Arquivo para setembro, 2015
Água em Marte
Há alguns minutos a Nasa divulgou a confirmação da existência de água em Marte. Evidenciaram-se sinais concretos de água corrente no planeta vermelho. A sonda MRO registrou imagens de marcas escuras e estreitas, de cerca de 100 m de comprimento por 5 m largura, levando os cientistas da Nasa a acreditar que os leitos provam que existe água líquida e corrente no planeta.
Dias atrás o cientista Stephen Hawking afirmou que, no futuro, o homem terá que buscar sua sobrevivência fora da Terra. Aliás, Hawking começa a se dedicar à busca de sinais de vida no espaço.
Li que encontrar vida inteligente e avançada não seria bom negócio para os terráqueos. Se existir no cosmos alguma civilização que consiga chegar aqui será ela tão avançada tecnologicamente que talvez nada mais tenham a fazer que nos dominar ou destruir. Isso se assemelha ao enredo de vários filmes nos quais a Terra é ameaçada por seres vindos do espaço dos quais nos livramos após muita destruição e quase sempre por pura sorte. Marcianos em busca de alimentos e povos guerreiros ampliando sua esfera de conquistas fazem parte do imaginário ligado ao espaço que nos cerca.
O fato é que somos pequenos demais e expostos a fenômenos sobre os quais não temos o menor controle. Movimentos de placas tectônicas resultam em terremotos de grande amplitude na escala Richter, em geral acompanhados da ameaça de tsunamis que roubam milhares de vidas, além de grande destruição. Então, que dizer da hipótese de, mais dia, menos dia, sermos sitiados por um exército de naves vindas de não se sabe onde, contra as quais nossas armas se mostrariam, talvez, ineficazes?
Imagino numa bela manhã abrir a janela do meu quarto e ver naves alienígenas sobrevoando a cidade em que vivo. De repente a fantasia terá se tornado realidade e daí, que fazer?
Talvez por isso as notícias sobre descobertas de possibilidade de vida em outros corpos celestes não me pareçam tão animadoras. Não deixam de ser interessantes, aplacam nossa curiosidade, mas…
A primavera
Cá entre nós este não é um ano para se ter primavera. Primavera: flores, luz, alegria. Estação que mata o inverno a golpes, soterra a tristeza dos dias nublados, irradia corações, dispara a máquina da esperança. A primavera marca a redenção do homem com o meio através da beleza impactante das flores.
Pois. Eis que a primavera chegou no meio da semana, discreta, imperceptível. Veio como que caída por acaso, obedecendo apenas à injunção do calendário. Apareceu com ares de visitante obrigado a compromisso inadiável, como aquele convidado que vai chateado a casamento ao qual não pode faltar de jeito nenhum. Talvez a primavera tenha ponderado, no grande encontro das estações, que neste ano, especificamente neste, o melhor seria ela não aparecer. Assim, do inverno saltaríamos para o verão e ninguém perceberia. Com tanta coisa a ser reclamada, com crises para todo lado, quem se lembraria da ausência da primavera?
Entretanto, nós a esperávamos. Ansiávamos pelo perfume das flores, pelo brilho do mato muito verde, pela revolução da natureza que se abre de repente e nos contagia. Precisávamos tanto da primavera que viria para aplacar pelo menos um pouco o desconforto dos dias tristes que seguem, tempo de incertezas, de futuro insondável, de desesperança.
Mas, que fazer se a primavera é tão sensível? Que fazer se ela se apercebe das nossas dificuldades e se retrai? Por isso foi assim, por isso essa primavera meio indiferente, tão estranha pelo menos aos nossos olhos.
Mas, não nos esqueçamos de que a primavera é pujante. Mais dia, menos dia, quem sabe ela se anima e passa a vibrar com o antigo vigor. Precisamos que seja assim. Afinal, dependemos da primavera, não é possível sobreviver sem ela.
Ainda a morte
Com a morte não existem acordos. Em seus domínios ela impera. Mais parece aquele pistoleiro cuja sina é matar não importa a quem. Aos vivos cabe desviar-se do trajeto dela que por vezes parece se divertir. Está na internet o vídeo de um muçulmano que, vindo na calçada, vê cair a milímetros de seu corpo uma enorme placa de vidro. O vidro que vem do alto se espatifa, o homem cai e logo se levanta assustado. A vida desse homem prossegue por golpe de sorte, segura por poucos milímetros de distância. Não era o dia dele. A morte ri.
