2012 março at Blog Ayrton Marcondes

Arquivo para março, 2012

Bebidas nos estádios

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À atual fase de tensão política em que a própria base aliada está rachada e muito parlamentares a ela pertencentes ameaçam o governo acrescenta-se o imbróglio da permissão para vendas de bebidas alcoólicas nos estádios.

A venda é proibida pela legislação brasileira e os que são contra a permissão dispõem de um rosário de razões para posicionar-se contra ela. Do ponto de vista da FIFA existe o fato de que patrocinadores da Copa-14 são empresas produtoras de bebidas. Mais que isso, ao candidatar-se a tornar-se sede da Copa o Brasil aceitou as condições da FIFA entre as quais estava a permissão para venda de bebidas,

Esse assunto tem-se arrastado e, do ponto de vista do governo, a intenção era a de que se permitisse a venda. Entretanto, dada a tensão política existente entre o governo federal e os parlamentares que o apoiam o governo decidiu aceitar o veto à venda de bebidas na Copa-14. No fundo o governo procurou precaver-se da derrota em relação à aprovação da Lei Geral da Copa na Câmara. Cai por terra, portanto, a promessa do governo à FIFA de que não haveriam restrições legais à venda de comida e bebida dos patrocinadores.

Toda a celeuma em relação à realização da Copa-14 no Brasil deixa-nos perplexos. Ao que parece toda aquela comemoração e o momento festivo da indicação do Brasil como sede da próxima Copa não passou de um início de estrangulamento das liberdades do país que agora se recusa a ceder no terreno das concessões. Por outro lado, os críticos da Copa desde logo falaram aos ventos do grande negócio que a FIFA tem em mãos com a realização desses magnos torneios que se realizam a cada quatro anos.

Segue-se que o Brasil, como se sabe, defronta-se com problemas estruturais ainda não resolvidos e que dificilmente estrão a contento até a data de início da Copa-14. São conhecidas as dificuldades com aeroportos, portos e meios de transporte. O próprio ministro dos Esportes lembrava, em entrevista recente, que é sério o problema de telecomunicações a ser vencido para que a Copa possa ser transmitida ao mundo. Segundo o ministro, durante o último carnaval, não se conseguiam fazer ligações no Rio, prova inconteste da necessidade de melhorar todo o sistema.

Há quem veja na proibição das bebidas, exigência da bancada evangélica, um grande exagero. Existem aqueles que dizem que uma vez aberta a porteira a boiada não mais vai parar de passar. Já os favoráveis à permissão garantem que isso em nada vai mudar a vida dos brasileiros: abre-se um hiato para venda durante um evento excepcional e depois volta tudo a ser como dantes no quartel de Abrantes.

E você, o que acha?

Maradona e Pelé

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A velha rivalidade entre brasileiros e argentinos continua em pé. Já somos mais bem encarados quando visitamos a Argentina, fato muito ligado ao real forte e à importância que o Brasil vai assumindo no contexto mundial. No momento a encrenca situa-se no setor de importações com as exigências e restrições do governo argentino à entrada de produtos brasileiros em seu país. No mais, os “hermanos” são boa gente e perderam aquela mania de superioridade que tinham há alguns anos. Verdade que o calote econômico dado pela Argentina e a pobreza que se tornou visível no país mudou o aspecto do povo em geral. Já não se vê nas ruas de Buenos Aires o apuro de costumes e elegância de outros tempos, embora a cidade continue fantástica para quem a visita.

Mas, como em outros tempos, a rivalidade mostra-se mais escancarada no futebol. Verdade que os times brasileiros e argentinos já não são bons como os de antigamente. A razão disso é a conhecida emigração dos melhores jogadores dos dois países para a Europa atraídos que são eles pelos altos salários pagos no velho continente. Talvez por isso um jogo de time brasileiro importante contra o Boca Juniors, por exemplo, não cause mais tanto frisson.

