Arquivo para novembro, 2013
As três mulheres de Antibes
William Somerset Maugham (1874-1965) foi um escritor inglês de grande sucesso. De sua obra fazem parte romances e contos, alguns deles utizados como enredo em produções cinematográficas. Maugham foi,também,dramaturgo sendo várias de suas peças encenadas com grande êxito. Entre os romances que escreveu destacam- se “O fio da navalha” e Servidão humana”. Ao tempo em que viveu a obra do escritor foi traduzida para várias línguas, inclusive o português, daí ser comum o contato dos leitores brasileiros com seus livros. Maugham também notabilizou-se como “escritor de viagens” dado que percorreu várias áreas do Império Britânico nas quais teve contato com usos e costumes. Dizía-se um contador de histórias o que de fato foi, embora não contasse com a aprovação dos críticos. O fato é que a obra de Maugham floresceu numa época em que se agigantavam os modernistas experimentais como James Joyce, Virgínia Woolf e William Faulkner.
Em meados da década de 70 do século passado ouvi de um colega de trabalho comentário sobre a obra de Maugham. Dizia ele que o escritor que se tornara popular em todo o mundo já não era mais lido passados poucos anos de sua morte. Com o que concordaram os presentes, todos eles antigos leitores de Maugham. Também eu li vários livros do escritor inglês. Curiosamente lembrei-me nesta semana de um livro dele intitulado “As três mulheres de Antibes”. Nessa história Maugham usa o seu habitual sarcasmo para relatar o acordo entre três amigas obesas para realizarem ao mesmo tempo um regime de emagrecimento. Cada uma delas vigiaria as outras e seria considerada traição às amigas romper unilateralmente com o regime.
Maugham descreve as dificuldades de cada uma para seguir em frente com a proposta realizada, inclusive as tentações provocadas por alimentos de que gostam. A história termina quando uma das mulheres surpreende outra comendo escondido. Após repreendê-la não consegue resistir: junta-se à amiga e passa a se deliciar com os quitutes. O mesmo acontece com a terceira. No final as três obesas comem muito e descreve- se que estavam muito felizes.
Está na ordem do dia o culto à forma do corpo e a febre de regimes de emagrecimento. Revistas semanais e mensais trazem informações sobre alimentos, sugerem regimes e realçam a importância de manter a forma. De fato a manutenção da saúde é muito importante, para ela concorrendo cuidados com os alimentos que ingerimos. A obesidade é condição que preocupa em termos de saúde geral da população. Entretanto, não deixa de ser importante lembrar que em casos de obesidade faz-se necessário acompanhamento profissional para que os que fazem regimes não se deixem levar pelas tentações provocadas por alimentos proibidos.
O caso das três mulheres de Antibes ilustra bem como as coisas se passam com pessoas obesas que carecem de estímulo e orientação para perderem peso.
Protestos e manifestos
No livro “Tempos Fraturados” Eric Hobsbawm fala sobre manifestos. Parte de manifestos importantes como o Manifesto Comunista escrito por Marx e o Manifesto Futurista do italiano Fellipo Marinetti. Ao desenvolver o seu tema Hobsbawm se pergunta sobre o futuro dos manifestos no século 21. Constata que de há muito não se vêem manifestos publicados por grupos, além do que escrever manifestos tornou-se atividade de uma só pessoa que, em geral, pede mudanças para um futuro que desconhece. O historiador britânico chama a atenção nesse texto de 2008 para o fato de que a internet abriga um número incontável de manifestos.
No meio deste ano de 2013 o Brasil conviveu com inesperada onda de protestos os quais, embora com menor intensidade, ainda continuam a acontecer. A partir desses novos acontecimentos verificou-se o esforço de especialistas de várias áreas da cultura em explicar a natureza do fenômeno. De antemão sabía-se da insatisfação popular em relação ao modo como as coisas são direcionadas no país. Um grito profundo, tantas vezes violento, ecoou nas ruas sem que, entretanto, se conseguisse adivinhar os rumos que tomaria a onda de protestos. E até o momento não existe explicação definitiva para os acontecimentos embora circulem várias teorias tentando elucidá-los. Fica a pergunta simples: o que acontecerá a partir de agora?