A morte é inventiva. Ela tem seus métodos de ação. Ninguém está seguro quanto ao modo de morrer. Com ou sem sofrimento? A morte caminha entre os leitos dos hospitais, por vezes deixando de levar aqueles que passam por longo período de dor. Ela faz-se de surda aos que imploram pelo fim, ignorando seus apelos. E leva a criança já na fase de alta que subitamente engasga. Talvez à morte o desespero dos pais seja como ato de peça a que vale a pena assistir.
Morre-se de várias maneiras, tantas vezes inesperadamente. A morte ignora credenciais. A ela não importa se rico ou pobre, fraco ou forte, bom ou mau. Age indiscriminadamente porque desde que a vida existe cabe a ela a função de encerrá-la. Daí a consciência que tem a morte de que ela é uma instituição poderosíssima, o maior poder existente no planeta, maior ainda que a própria vida que a ela sucumbe.
A morte a tudo iguala. Trata com isenção o letrado e o analfabeto. Como o imortal Caronte leva para o outro lado do rio Aqueronte seus passageiros, cobrando-lhes taxa pela travessia. Dante foi levado ao outro lado no barco de Caronte que, a princípio, não queria transportá-lo porque, sendo vivo, era pesado. Socorreu ao poeta o falecido Virgílio dizendo a Caronte que Dante deveria passar por expressa ordem celeste à qual o barqueiro obedeceu.
Há os que morrem naturalmente e os que colocam fim à própria vida; há os que lutam pela vida e os que rogam pela morte; há os que falecem na calmaria de seus leitos e os que desaparecem vitimados em conflitos; há os que sucumbem pela doença e os ceifados em plena força; há de tudo no feroz domínio da morte que diariamente nos espreita e conta os nossos dias.
Depois da morte
Ninguém voltou para dizer se o lado de lá existe. Vida após a morte é enigma até hoje sem solução e não parece existir perspectiva de que venha a ser elucidado. As religiões fundam-se na crença de que a vida nesse mundo é passagem, para algumas período de provação. Vida reta e digna, sem pecados, garantiria o privilégio da eternidade no céu. Pecadores seriam condenados ao fogo do inferno, ao sofrimento sem fim. A ser assim seria burrice trocar os poucos anos de existência no planeta pela eternidade sofrendo. Será assim?
Há religiões nas quais a presença de desencarnados é tida como normal. Sessões entre vivos e mortos acontecem a toda hora. A comunicação com os mortos é mais que natural, aliás imperiosa porque quem morre não se desligaria completamente da vida terrena. Médiuns fazem contatos com espíritos. Através da psicografia espíritos ditam a médiuns livros inteiros e bem acabados.
Entretanto, o enigma permanece. O fato é que a certa altura da vida torna-se comum pensar-se no fim. Afinal, como será morrer? Tudo o que vivi e pensei simplesmente deixa de existir. Será a lápide o epílogo da existência física e espiritual?
Trata-se de perguntas sem respostas. Entretanto, o enigma da morte persiste. Evita-se pensar nela, mas em situações inesperadas ela nos atropela. Acontece quando perdemos um ente querido. O velório e o enterro não passam de preâmbulos para uma situação que permanece. A ausência é dolorosa. Aquele com quem convivia-se, com quem trocávamos ideias desapareceu mas, continua vivo na nossa cabeça. A memória não se apaga, no máximo distancia-se com o tempo. Certamente é da vida sublimar-se episódios terríveis dada a necessidade de seguir em frente. Mas, não se faz isso sem pagar alto preço na esfera dos sentimentos.
Os mortos continuam vivos na memória dos que ficam. Não raro surge a impressão de que a pessoa que se foi está ali, bem perto, quase palpável como se ainda fora viva. Sonha-se com pessoas a quem perdemos, surpreendemo-las em situações corriqueiras ao nosso lado. Acordamos, buscando significados nos encontros imaginários engendrados nos sonhos. Estaria aquele que se foi tentando se comunicar?