Agora o que não morre, o que não termina, é a rivalidade em torno do fato de quem terá sido o maior craque da história do futebol mundial. Essa rivalidade é o tempo todo alimentada pelas críticas de Maradona a Pelé que, por sua vez, não se faz de rogado. Maradona não suporta a supremacia de opiniões sobre Pelé, tido em todo o mundo como incomparável.  O fato de hoje, envolvendo a disputa entre os dois antigos craques, diz respeito a uma reação de Maradona a uma declaração de Pelé que, evitando comparações com Messi, afirmou ter nascido para jogar futebol, como Beethoven nasceu para escrever música e Michelangelo para pintar. Ao que Maradona, atualmente técnico de um time dos Emirados Árabes, respondeu comparando-se a grandes astros do rock e recomendando a Pelé mudar de médico, pois estaria até tomando seus remédios e horários errados.

A opinião do torcedor? Bem, vi os dois jogarem. Deixando de lado – na medida do possível – o fato de ser brasileiro sou capaz de jurar diante de qualquer tribunal que Pelé foi incomparável. Maradona? Fantástico jogador, maravilhoso com a bola nos pés, grande ídolo do futebol mundial e que seria de fato o primeiro caso Pelé não tivesse existido.

O mundo de Maradona seria perfeito sem a existência anterior de Pelé nos gramados de futebol. Mas, feliz ou infelizmente, a vida é assim, ela parece se divertir ao opor contrários e circunstâncias. Para o par existe o ímpar, para o certo o errado a por aí vai.

Mas, não deixa de ser curiosa essa batalha intestina entre jogadores pela glória de ter sido o maior de todos os tempos.

Cuidado com vampiros

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Confesso que não faz muito tempo que deixei de ter medo de coisas ditas sobrenaturais. Durante muitos e muitos anos, principalmente durante a minha infância, tive medo dos mortos, de que fantasmas aparecessem e coisas ligadas a esse gênero.

Mas, o medo tem duas faces, uma delas a de repulsa e outra a de atração. Quando o assunto é o sobrenatural pode acontecer que aquilo que tememos paradoxalmente nos atraia.  Creio que por isso sempre fui um aficionado das histórias de terror, nisso se incluindo a literatura e os filmes do gênero. Li, quando adolescente, de cabo a rabo os contos de Edgard Allan Poe e vida afora assisti a filmes estrelados por Bela Lugosi, Christopher Lee, Peter Cushing, Vincent Price, Boris Karloff e tantos outros atores. Morria de medo, mas adorava os filmes sobre vampiros. E a coisa não parava aí: num mundo que não tinha as distrações tecnológicas de que dispomos hoje e a televisão estava em formação as reuniões e conversas em família eram rotina, muito frequentes. Pois nessas intermináveis conversas sempre havia alguém para contar um caso estranho, algo sobrenatural que infundia nos presentes, senão medo, pelo menos apreensão.

Bem, de lá pra cá o mundo mudou bastante e imagino como teria sido se às pessoas daquela época alguém falasse sobre internet, TV a cabo e telefones celulares, isso para ficar no mínimo. Certamente elas ririam dessas invencionices, pura ficção científica como hoje nos parece, por exemplo, a possibilidade de viajarmos rapidamente para fora do sistema solar.

Entretanto, se o mundo mudou, a verdade é que as pessoas podem ter-se adaptado aos novos modos de ser, mas, substancialmente, continuam como sempre foram, inquietas, talvez inseguras, gerindo suas vidas dentro do contexto que as cerca. Permanecem, como sempre, as velhas perguntas sobre o destino da humanidade, o sentido da vida e por que não, sobre o que de fato existe após a morte.

É nesse ponto que se apoia a sempre crescente literatura e filmografia sobre o terror. O fato é que os vampiros estão mais vivos do que nunca. Verdade que os vampiros atuais já não estão presos às limitações a eles impostas no passado. Hoje os vampiros podem andar por aí em plena luz do dia e até existem aqueles que se privam do sangue humano. Os vampiros dos livros e filmes como “Crepúsculo” são assim. Trata-se de seres que lutam contra sua sede de sangue humano e se comportam muito bem socialmente, inclusive lutando contra outros vampiros que sugam pessoas.

