de palhaços assustadores. Trata-se de gente que se veste como palhaços e usa máscaras aterrorizantes. A partir daí os novos palhaços passam a praticar toda sorte de ações. A mais simples delas é a de assustar pessoas com quem se encontram ao acaso. Mas, infelizmente, criminosos aderiram à onda. Daí virem acontecendo crimes praticados pelos fantasiados que, protegidos pelo disfarce, acabam escapando da polícia.
Há dois dias numa pequena cidade do Amazonas dois adolescentes saíram às ruas fantasiados de palhaços e portando machados. Lograram assustar muita gente até serem localizados. Depois declararam que a intenção era apenas de assustar crianças. Em Belo Horizonte têm ocorrido ataques de “palhaços macabros”. O mesmo acontece em várias cidades do país e do mundo.
O surgimento de “palhaços macabros” contribui para embaralhar ainda mais o discernimento entre o bem e o mal. Palhaços sempre foram criaturas do bem. Crianças adoram palhaços que os divertem com suas traquinices. Nos circos os palhaços dão o tom das brincadeiras, arrancando gargalhas do público. Subitamente, os palhaços mudam de status. Agora assustam. Agora cometem crimes. Agora matam.
Seria interessante saber-se como anda hoje em dia o perfil dos palhaços segundo a perspectiva das crianças. Diante do noticiário sobre ações negativas praticadas por palhaços terá mudado a visão do mundo infantil sobre eles?
No imaginário das crianças os palhaços desfrutam de lugar de destaque. São associados à descontração, à alegria de viver. A todo custo é preciso preservar esse modo de ver e entender seres tão cativantes.
A Terra em perigo
O assunto é fascinante daí com frequência tornamos a ele. A questão da existência de vida fora da Terra é instigante, mas por vezes assusta. O fato é que sempre imaginamos os alienígenas – caso existam - como seres amigáveis que - caso apareçam - trarão enormes contribuições aos terráqueos. Partindo do pressuposto de que por terem chegado aqui serão, necessariamente, mais evoluídos, certamente terão muito a nos ensinar. É comum pensarmos nos alienígenas como seres que conquistaram notáveis avanços no campo da tecnologia, a começar pelas estupendas naves com as quais percorreriam longas distâncias para chegar ao nosso planeta.
Enfim, receberíamos de braços abertos esses irmãos distantes que, finalmente, vieram até nós. Verdade que nos filmes nem sempre as coisas se passam sem disputas. Temos visto nas telas alienígenas ferozes cuja única intenção é de dominar, quando não exterminar, a população terrestre. Batalhas sangrentas tem sido travadas entre humanos e alienígenas, sendo que, no fim, o homem acaba vencendo embora as perdas e destruições até de cidades inteiras.
Agora o astrofísico britânico Stephen Hawking, conhecido pelas suas grandes contribuições à ciência, vem a público para nos advertir sobre o perigo de uma invasão alienígena. Empenhado numa vasta pesquisa visando encontrar vida fora da Terra, Hawking tem como certa não só a existência de alienígenas como o fato de que certamente um dia aparecerão por aqui. Mais: teme o astrofísico que na ocasião o encontro não venha ser pacífico. Devido aos notáveis avanços das civilizações alienígenas poderá acontecer algo semelhante ao encontro de Cristóvão Colombo com os índios. É bom lembrar de que a chegada dos europeus à América não foi nada boa para os índios.
Hawking aconselha-nos a não tentar contato imediato com alienígenas ao serem eles descobertos. Em contrapartida fazem-se necessários preparativos para defesa do planeta em caso de chegada de alienígenas. De todo modo, avisa o astrofísico, tudo isso acabará acontecendo algum dia.
A convicção de pessoa notável como Stephen Hawking sobre a existência de vida extraterrestre e os perigos de contato de humanos com civilizações mais avançadas pode parecer exagero à primeira vista, enredo nada mais que ficcional. Entretanto, não se pode descartar a hipótese de que um dia venhamos a receber visitantes vindos do espaço. Se e quando isso acontecerá é assunto para futurólogos. De minha parte prefiro que as coisas continuem como estão com a velha e boa Terra livre de ataques contra os quais talvez não tenhamos meios para nos defender.
Naqueles anos
Naqueles anos Dona Isabel morava sozinha numa casa estreita e meia-parede. Entrando-se pela porta alta de madeira encontrava-se a escadinha que dava para o corredor onde existiam outras duas portas: a do lado esquerdo pela qual se chegava à sala/quarto; e a do fundo que servia de limite para a cozinha. Na sala/quarto Dona Isabel possuía a mesa redonda e, perto da janela que dava par a rua, a cama de solteiro onde ela dormia.
A casa de Dona Isabel fazia parte de um conjunto de edificações antigas numa das quais funcionava a cadeia do lugarejo. Que não se pense em cadeia nos moldes de hoje. Na verdade, tratava-se de um cômodo de paredes de pau-a-pique cuja janela fora obstruída por uma grade de madeira. Sabe-se lá porque a parede e a janela tinham sido pintadas de um vermelho que se desbotara com o tempo.
Também não se imagine que a cadeia servisse à prisão de marginais perigosos, meliantes conhecidos etc. Ali o único soldado responsável pela segurança local trancafiava pessoas embebedadas que, em geral, eram devolvidas à rua logo ao amanhecer. Passado o fogo, recuperada a razão, era hora de tornar aos afazeres do dia. Aliás, bom que se diga, a cadeia não era lá lugar provido de resistência, tanto que certa ocasião um preso desferiu forte golpe com o qual abriu parte da parede e pode dormir em casa.
Dona Isabel era mulher corpulenta e não consta que tenha se casado, daí o viver sozinha. Para se sustentar ajudava na alfabetização de crianças que frequentavam o Grupo Escolar do governo. Mães de alguma posse encaminhavam seus pequenos a Dona Isabel que os punha sentadinhos junto à mesa da sala/quarto e os ensinava as primeiras letras e continhas.
Assim passavam-se os dias de Dona Isabel que, certa manhã, saiu à rua, ainda de camisola, gritando por socorro: uma raposa que subira ao telhado urinara sobre ela que ainda dormia…
Não sei dizer o que terá acontecido a Dona Isabel. Certamente terá falecido em sua casa e conduzida ao cemitério pelos vizinhos. Imagino que o pequeno féretro terá passado pela igreja para as recomendações do padre antes do corpo baixar à cova.
Hoje em dia a casa de Dona Isabel não mais existe. Tempos atrás passei pelo lugar e lembrei-me do tempo em que minha mãe me enviava à professora para que me ensinasse a melhorar meus garranchos. Aliás, além de mim, creio que ninguém mais se lembre da casa e da mulher que nela vivia.