O povo saiu às ruas no país, mas pouco revelou-se sobre suas aspirações. Cartazes genéricos exigindo igualdade social, melhora nos serviços de saúde e educação, afora movimentos de categorias profissionais em busca de melhores salários deram o tom aos protestos. O estopim - revolta anunciada - foi a elevação das tarifas de transporte urbano, ato por si só insuficiente para gerar tantos protestos. E como sempre acontece, críticas aos políticos do país e à já insuportável roubalheira da corrupção.
Seria o caso de dizer que faltou às massas humanas que protestaram e ainda protestam um manifesto geral do qual constassem as diretrizes do movimento? Talvez. Entretanto o que se viu foi um conjunto de ações que pareciam não ter outro significado senão tornar pública a insatisfação. Chamados a opinar os líderes que desencadearam os primeiros protestos em São Paulo pouco tiveram a dizer.
Se o assunto é a relação entre protesto e manifesto veja-se o caso do artista russo cuja foto hoje aparece nos meios de comunicação. Completamente nu ele está na praça defronte o Kremlin e tem os testículos pregados aos paralelepípedos. Isso mesmo: pregados; com pregos aravés da pele. E não é essa a primeira vez. Na anterior o artista costurou os lábios e desfilou assim para protestar. Contra o que o russo protesta? Contra o governo, naturalmente.
Enterro prematuro
Não sei dizer se os jovens de hoje lêem a obra de Edgard Alan Poe. Temo que prefiram os filmes de terror os quais não têm o menor escrúpulo em utilizar clichês. Há sempre uma moça bonita sozinha dentro de uma casa mal assombrada, circulando no escuro, abrindo portas atrás das quais pode encontrar um bem preparado susto. Isso quando a trama não descamba para a violência gratuita coordenada por personagens malignos e dotados de grande poder.
Existem por aí textos de Poe adaptados, resumos que servem para ser utilizados em escolas. A fórmula tem dado certo, os livrinhos vendem e deixam no ar a promessa de que um dia, mais tarde, o estudantes se interessem em ler os textos completos.
É bom que se diga, Poe deve ser lido no original. Existe toda uma magia no modo de escrever desse grande mestre da literatura. Aliás, Poe não é grande por acaso. Não há nesse mundo nenhum autor de histórias de terror que não tenha passado pela obra de Poe. Ele é bem o caso de um escritor que tornou-se referência natural e obrigatória para todos aqueles que se aventuram na arte de contar histórias.
De modo que para falar objetivamente, a obra de Edgar Allan Poe é uma delícia a cuja leitura ninguém deve se furtar.
Um dos grandes contos de Poe é Enterro Prematuro no qual o escritor descreve minuciosamente a terrível sensação experimentada por um homem que foi enterrado vivo. Trata-se de um conto portentoso no qual Poe aborda casos de catalepsia estado no qual uma pessoa permanece aparentemente morta daí vir a ser enterrada ainda viva. Segundo Poe são muitos os casos de esquifes que abertos tempos depois da morte mostram esqueletos em posição diferente daquela em que foram levados ao túmulo.
Lembrei-me do conto de Poe ao ler hoje pela manhã sobre um homem que foi enterrado vivo num cemitério do interior. Estava ele coberto apenas com terra e lutava para sair da cova quando foi descoberto por pessoas que visitavam o cemitério. Ajudado a sair da cova o quase-morto está agora hospitalizado. Suspeita-se que ele tenha se envolvido numa briga, ferindo- se e sendo enterrado pelos seus adversários.