Nada disso na verdade importa. O que vale é a barreira intransponível que nos separa daqueles a quem amamos e perdemos. Se há algo realmente fascinante na morte é o fato de ser imprevisível e irreversível. Sabemos que ela nos espreita. Estar vivo é como seguir solitário numa floresta na qual, mais cedo ou mais tarde, nos encontraremos com uma fera que nos abaterá. Este é o flagelo do homem.
Drácula - A história nunca contada
Boris Karloff sai de casa para combater o mal. Antes de sair diz aos filhos: se eu não voltar antes da meia-noite, não me deixem atravessar a ponte, matem-me.
A noite avança e os filhos homens aguardam ansiosos o retorno do pai. Então ouvem-se as doze badaladas de um sino distante. Pouco depois o pai atravessa a ponte a vem até a porta da casa. Ao vê-lo, os filhos não arranjam coragem para matá-lo: é próprio pai, a quem amam e respeitam, quem está de volta. O fim acontece em acordo com o previsto: o pai agora é um vampiro e logo seu comportamento estranho transforma-se em violência. Possuído por incontrolável sede de sangue o vampiro ataca e mata toda a família. Boris Karloff brilha no papel de vampiro sanguinário num filme B inesquecível.
Também inesquecível é aquele ‘Nosferatu”, de 1979, dirigido por Werner Herzog. Nosferatu, o vampiro, é o próprio mal. Embarca em viagem dentro de seu caixão e mata todos os tripulantes. Quanto o navio chega ao porto o horrível vampiro liberta uma centena de ratos que se espalham pela cidade. O horror anuncia-se pelas ruas onde transitam ratos guiados pelo vampiro.
Grandes filmes sobre vampiros causaram espanto ao longo dos anos em gerações de espectadores. Bela Lugosi, Christopher Lee e Karloff estão entre os maiores atores que deram vida a essas personagens. Ultimamente o cinema tem apelado para vampiros mais humanizados. Filmes como “Crepúsculo” e “Amanhecer” caíram no gosto popular com tramas inspiradas em livros de grande sucesso comercial. Entretanto, nem todos os filmes seguem as regras consideradas básicas na vida de vampiros. Sede de sangue humano, sensibilidade à luz do dia, temor a crucifixos e outras características nem sempre são obedecidas. Os novos vampiros chegam a se alimentar do sangue de animais, poupando seres humanos.
A cada nova produção surgem mudanças nos vampiros para adequá-los aos enredos dos novos tempos. Exemplo disso pode ser visto no filme “Drácula - A história nunca contada”, de 2014 no qual se contam as desventuras do príncipe Vlad cujo reino, a Transilvânia, é atacado pelos turcos. Para proteger sua família Vlad arrisca-se a tornar-se vampiro, havendo a condição de reverte a situação caso resista à tentação de ingerir sangue humano durante três dias. Além disso, mordidas de vampiro não tornam suas vítimas novos vampiros: é preciso ingerir sangue de um vampiro para tornara-se igual a ele.
Devagar e seguidamente busca-se adaptar as histórias de vampiros ao gosto das novas plateias de cinéfilos. Entretanto, mesmo com tramas bem elaboradas, corre-se o risco de desmitificar a imagem de seres essencialmente malignos, condição essencial dos vampiros. Não se deve esquecer de que vampiros são seres inescrupulosos, desalmados, maus, horripilantes e inimigos de humanos a quem tomam por vítimas. Seres malignos a quem só mesmo um golpe de luz do dia, a água corrente ou estacas de madeira ou prata enfiadas em seus peitos podem colocar fim à escabrosa existência.
Pobre virou genérico
Basta sair por aí trocando papos com conhecidos e estranhos. Hoje existe unanimidade quanto à incerteza. Ninguém sabe direito o que está por vir, mas sabe que coisa boa está fora de questão. Na esteira das incertezas fala alto o descrédito e a desesperança. Essas pessoas de terno e gravata que nos falam sobre a crise e os remédios a adotar para saná-las não nos parecem confiáveis. Mais parecem manipuladores de cifras astronômicas as quais, a todo custo, é preciso repor. Aliás, coisa impossível sem que o cidadão pague em novos impostos sua parte no espólio.