Enfim, muda o cenário, mas as atrações principais são as mesmas. Vampiros e monstros continuam nas telas dos cinemas e fazem sucesso em públicos de diferentes idades. Livros sobre vampiros e lobisomens apaixonados são vendidos aos milhares em todo o mundo. O que nos leva a constatar que de fato os homens continuam os mesmos embora o mundo em que vivem tão velozmente se transforme.

Quando menino eu lia histórias sobre vampiros e temia muito que viessem, durante a madrugada, para cravar seus caninos em meu pescoço. Por isso, tinha sempre um dente de alho na janela do meu quarto e um crucifixo perto da cama. Os vampiros de então eram afastados pelo alho, não suportavam o contato com a cruz e morriam se expostos à água corrente ou a luz do sol. Os de hoje são diferentes, mas não creio que devam ser desprezados porque, queira-se ou não, em sua gênese os vampiros são sempre seres do mal. Portanto, caro leitor, cuidado com os vampiros.

Mudança na CBF

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Antigamente quem mandava no futebol era a CBD (Confederação Brasileira dos Desportes) que agregava o comando dos esportes olímpicos. Em 1979 a CBD passou a ser CBF (Confederação Brasileira de Futebol) cuja função é organizar os campeonatos nacionais e administrar a seleção brasileira de futebol.

A essa hora está-se comemorando por aí a renúncia do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que ocupava o cargo a 23 anos. Nos últimos tempos Teixeira tornou-se alvo de acusações de corrupção, desmandos e críticas passando-se a exigir a renúncia dele. Teixeira também deixou, além da CBF, o COL (Comitê Organizador local da Copa-2014).

Os assuntos que envolvem a cartolagem do futebol brasileiro são complexos e difíceis de serem realmente esclarecidos.  N a verdade tanto nos clubes como nas federações e confederação vigoram feudos que permanecem nas mãos de pessoas que dominam seus pares e comandam o futebol. Eleições acontecem, mas o poder raramente muda de mãos. No caso de Teixeira nunca é demais lembrar que ele tornou-se o presidente da CBF por influência de seu sogro João Havelange que, além de ter sido presidente da CBD também o foi da FIFA. De sogro para genro, portanto, estabelecendo-se uma quase dinastia à frente do futebol brasileiro durante décadas. Basta lembrar que Havelange foi presidente da CBD entre 1958 e 1975 e Teixeira presidiu a CBF entre 1989 e 2012.

Teixeira renunciou devido ao mau desempenho da seleção brasileira de futebol nas últimas competições de que participou e, principalmente, pelas acusações que se somam contra ele. Uma delas diz respeito ao envolvimento dele num dos maiores escândalos da história da FIFA que está sendo julgado pela Corte Federal da Suíça. Consta que em relação a esse processo existem documentos altamente comprometedores em relação a Ricardo Teixeira.  Entre outras  também consta contra Teixeira acusação de ligação a empresa que superfaturou jogo entre a seleção brasileira e a de Portugal.

No fim das contas pode-se dizer que Ricardo Teixeira conduziu com mão de ferro a CBF durante muito tempo, mas acabou caindo justamente a dois anos do início da Copa do Mundo a ser realizada no Brasil. O que sabemos dele e o regozijo pela renúncia, verificado nas postagens em redes sociais, resultam da desconfiança crescente gerada pelas notícias negativas publicadas a seu respeito na mídia. Mas, que não se esperem grandes modificações no quadro de gerência da CBF: quem está assumindo o cargo é um velho conhecido nosso, político e antigo membro cartolagem sobre quem torcemos para que cumpra a nova tarefa com lealdade e a contento. O futebol brasileiro, mais que nunca, precisa de muito controle e coerência de atitudes nesse momento. Afinal trata-se da maior paixão nacional que agrega milhares e milhares de pessoas, torcedores que são levados à loucura quando das grandes conquistas do futebol brasileiro.