Eis aí um caso real de enterro prematuro no qual a vítima logrou escapar da morte. Seria interessante ouvir esse homem e saber sobre a situação de terror experimentada por ele.
Enquanto não se têm novas notícias sobre o episódio resta-nos reler o conto de Poe para mais uma vez sermos envolvidos pela atmosfera terrível que ele era capaz de gerar nos momentos em que fazia uso da sua pena.
Albert Camus
Lembro-me de uma das edições da revista francesa Paris Match de 1960. Trazia a foto de um acidente automobilístico com dizeres sobre a morte do filósofo argelino Albert Camus. Encerrava-se, assim, a trajetória de uma mente brilhante que desaparecia aos 46 anos de idade.
Ainda estudante do curso ginasial eu não sabia quem era Albert Camus, mas acompanhei de perto as manifestações provocadas pela morte dele. Intelectuais lamentaram a perda do filósofo publicando artigos nos jornais da época. Camus havia visitado o Brasil onde fora até Iguape, acompanhado pelo escritor Oswald de Andrade. Sobre sua passagem pelo país Camus publicou um Diário d Viagem no qual reclama do calor que o fazia sofrer estando muito gripado. Gostou do povo, achou São Paulo uma cidade estranha e o Rio espetacular demais para o gosto dele. Dedicou algumas páginas a um jantar ao qual compareceu o poeta Augusto Frederico Schmidt que, segundo Camus, não se portou de modo conveniente à mesa. Entre o filósofo e o poeta estabeleceu-se tal antipatia que Schmidt descreveria o encontro como situação penosa na qual a cada palavra os dois se afastavam ainda mais.
Quando veio ao Brasil, em 1949, Camus já tinha publicado “A Peste”, “O Estrangeiro” e “O mito de Sísifo”. Tinha ele então 35 anos e permaneceu no país durante 26 dias. O Prêmio Nobel de Literatura seria conferido a ele em 1957 “por iluminar a consciência” em relação a temas da humanidade.
“O Estrangeiro” foi publicado em 1942 e narra a trajetória de Meursault, homem que assassina um árabe e é julgado por isso. A trama se passa na Argélia e durante o julgamento fala-se sobre o fato de Meursault não ter demonstrado qualquer emoção durante o enterro da própria mãe. Ele também se mostra incapaz de sentir remorso em relação ao assassinato que cometeu. No final Meursault irrita-se com o capelão que quer fazê-lo voltar-se em direção a Deus. Era um homem indiferente ao mundo, um estrangeiro que apenas esperava o momento de vir a ser executado.
Nascido em 1913 comemora-se o centenário de Albert Camus, ocasião propícia para os que não conhecem a obra do filósofo travarem contato com seus livros que podem ser encontrados nas livrarias.
Atravessando fronteiras
Houve tempo em que o único jeito de se obter alguns tipos de
mercadorias importadas era trazendo-as do exterior, atravessando fronteiras. A
reserva de informática que vigorou no país fazia-nos sonhar com máquinas mais
potentes e velozes as quais, quando encontradas no mercado nacional, custavam
os olhos da cara. Então, o jeito era dar uma voltinha em Ciudad del Este,
Paraguai, porta de entrada de tudo o que não existia por aqui. Ainda hoje
sacoleiros atravessam, diariamente, a Ponte da Amizade que liga a brasileira
Foz de Iguaçu à cidade paraguaia. Vez ou outra se noticiam ações da Polícia
Federal interceptando ônibus de sacoleiros e apreendendo mercadorias que entram
ilegalmente no país.
Entretanto, no passado existia interesse não só em trazer
mercadorias como a curiosidade em conhecer a variedade de produtos importados a
começar pelos carros que circulavam nas ruas da cidade paraguaia. Aqui poucas
marcas de veículos eram comercializadas e nem de longe a frota nacional poderia
se comparar à variedade de veículos que circulavam em outros países. Coisa meio
inacreditável hoje em dia, não?