Tudo o que tinha que ser dito a respeito da situação atual do Brasil já foi falado e repetido. Milhares de palavras foram escritas quase todas para criticar o governo acusado de má administração. Do barco fazendo água tentam escapar muitos dos responsáveis pelo naufrágio anunciado. De repente alega-se desconhecimento e ausência de responsabilidade. Trata-se do salve-se quem puder pouco se importando com o país: o que interessa mesmo é a sobrevivência política. De olho nas próximas urnas é o mote.
Enquanto isso a situação se deteriora. Do que pouco se fala é dessa imensa massa de brasileiros que dão um duro danado e ganham merrecas de salários. No Brasil pobre virou entidade genérica. Usa-se “pobre” ou “pobres”. Quem são na verdade? Ora são “eles”. Quem? Bem, os que vivem nas periferias sem acesso aos mais básicos bens tais como água e esgoto. Saúde e moradia? Nem pensar. E os que moram nos recantos distantes do país, nas regiões dominadas pela seca etc. Essa turma é a que mais sofre. São sofredores genéricos porque a face deles não interessa a ninguém.
Mas, eis que a reforma fiscal é anunciada. Cortes na carne do governo mais escalada de impostos reverterão a situação. Você ouve e não acredita. Então fizeram o diabo com o dinheiro público, meteram-se no maior escândalo de corrupção de que se tem notícia e agora pedem o dinheiro do contribuinte para salvar o país? Não dá, né?
Tempos de crise não deixam de ter lá seu lado curioso. Veja-se a atuação de grandes manipuladores de massa que não se calam, excluindo-se da própria responsabilidade e acusando outrem pela culpa que lhes pertence. Seria risível não fosse absurdo e envolvesse o destino de tanta gente.
É bom repetir que no Brasil pobres foram convertidos em entidade genérica. Também não custa lembrar de que pobre é gente de carne e osso que ganha pouco e não merece ser vítima de tanta manipulação e safadeza.
LPs nos toca-discos
O escritor Julio Cortázar escreveu que para ouvir Gardel é preciso rodar um disco gasto num velho gira-discos, pois só assim se reproduz o clima dos tempos da gravação. Cortázar é sempre relacionado com o jazz, gênero de sua preferência, embora tenha sido fã de tango a música de sua terra natal. Aliás, de Cortázar existe um poderoso ensaio no qual fala sobre apresentação de Thelonius Monk a quem viu tocar certa noite em teatro parisiense.
Não sei dizer a que velocidade acontece, mas o certo é que os antigos LPs estão de volta. Muita gente despreza os CDs, garantindo que o som dos LPs reproduzidos em bons toca-discos é superior. Os discos de vinil antes relegados a brechós e sebos ressurgem. Aficionados garantem que as gravações analógicas de longe superam as digitais, sendo mais fiéis ao som original.
O primeiro CD surgiu em 1982, portanto há pouco mais de trinta anos. No Brasil o primeiro CD foi lançado em 1986. Pouco depois da época de lançamento falava-se na revolução digital que se iniciava. Para o lixo com os discos de vinil com os quais era preciso o maior cuidado dado que a gordura das mãos os impregnava durante o manuseio e agulhas rombudas afetavam suas trilhas. Isso sem falar em arranhões que, durante a reprodução, acrescentavam sonoridades destoantes na música tocada. Os CDs eram e são bem mais práticos dado que não existe o contato entre a cabeça do aparelho que os reproduz com o disco em reprodução.
Foi assim que, gradualmente, deixei de lado a minha bela coleção de LPs da qual ainda conservo exemplares que não tive coragem de me desfazer. A partir daí passei a comprar exclusivamente CDs e posso dizer que tenho muitos deles.
Entretanto, até hoje não sou capaz de dizer se, de fato, os discos de vinil superam em qualidade os digitais. Creio que só ouvidos especializados conseguem discernir as discretas diferenças entre eles, caso de fato existam. Além do que hoje em dia os equipamentos para reprodução de discos de vinil custam caro, enquanto que CDs players existem até mesmo em consoles de carros.
Por falar nisso, atualmente quase não faço uso dos meus CDs: de tempos para cá me tornei sócio de um serviço de streaming musical que, ao ser acessado pela internet, oferece incrível variedade de opções à escolha do ouvinte. Todos os gêneros musicais estão ali contemplados de modo que ao ouvinte se oferece variedade em acordo com seu gosto musical.