Tensão política

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Falar em tensão política é repetitivo. Políticos vivem atrás de acertos, conchavos, favores, enfim todas as benesses que os cargos que ocupam facultam. Mas, de vez em quando, acontece um descontrole no jogo político e aí os calos começam a incomodar. Nessas ocasiões grupos se alinham em torno de interesses comuns e só bons favorecimentos logram acalmar os ânimos.

Hoje no Brasil existem dois governos, melhor dizendo um governo com duas faces. Há o governo que dá caras de bem sucedido, gerindo a agora sexta economia do mundo. É o governo de um país que se tornou importante lá fora, cuja presidente da República fala grosso com chefes de governos europeus. O grande país vai deixando de ser enorme apenas na extensão territorial para destacar-se pelo progresso, desenvolvimento, riqueza etc. E existe o país nosso velho conhecido rico em contrastes, pleno em violência urbana, corroído até as tripas pela corrupção. É nesse país que o governo federal trava, nesse momento, embate com a classe política que se rebela contra ele. Membros de partidos da base aliada querem mais, não concordam com a hegemonia do PT no poder dado que a esse partido pertence a maior parte dos cargos, daí terem imposto derrota ao governo em votação importante.

Por outro lado os oficias da reserva do exército estão descontes e enviaram documento de protesto à presidente da República no qual criticam o governo e afirmam não reconhecer legitimidade e autoridade na pessoa do atual ministro da Defesa, o civil Celso Amorim. Diante das críticas que recebeu a presidente optou por punir os 100 oficiais da reserva signatários do protesto intitulado “Alerta à Nação”.

Anda, pois, o governo, de braços dados com confusões envolvendo até mesmo os seus aliados. E agora surge a notícia de que o Ministério Público (MP) está empenhado em processar militares por crimes cometidos ao tempo da ditadura. O MP está passando sobre a Lei da Anistia nos casos de “desaparecimento político”.

Então não fica difícil adivinhar a natureza dos assuntos de que se ocupará a mídia na semana que se inicia. Exceto se algum novo e grande acontecimento vier a acontecer o que se verá é o aprofundamento da tensão política, dado que o atual governo parece não dispor da loquacidade necessária para amarrar junto se si as ovelhas revoltosas. Entretanto, nada disso mudará aquilo que diariamente presenciamos em nosso dia-a-dia. Os problemas que enfrentamos como a falta de segurança, a crise na saúde e na educação, tudo isso será, como sempre, citado pelos candidatos já em campanha visando às eleições para as prefeituras que se realizarão dentro de alguns meses.  E no fim, sendo obrigatório o voto no país, compareceremos às urnas para votar nesse ou naquele candidato, ainda que não acreditemos que o escolhido vá de fato fazer o que prometeu quando em campanha.

A traição

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Se existiu um cara que se tornou alvo de atenção - e inquietação - no mudo inteiro, esse tal foi o Osama Bin Laden. O grande chefe terrorista realmente fez história com o ousado ataque às Torres Gêmeas em Nova York. É possível dizer que quem acompanhou, naquele trágico dia 11 de setembro, a tragédia que se abateu sobre a capital financeira do mundo jamais se esquecerá da atmosfera de incredulidade que pairava sobre as cabeças. As imagens impressionantes de dois fantásticos prédios desabando após a colisão de aviões que se chocaram contra eles, as pessoas saltando das janelas, as mortes e as cenas de pânico reveladas em meio a gigantescas nuvens de poeira são inesquecíveis.