Leio sobre as mulheres-mula que todo dia transportam nas
costas cargas pesadas entre a Espanha e o Marrocos. Valem-se elas do fato de
produtos carregados por uma única pessoa serem classificados como bagagens
pessoais e, portanto, isentas. Desse modo atravessam a fronteira inúmeros
produtos vindos da Espanha e destinados ao Marrocos onde são comercializados.
Chama a atenção o aspecto sofrido dessas pobres mulheres que se dedicam a tão
duro ofício. Curvadas e com fardos volumosos ás costas elas recebem o
equivalente a R$ 9,00 para fazer a travessia.
A vasta extensão territorial do Brasil e a enormidade das
áreas fronteiriças são um problema a ser resolvido em relação ao volume de produtos
contrabandeados. Segundo a Receita Federal o contrabando é responsável por
prejuízo de 100 bilhões de reais a cada ano. Só em 2012 o Posto de Fronteira
localizado em Foz do Iguaçu realizou apreensões que totalizaram R$ 210 milhões.
Problema sério para a economia do país.
Stand up
Certa vez assisti a um filme de Wood Allen no qual ele participa de uma competição de stand up. Na cena a personagem de Allen prepara-se para entrar no palco, justamente depois de um sujeito que arranca muitos risos da plateia. Chega a vez de Allen. Ele entra no palco, homem pequeno e desconfortável, confuso, por isso mesmo engraçado. Depois, já com o microfone, faz uma piada sobre o presidente dos EUA, dizendo que se ele fizer na Casa Branca o que faz com a mulher as coisas serão terríveis. A plateia ri, aplaude e Allen sai do palco, tão indeciso como quando entrou.
Assisti outro dia uma entrevista de Chico Anísio no You Tube. O ano era o de 1993 e Chico falava a entrevistadores do programa Roda Viva. A certa altura ele disse que o nordeste é a região de onde saem ótimos comediantes, particularmente o Ceará é berço de notáveis praticantes do gênero. O próprio Chico era cearense. De fato, quem vai a Fortaleza fatalmente será convidado a participar e algum show de humor. Pela orla da praia circulam veículos com alto-falantes fazendo propaganda de shows que acontecem toda noite. Isso sem falar nos comediantes que se apresentam na rua, perto da famosa feirinha. Começam a falar, em torno deles se forma um círculo de pessoas e aí tudo pode acontecer para a diversão dos presentes.
Hoje em dia os stand-ups estão na moda. Têm surgido bons comediantes que atraem o público para suas apresentações. Danilo Gentile mantém um programa de TV no qual a regra é o escracho ou coisas próximas. Convidados são entrevistados, tendo que enfrentar perguntas que podem vexá-los. A regra é a de tiração de sarro, havendo dupla via, ou seja, quase sempre o entrevistador se vê em situações delicadas. O programa é interessante e quase sempre muito divertido.
Quando José de Vasconcelos morreu escreveu-se que ele foi o introdutor do stand up no Brasil. Durante muitos anos Vasconcelos foi o grande cômico do Brasil. Seus shows foram gravados em discos e as piadas reproduzidas em toda parte. Assisti a um stand-up de Vasconcelos quando ele já não atraia multidões em suas apresentações. Durante o show tive que me segurar na cadeira para não morrer der rir. O Zé era demais. Nunca me esquecerei do momento em que o show terminou. O público aplaudiu e já estávamos em pé quando o Zé saiu detrás das cortinas e perguntou se alguém avisara que o show terminara. Seguiram-se mais 30 minutos de uma saraivada de piadas desconcertantes. Zé Vasconcelos falava o que lhe vinha à cabeça, ligando uma piada à outra, não nos dando tempo para respirar. Noite memorável de um grande comediante.
Rir faz bem. A vida atual é séria demais e não se vê pessoas rindo por aí. O mundo seria melhor se não o levássemos tão a sério e nos permitíssemos observar o lado jocoso da vida que tantas vezes está ao alcance de nossos olhos, embora o ignoremos.