O serviço de streaming acaba sendo barato e não exige a posse de equipamentos muito caros. Um computador - ou notebook, ou tablete, ou smartphone – ligado a caixas de som amplificadas é o bastante para que se possam ouvir horas de música.
No começo ingenuamente pensei que os artistas estariam acabados com a nova moda do streaming. Seria o final dos CDs? Não sei. Mas quanto aos artistas soube que os direitos deles são preservados. A cada clique para reprodução de uma música artistas recebem um valor determinado pela reprodução. Outro dia li que uma cantora pop norte-americana recebeu cerca de 6 milhões de dólares na forma de direitos pela reprodução de suas músicas ao longo de um ano. Bom, né?
Durante o voo
Durante voo entre Anchorage, no Alasca, e Portland, nos EUA, um passageiro apresentou comportamento inusitado. Ele dormiu quase o tempo todo mas, em certo momento, acordou e passou a urinar no vão entre as poltronas da frente, molhando seus ocupantes. Quando esses protestaram o homem se levantou e espalhou urina em outros passageiros. Depois voltou dormir. Mais tarde, ao desembarcar, foi detido por autoridades policiais.
Há não muito tempo famoso ator francês sentiu-se “apertado” justamente no momento da decolagem de um avião. Em vão insistiu com a aeromoça sobre a urgência em ir ao banheiro. Sendo impedido, outra saída não teve que não a de urinar no corredor, causando espécie aos demais passageiros. Dada a notoriedade do ator o caso tornou-se viral na internet.
Lembrei-me de que costumava ir, nos menus tempos de estudante, ao estádio do Pacaembú nas quartas à noite para assistir a jogos de futebol. Naquela época existia ainda a concha acústica e o setor hoje conhecido como arquibancadas era a “geral”. Comprava-se ingressos para a geral porque mais em conta que o das numeradas. Certa noite muito fria estava eu vendo um jogo quando, perto de mim, levantou-se um sujeito gritando: quem foi o fdp que mijou na minha bunda?
Ao ouvir o protesto me virei e dei com um homem em pé, calça molhada, gritando, p da vida. Atrás dele um espaço vazio, aliás o único àquela atura do jogo. O safado que estivera ali urinara propositalmente e não esperara que a urina fluísse para o assento de concreto abaixo. O diabo é que embora o grotesco e engraçado da cena, ninguém se dispôs a rir: o sujeito molhado era grande e forte e qualquer gracinha poderia ser revidada com bons sopapos.
É de se imaginar que grande parte, senão todas, as pessoas tenham passado por algum momento de aperto durante suas vidas. Intestinos e bexiga urinária nem sempre obedecem às nossas ordens. Há quem os use para agredir os próximos como aquele americano que certa vez vi entrar num banheiro em cidade do Canadá, propositalmente emitindo gases intestinais com toda sonoridade possível. O sujeito olhava- se no espelho e esforçava-se para soltar seus gases, em geral conseguindo.
Para muita gente fezes e urina estão ligadas a problemas reprimidos na infância daí certa vergonha em relação ao assunto. Para quase todo mundo defecar e urinar constituem-se na coisa mais natural do mundo, como aliás deve mesmo ser. Já comportamentos como o do rapaz durante o vôo a Portland revelam menosprezo pelo próximo a quem os envolvidos não se furtam de ofender e humilhar.
Sexo no banheiro
Um casal foi flagrado fazendo sexo no banheiro durante vôo entre Paris e Estocolmo. A reação do comissário de bordo que os encontrou foi inesperada: ele comunicou aos demais passageiros a ocorrência. A reação? Os passageiros riram, aplaudiram e muitos desejaram facilidades e muito prazer ao casal que, para sorte deles, não chegou a ser identificado.
O caso abre duas vertentes de considerações. A primeira diz respeito ao casal. Certamente tomados pela urgência de um desejo inadiável outra saída não tiveram que não a busca do banheiro. Aliás, lugar onde acomodarem-se duas pessoas exige criatividade dada a exiguidade do espaço. Mas, sexo é algo imperioso - diga-se. Cícero, grande tribuno romano, rejubilou-se ao envelhecer por livrar-se das imperiosas necessidades. Mas, se nem os velhos estão de fato livres… Não é que a imaginação não se demora a criar imagens mesmo quando as carnes envelhecem?