Bin Laden ousou atacar o coração da América logrando, para os terroristas, realizar feito memorável que burlou a rede de inteligência norte-americana, superou as defesas da maior potência do mundo e provou que neste mundo tudo é possível. Foram de tal monta os acontecimentos que ainda hoje nos parecem inacreditáveis. Além do que a ação terrorista serviu como ponto de partida para que os EUA, durante o governo de George Bush, intensificassem suas ações, participando de invasões de países que figuravam como redutos de terroristas. O receio infundado de que o Iraque estivesse desenvolvendo armas nucleares resultou numa mal sucedida guerra, sendo inúmeras as perdas de vidas e grande  o prejuízo para o povo iraquiano ainda às voltas com situação não resolvida.

Obviamente, após o ataque às Torres Gêmeas Bin Laden se tornou o inimigo público nº 1 do mundo. Durante anos o serviço de inteligência dos EUA dedicou-se à caça do terrorista que simplesmente parecia ter desaparecido, tanto que havia quem o acreditasse morto. Essa situação durou até o ano passado quando fomos surpreendidos coma notícia de que Bin Laden fora morto por forças especiais do exército norte-americano. O terrorista estava vivendo no Paquistão com familiares. Os soldados norte-americanos invadiram a casa onde Bin Laden se encontrava e o mataram. A morte do terrorista foi muito comemorada nos EUA e rendeu pontos ao presidente Brack Obama cuja popularidade na época estava em baixa.

Desde o momento da morte de Bin Laden tem-se especulado sobre as informações que conduziram a ação dos norte-americanos. Afinal, como o localizaram? O governo do Paquistão sempre negou ter conhecimento da presença de Bin Laden em seu país e o governo dos EUA não revelou como obteve informações sobre a localização do homem mais procurado do mundo.

Agora, um general do Paquistão acaba de revelar que Bin Laden foi traído. Mas, traído por quem? Segundo o paquistanês, por uma das mulheres dele que teria informado aos EUA o paradeiro do terrorista. Mas, é nesse ponto que a história toma um rumo extremamente particular, melhor dizendo familiar. Ainda segundo o paquistanês a razão da traição foi por ciúme. Pois é, o homem mais procurado em todo o mundo, aquele que driblou durante anos os serviços de busca norte-americanos teria sido vítima de um bom e velho ciúme, nada mais, nada menos.

Pelo que se termina dizendo que ninguém, seja quem for e que importância tenha, está isento dos envolventes novelos proporcionados pelas relações amorosas e das suas possíveis consequências.

Resta saber, no caso de Bin Laden, se o que o general paquistanês disse corresponde à verdade.

Chute no traseiro

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O Brasil precisa de um chute no traseiro, entre nós mais conhecido como pé na bunda. Quem disse isso foi Jerome Valcke, secretário geral da FIFA. A reação foi  imediata: o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, pediu à FIFA a substituição de Valcke como negociador e contato da FIFA com o Brasil. Cobranças, desculpas do presidente da FIFA, declarações dizendo que em inglês pé na bunda significa necessidade de apressar-se, as coisas andam mal paradas nessa história de Copa do Mundo a ser realizada no Brasil, em 2014.

Estamos a dois anos do pontapé inicial da Copa. Ontem foi aprovada a Lei Geral da Copa que permite a venda de bebidas alcoólicas nos estádios, garante 50% de descontos aos idosos (EBA!!!)  e coloca 300 mil ingressos a preços com descontos para estudantes  e outros. Agora a Lei deve passar pela Câmara e Senado para a aprovação final.

Mas, afinal e como dizem os Hermanos argentinos: que passa? O ministro Aldo Rebelo afirma que não há atraso nas obras para a Copa. Naturalmente refere-se ele a obras de estádios onde serão realizados os jogos. O problema maior, entretanto, diz respeito a meios de transporte, estacionamentos, aeroportos, enfim toda ai infraestrutura necessária para a realização do grande evento. Em relação a isso as coisas de fato estão em compasso que não nos permite prever solução rápida, em curto prazo. Vejam-se os problemas com aeroportos cuja expansão só agora o governo resolveu dividir com a iniciativa privada. Aliás, assunto que vem dando discussão absurda dado que políticos ligados ao governo não admitem tratar-se de privatização. A encrenca de palavras e acusações é séria porque uma das mais contundentes acusações ao PSDB, quando no governo, justamente era a entreguismo através de privatizações. Mas aí entramos no terreno da tão citada “herança maldita” que na verdade nunca existiu.