50 mil mortes
Entre 19912 e 1995 líamos diariamente nos jornais notícias sobre a Guerra da Bósnia. A guerra foi decorrente da desintegração da antiga Iugoslávia. A independência da Croácia e da Eslovênia levou líderes bósnios sérvios e sérvios empenharam-se para que todos os sérvios que viviam na Iugoslávia passassem a viver num mesmo país. A partir daí blocos étnicos se dividiram e iniciou-se guerra na qual, entre outros graves acontecimentos, verificaram-se crimes de guerra como a limpeza étnica. Os sérvios passaram a expulsar da área ocupada os não-sérvios com recursos que incluíram até esmo o uso de campos de concentração. Tornou-se conhecido o massacre de Srebrenica cometido pelas forças sérvias e que ficou caracterizado como genocídio. Nos três anos de guerra entre 20 e 40 mil mulheres foram violentadas e ocorreram cerca de 200 mil mortes de civis e militares.
E os 50 mil? Pois 50 mil é o número de mortes decorrentes de assassinatos cometidos no Brasil durante o ano de 2012. São dados da criminalidade enviados pelas Secretarias de Segurança das unidades da federação para o Anuário Estatístico do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. As taxas de criminalidade nas unidades brasileiras, quando somadas, não nos permitem invejar números de mortes em guerras fratricidas como a da Bósnia. Trava-se nos centros urbanos brasileiros uma guerra sem nome, porém declarada e a céu aberto que reflete a pujança do submundo do crime no país.
Recentemente, divulgaram-se dados sobre a organização o PCC (Primeiro Comando da Capital). A organização conta com cerca de 6 mil membros, boa parte deles presos, mas comandando a criminalidade.
Informações publicadas pelo jornal “O Estado de São Paulo” relatam que o Brasil ocupa o 7º lugar no mundo entre os países mais violentos. Além disso, as 50 mil mortes por homicídios representam o dobro da média de baixas em um ano de guerra entre Rússia e Chechênia.
Estamos em guerra, portanto.
Realismo mágico na América
Pois até depois de morto Hugo Cháves vela pelo povo venezuelano. Ontem o presidente Nicolás Maduro apresentou a foto do “rosto de Cháves” que, segundo dizem, apareceu no túnel do metrô de Caracas durante obras. Mas, esta não foi a primeira aparição de Cháves que morreu em março: ele já tinha aparecido num sonho de Maduro sob a forma de um passarinho.
Maduro mostrou a foto ao país pela televisão e disse que Cháves está em todos os lugares. Acrescentou: Cháves somos todos.
Não é a toa que a América é pátria de grandes escritores de literatura fantástica. E a coisa se estende até a América do Norte, no México, onde Juan Rulfo escreveu e publicou o grande livro que é “Pedro Páramo” no qual o leitor corre o risco de se perder ao identificar se quem fala está vivo ou está morto. Hugo Cháves se parece com personagens de Rulfo que continuam a falar e agir como se a morte fosse apenas um detalhe de menor importãncia.
Maduro é um presidente sobre quem se torna difícil dizer alguma coisa. Apresenta-se, sempre, com seu uniforme amarelo, azul e vermelho, réplica da bandeira de seu país. Ao vir a público para apresentar o “rosto de Cháves” sugere que, de fato, acredita nas aparições do ex-presidente. Ou será apenas uma manobra para acalmar os ânimos de um povo que, ao que publica, vive num país onde há falta desde energia elétrica até papel higiênico?
O que dirão no futuro os historiadores sobre Nicolás Maduro? Sobre Hugo Cháves já se tem uma opinião corrente que dificilmente mudará com o tempo.
Não deixa de ser interessante certa inclinação de povos americanos - do México para baixo - em aceitar com naturalidade a intromissão do realismo mágico em suas vidas.