Sexo em quartos fechados e longe dos olhos alheios nem sempre é do agrado de todos. Há os que só se excitam diante do perigo de serem descobertos. Ao meu tempo de estudante tive um colega que não se incomodava em ser visto durante as práticas. Lembro-me que de um dos laboratórios da faculdade podía-se ver um descampado no qual empilharam-se canos grossos para obra futura. O rapaz de que falo adorava estar ali, junto aos canos, fazendo sexo com uma jovem belíssima. Obviamente, as experiências não corriam bem no laboratório de vez que a turma se postava nas janelas para assistir à exibição gratuita do casal…
Não se sabe o que levou o casal a praticar sexo no banheiro do avião. Exibicionismo? Necessitados de situações estressantes para se excitarem? Ou apenas vitimados por inadiável desejo? Pode até ser que se trate de uma daquelas situações de filme nas quais duas pessoas que nunca se viram encontram-se e entre elas se estabelece atração instantânea e incontrolável.
A segunda vertente de considerações diz respeito ao pobre comissário. Que diabos de lógica o moveu a apossar-se do microfone de bordo e avisar aos passageiros sobre aquele terrível atentado à moral? Por que terá o homem se indignado? Seria ele fiel de algum tipo de puritanismo? Ou a descoberta que fizera trouxera à sua memória algum trauma de infância?
Pobre comissário! Louco e maravilhoso casal! O mundo seria bem menos interessante se acaso vez ou outra alguns de nós não avançassem o sinal, dando-nos fôlego e vontade de falar sobre situações inesperadas em que se envolveram.
Civilizações na Terra
Uma série televisiva apresenta obras de passado remoto, sugerindo terem sido realizadas por alienígenas. Numa época em que a nascente civilização humana não teria conhecimentos e recursos, seres extraterrestres teriam visitado a Terra conforme demonstram textos históricos, registros arqueológicos e lendas diversas que evidenciariam este contato. Desenhos antigos de estranhas criaturas, encontrados em cavernas, substâncias químicas desconhecidas pelo homem e muitas outras descobertas serviriam como evidências da visita de astronautas vindos do espaço ao nosso planeta.
Acabam de ser encontradas em Roma ruínas de uma moradia arcaica do século VI a.C no interior do Palazzo Canevari. A descoberta tem valor incomensurável dado o ótimo estado de conservação e permitir a mudança do mapa de Roma dos séculos VI e V a.C.
Descobertas como essa acontecida em Roma constituem-se em relíquias arqueológicas que trazem informações sobre o passado da civilização humana. Obviamente, diferem das hipóteses sobre a visita de alienígenas ao planeta em tempos remotos. Tais hipóteses carecem de confirmação embora seus autores tenham alguma razão ao se referir à presença de obras cuja realização, ao tempo em que ocorreram, parece ser inexplicável.
Há quem considere a possibilidade de terem existido na Terra ciclos de civilizações distantes umas das outras em milhares de anos. Em outras palavras, talvez em passado muito distante a Terra tenha sido habitada por civilização anterior à atual humana. Nesse caso algumas evidências encontradas que seriam atribuídas à obras de alienígenas nada mais seriam que sinais de outras civilizações, anteriores ao homem, que viveram na Terra e desapareceram. Nos mais de 4 milhões de anos de existência do planeta haveria, portanto, tempo mais que suficiente para o surgimento e desparecimento de diferentes civilizações.
Obviamente está-se aqui a falar sobre hipóteses que contêm alta dose de possibilidade de serem ficcionais nada tendo a ver, por exemplo, com a descoberta da ruina citada em Roma, isso sim bastante real.
Em todo caso vale lembrar-se da importância de se separar pesquisa, conhecimento, enfim ciência, de hipóteses não confirmadas como essa da visita de alienígenas à Terra. Os programas televisivos sobre a estada dos alienígenas e as obras que teriam deixado são bem elaborados e corre-se o risco de que sejam tomadas por fatos confirmados por um público que desconheça os princípios científicos atualmente considerados como válidos.