2010 janeiro at Blog Ayrton Marcondes

Arquivo para janeiro, 2010

Mulher é assim

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Dois homens conversavam enquanto estavam na sauna. O mas velho falava pouco, vez por outra balançava a cabeça afirmativamente. O mais novo dizia-se confuso com o modo de ser das mulheres, em particular da mulher dele. No geral, o assunto girava sobre a imprevisibilidade das mulheres. Dizia o mais novo:

- Olhe, não entendo. Sou casado, gosto muito da minha mulher. Pois outro dia estávamos num momento de muito amor, paixão mesmo. Foi aí que liguei a televisão e apareceu um ator de novela fazendo declaração de amor a uma mocinha. Pronto. O nosso momento de paixão terminou ali, naquele instante. A minha mulher enfezou-se, dizendo que eu nunca tinha feito uma declaração daquela para ela. Aconteceu uma enorme briga por nada, acredite. Eu repetia que o que ela vira na televisão era pura fantasia, coisa de novela, nada de amor verdadeiro. Isso só fez piorar as coisas e acabou-se o dia.

O mais velho sorriu e sentenciou:

-Mulher é assim.

Nisso entrou uma mulher, pelo jeito a esposa do homem mais velho. Depois de ouvir mais umas confissões do mais novo, ela disse:

- Mulher é assim. Tem dia que nem eu me aguento.

O mais novo voltou à carga:

- Minha mulher é assim, mas vocês precisam ver ela falando de mim para outras pessoas. Ela me elogia tanto que me pergunto se sou eu o cara sobre quem ela está falando.

Foi a vez do mais velho:

- Mulher é assim.

Houve um momento em que os três olharam para mim, buscando a minha opinião. Achei melhor fechar com o grupo e jurei:

- Mulher é assim.

Ficou por isso.

Escrito por Ayrton Marcondes

2 janeiro, 2010 às 9:28 am

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Primeiro do ano

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O ano novo chegou ao Nordeste com uma hora de atraso devido à inexistência do horário de verão. Em Maceió os fogos espocaram normalmente em Pajussara e na Ponta Verde. O céu se encheu de brilhos fugazes, assim como são as breves alegrias da vida.

Mas, tudo estava no lugar certo. A lua cheia fez o que pode para emprestar gala à noite; as luzes da cidade deitaram-se sobre o mar, itinerantes porque esmaecidas por um ou outro brilho inesperado.

Marte fez o de sempre, brilhou como quem foge,seguindo as ousadas rotas que levaram os poetas a alcunhá-lo de Vésper.

Em terra os homens contaram juntos os últimos dez segundos de 2009, do mais alto ao zero. Então estranhos deram-se as mãos como se fossem velhos conhecidos e abraçaram-se. Foi quando os navios ancorados no porto apitaram longamente, saudando o novo ano que se iniciava.

Por breves instantes a Terra pareceu ter parado e os homens foram felizes. Assim aportamos em 2010.

Escrito por Ayrton Marcondes

1 janeiro, 2010 às 10:19 am

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