Do que estamos cheios até a tampa é dessa conversa toda. No final das contas os brasileiros sofrem no trânsito todo dia, os portos e aeroportos deixam demais a desejar e só faltava vir esse tal de Valcker avisar-nos de que o país precisa de um pé na bunda. Justamente ele, o Valcker, alto prócer de uma das organizações mais bem sucedidas do mundo, que tem mais países associados que a ONU e que se locupleta com lucros fantásticos pela prática do futebol em todo o mundo. Reagiu bem o governo contra esse cidadão que entra pela nossa porta de dedo em riste, porque na cabeça da turma de fora ainda somos o velho Brasil onde se manda e exige.

Mas, FIFA de parte, a nossa realidade é mesmo preocupante. No governo anterior o presidente Lula vibrou muito com a escolha do país para a realização da Copa e prometeu que iríamos nos arranjar a contento. Será? Tem até gente por aí lembrando-nos de que até o próximo mês de julho a FIFA pode cancelar o contrato de realização da Copa no Brasil. A ideia seria transferir a competição para a Inglaterra. Isso parece absurdo e na verdade deve mesmo ser.

Nessa história toda envolvendo políticos e cartolagem do que menos se fala é do futebol. A grande tristeza, a maior delas, é que no Brasil está-se praticando um futebol que está bem distante de nossa gloriosa tradição futebolística. Até agora o Brasil nem mesmo tem um time formado e os jogos que a seleção realiza são de qualidade lastimável. Não há como negar que por safra de jogadores, desorganização, técnico inadequado ou o que quer que seja o futebol brasileiro está em baixa quando comparado ao praticado em outros países. E só falta perdermos a Copa aqui dentro de casa, nos nossos gramados, diante da entusiástica torcida brasileira que, afinal, está bem precisando dessa grande alegria para deixar de lado o sufoco do dia-a-dia.

Ô Geraldo…

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Porque amanhã é o Dia da Mulher eu me lembrei do Geraldo, melhor dizendo da mulher do Geraldo. Nem é preciso perguntar qual Geraldo porque o Geraldo a que me refiro foi homem como tantos outros, talvez seja mais adequado afirmar que neste Geraldo em particular existem pedaços de todos nós, os homens, com suas idiossincrasias, seus diferentes, mas tão próximos modo de ser.

Conheci a mulher do Geraldo ainda mocinha, bonitinha que nem ela só. Atraía o olhar dos rapazes, na verdade mais que o olhar, se bem me explico. Era desses protótipos em transformação para algo completo, a forma quiçá perfeita da mulher madura que a todos encanta e apaixona.

Mas, a mulher do Geraldo tinha nascido para ser a mulher dele que era um sujeito alto e forte, bonitão, cabelos castanhos avizinhando o aloirado, olhos espertos e um rosto bonito no qual não faltavam sinais de muita bonomia.

Foi assim: um dia os olhos dos dois se encontraram e nasceu entre eles algo ainda maior que a simples atração, isso que se chama amor. Namoraram, ficaram noivos e se casaram. Naturalmente os machos de plantão invejaram a boa sorte do Geraldo que se aninhara com um mulherão daqueles, mas no fundo a coisa foi bem aceita porque o Geraldo era sangue bom, amigo dos amigos, tipo solidário desses que merecem a sorte que têm.

E ai tudo estaria muito bem e ordenado não fosse a maldade que mora nas coisas benfeitas, essa maldade que parece ter prazer em desenfeitar as coisas boas e belas. Ocorreu, então, que o Geraldo seguiu com a mulher dele para a viagem de lua de mel. Entretanto, passados apenas dois dias, eis que voltou ele, sem a mulher, sozinho.

Ninguém teve coragem de perguntar ao Geraldo sobre o que teria acontecido. Ele deixou de ser o rapaz bem afeiçoado e há quem garanta que nunca mais sorriu na vida. Tempos depois se soube que a mulher do Geraldo vivia em outra cidade em casa de parentes e, depois disso, nunca mais se ouviu falar dela.

É nesse ponto que eu entro na história. Na época do casamento do Geraldo eu não passava de um rapazote e, naturalmente, minha curiosidade foi aguçada pelo episódio. Depois me esqueci do fato como de resto esqueceram-se os demais. Até que em certa ocasião, acho que quase vinte anos depois, parei num restaurante localizado na Via Dutra e eis que lá encontrei justamente o Geraldo. Fiquei alegre ao vê-lo e logo nos sentamos para um longo papão. Pois foi no meio da conversa que sucumbi à antiga curiosidade e perguntei ao Geraldo sobre o que tinha acontecido durante a lua de mel dele.

Obviamente o Geraldo negou-se, a princípio, a responder, mas no fim acabou me confessando que, na primeira noite de casado havia constatado que a mulher dele não era virgem. Esse fato o magoara muito e para ele era inadmissível casar-se com mulher desonrada por outro homem. A tragédia o afetara tanto que não só abandonara a mulher como nunca mais se casara.

Eram outros tempos, não? Outros valores e modos diferentes de encarar a vida. Despedi-me do Geraldo a quem nunca mais vi e cuja morte aconteceu anos atrás. Mas, confesso que tive a impressão de que ele jamais deixou de amar aquela moça bonita com que se casara, mas de quem se afastara por ela não ser virgem.

Era uma boa moça, muito bonita, só não era virgem. Ô Geraldo …

Escrito por Ayrton Marcondes

7 março, 2012 às 9:08 am

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Superterça

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Hoje é a chamada Superterça nos EUA. Eleitores republicanos vão às urnas para votar nas prévias que indicarão o candidato do partido à presidência do país. Do lado democrata as coisas já estão definidas: o atual presidente, Barack Obama, é o candidato à reeleição.

Do lado republicando o candidato mais destacado é Mitt Romney que tem contra si a desconfiança dos eleitores por ser mórmon. Ele é favorito em dois dos cinco Estados com maior peso entre os dez em que haverá a votação de hoje.

Os mórmons são adeptos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias que, além de no passado abrigar casos de casamentos múltiplos, defende a família e opõe-se ao aborto, à eutanásia e ao casamento homossexual.  Mas, como o fato de ser mórmon afeta a possibilidade de Romney vir a ser presidente? Acontece que o povo norte-americano parece ter se cansado da união entre o Estado e a Igreja, qualquer que seja a natureza dela. Devido a isso Romney tem sido frequentemente questionado sobre a influência da religião sobre o poder, em especial em relação a aspectos controversos, como o da utilização de células tronco, o aborto etc.

O mormonismo é a religião que mais cresce no mundo. No Brasil existem igrejas mórmons e o número de pessoas que professam a religião aproxima-se de 1 milhão. O segredo para o crescimento é espalhar missionários cuja função é divulgar a religião. Os jovens vestidos com camisas brancas bem passadas saem às ruas e visitam casas  para divulgar aquela que acreditam ser a verdadeira religião. Eles propagam a salvação através do batismo e o fato de que cada um pode ser Deus, dado que Deus foi antes o que somos agora. O batismo é fundamental porque quando Jesus Cristo vier para o julgamento final Ele reconhecerá apenas aqueles que professaram a verdadeira religião. Por isso é possível batizar até quem já morreu. Para os mórmons a família é fundamental, estimulando-se os casais terem vários filhos. Por outro lado, mórmons devem abster-se do uso de álcool, drogas e qualquer produto que contenha cafeína.

O fato é que o mormonismo tem sido uma pedra no sapato de Mitt Romney. É sempre bom lembrar que o presidente dos EUA é considerado, não sem razão, o homem mais poderoso do mundo. Entre outras prerrogativas o presidente detém nas mãos a grande riqueza do país e a excepcional condição bélica que garante a intervenção em conflitos externos em nome dos interesses maiores do povo norte-americano.

Pode até ser que um dia os EUA percam sua ainda incontestável liderança no mundo. Mas, dada a importância do país, o resultado de eleições para presidentes norte-americanos interessam a toda a humanidade. É em relação a esse fato que acompanhamos, com apreensão, às nuances da campanha presidencial do grande país do norte cujas últimas ações guerreiras externas têm sido condenáveis, veja-se a atual situação do Iraque.

Segunda-feira

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Acho que o que já foi escrito sobre segundas-feiras mais que suficiente. Entretanto, que fazer se depois da calmaria de domingo seguem-se justamente elas, e com elas o retorno ao mundo dos problemas, das coisas pendentes, dessa irônica necessidade de suplantar tudo e respirar fundo para dizer “tudo bem”?

Mas, afinal, “tudo bem”?  Na verdade a resposta depende da intensidade do que se tem pela frente e, vá lá, do ponto de vista de cada um.  É nesse ponto que falam alto as características pessoais, o modo como cada um encara a vida e as perspectivas à sua disposição.  A fauna humana é vária daí a monumental diversidade de reações possíveis a toda sorte de situações do dia-a-dia.  Entretanto, existem situações nas quais se se estabelece acordo tácito entre as pessoas que passam a comungar da mesma opinião.

Veja-se, por exemplo, a reação pública à tragédia ocorrida no parque Hopi Hari. Uma menina se solta de uma cadeira do brinquedo Torre Eiffel e cai de uma altura de 20 metros. Ela estava sentada ao lado dos pais e de uma irmã e morre devido à queda. Uma perícia errada é feita inicialmente e no fim das contas informa-se que a cadeira estava inativada há dez anos. Fala-se em falha humana, mas a responsabilidade pelo acidente vem sendo atribuída ao parque. Começa uma espécie de jogo no qual cada parte procura isentar-se de responsabilidade sobre o triste acontecimento. Do outro lado, o sofrimento da família da menina morta cujos pais exigem a apuração do fato e a punição dos responsáveis.

Mas, como os cidadãos veem tudo isso? A questão é que ocorrido o acidente a mídia tomou-o para si, dando ao Hopi Hari destaque incomum. Jornais, revistas, portais da internet, programas de televisão - particularmente os policiais – detalham continuamente as circunstâncias do acidente e cada passo da investigação. O Hopi Hari recebe destaque nacional e sobre ele e seus proprietários passa a existir uma grande dúvida sobre os seus propósitos e cuidados com os usuários de seus brinquedos. Dentro desse contexto a opinião pública volta-se contra o parque, raramente encontrando-se alguma voz que pondere sobre o fato de que, afinal, num brinquedo como a Torre Eiffel, talvez um acidente acabasse sendo possível, embora injustificável.

Eis aí um ponto no qual as opiniões convergem, embora dirigidas por um movimento extraordinário de notícias que nos fazem pensar o tempo todo na pergunta: e se fosse o meu filho?

O parque Hopi Hari está fechado por dez dias e todos os brinquedos passarão por cuidadosa vistoria na qual serão verificadas as condições de segurança de cada um. Impossível saber como se comportarão os usuários do parque quando ele for reaberto. É possível prever que dentro de alguns dias o turbilhão ceda lugar ao esquecimento e a mídia passe a se ocupar de outro assunto. O que não pode acontecer é a não apuração de responsabilidades. Uma menina de 14 anos de idade morreu em circunstâncias trágicas e os verdadeiros responsáveis devem ser identificados e punidos.