Arquivo para agosto, 2016
Independence Day Ressurgência
Filmes de aventura e ficção científica distraem. Talvez por isso eu seja aficionado do gênero. Americanos adoram grandes produções nas quais, em geral, as cidades daquele país são destruídas. Lembram-se do filme 2012? Cidades inteiras desapareciam em minutos sob a força da invasão de águas oceânicas. Enquanto isso acontecia os heróis do filme fugiam a bordo de um pequeno avião pilotado por amadores. No fim os continentes são cobertos pelas águas, mas novas terras emergem. Aos sobreviventes resta a missão de repovoar o mundo.
Independence Day Ressurgência é continuação do primeiro filme que trata do mesmo tema. Mais uma vez a Terra é invadida pelos mesmos alienígenas que, como ficamos sabendo, dedicam-se a destruir planetas e civilizações. Como não poderia deixar de ser os estragos em nosso planeta são enormes. Edifícios desabando, cidades inteiramente destruídas e o homem acuado diante de uma tecnologia agressiva para a qual não dispõe de equipamentos à altura. Verdade que a tecnologia dos humanos também evoluiu. Viagens à Lua se tornaram corriqueiras a bordo de naves dotadas de grande propulsão.
Tudo isso se passa dentro de um cenário riquíssimo no qual atuam ótimos atores, entre eles os heróis do primeiro filme da agora série. Mas, o filme não engrena. Falta a ele emoção. Os alienígenas são previsíveis. O modo como são atacados é o mesmo que o visto na versão anterior, inclusive a estratégia que no primeiro filme destruiu a nave mãe inimiga. Diga-se que o filme não chega a ser ruim. Mas, transfere a impressão de coisa já vista o que o torna algo cansativo.
Entretanto, o filme desperta no espectador a curiosidade em saber como seria de fato um contato com alienígenas, caso viesse realmente a acontecer. Como seria o dia em que, ao abrirmos a janela do quarto, déssemos com uma enorme nave alienígena sobre nossas cabeças? Nos filmes quase sempre os alienígenas são maus e querem nos destruir. As razões são desde extrair recursos naturais de que necessitam e até mesmo usarem humanos que capturam como fonte de alimentos. Mas, como seria, de fato, este possível e tão esperado contato?
Existem investimentos em telescópios cada vez mais avançados, capazes de varrer regiões distantes do universo. A todo custo procura-se vida por aí afora dado não ser razoável imaginar-se que em toda essa imensidão que nos cerca só a Terra tenha sido bafejada com a existência de seres vivos. Se existem alienígenas ou não, talvez, ao futuro pertence a resposta.
Caso existam que venham. Mas, que sejam gente de paz.
A má sorte
A má sorte sempre impressiona. Mas, ela existe mesmo? Parece que sim. Tem gente que não dá sorte. Se numa seleção para um emprego restarem apenas dois candidatos o azarado sabe que não será ele o contratado.
Sempre me lembro de um parente que andava na contramão da sorte. Tudo acontecia com ele, até embarcar num trem no qual viajava um bandido, muito parecido com ele, e ser preso no lugar do bandido. No começo o parente reclamava da má sorte. Depois, habituou-se a ela. No fim da vida conseguia rir se seu azar. Muitas vezes sentávamos à mesa da cozinha e ele, comendo bananas, desfiava seu rosário de provações. Como aquela de sua participação no exame do CADES para conseguir a licença de professor. A prova se compunha de duas fases, a escrita e a oral. Fora bem na escrita. Na oral os candidatos eram arguidos por um dos quatro professores da banca - três homens e uma mulher. A torcida era para não cair com a mulher, conhecida por raramente aprovar alguém. Na vez do parente? Ora, não deu outra: foi inquirido pela mulher.
Como seria de se esperar o resultado não foi bom. Numa pergunta a professora disse que a resposta estava errada. O parente discordou. Daí para o bate-boca e a reprovação… Mas, o parente era um sujeito que estudava muito. Na quinta tentativa conseguiu a licença. E olhe que ele dominava o assunto das provas.
Noticia-se hoje o falecimento do ex-piloto de Fórmula-1, o neozelandês Chris Amon. Foi ele um dos melhores pilotos na década de 60 e início da de 70. Entretanto, ficou conhecido pela má sorte. Esteve 11 vezes no pódio, mas nunca conseguiu vencer. Depois da F1 conseguiu vencer as 24 horas de Le Mans. Mas, ao que se diz, a má sorte sempre o impedia conseguir vitórias.
Existem pessoas bafejadas com incríveis golpes de sorte, dessas inesperadamente agraciadas com prêmios ou situações de relevo. E há os azarados. Há quem não acredite nisso. Há quem diga que sorte e azar dependem do modo de ser das pessoas. Mas, aí entramos no território das coisas inexplicáveis.
O Rio é uma festa
De repente a política deu baixa no noticiário. Aquele clima de furor incontido foi substituído por uma calmaria mais ou menos controlada. Exaustos que estávamos, respiramos. A saída de cena de Dilma e Cunha arejou um pouco o país. Lula, agora réu, vocifera. Diz-se perseguido. Tentam impedi-lo de ser o próximo presidente. O homem vaidoso resiste à queda de sua popularidade. Mas, é fera e com fera não se brinca.
Enfim, pode-se assistir aos noticiários sem grandes sobressaltos. A correria na Câmara Federal devagar vai cedendo lugar a comportamentos mais contidos. E o país, ainda no sufoco, começa a dar ares de que pode superar a crise. Investidores estrangeiros já não olham o país com tanto desdém. A fábula do golpismo perde força até mesmo entre seus partidários. Ainda se está longe de qualquer solução. O desastre econômico continua em pauta, mas parece haver luz no fim do túnel. A presidente afastada continua negando tudo. Sobre o caixa 2 de sua campanha diz desconhecê-lo, atribuindo responsabilidade a seu partido.
Então, por falta de maiores emoções, o país se volta para os jogos olímpicos. Não se fala noutra coisa. Delegações estrangeiras chegam ao Rio, cidade efervescente. Um vasto sorriso estampa-se na face dos cariocas imersos no sonho olímpico.
O bom da vida é que a falha acaba se esgotando. A incrível capacidade de superação do ser humano é mesmo providencial. Passa-se da tristeza à alegria ao tempo de um clique. O esporte faz amigos. Resta saber se passada a euforia as coisas seguirão ao mesmo ritmo.
Mas, o negócio é nem pensar. Deixar para lá a crise, o medo, as preocupações. Orgulhar-se de quem, afinal, somos. Deixar os olhos se deliciarem na paisagem carioca. Torcer pelos nossos atletas.
O Rio é uma festa.
Aos jogos!
As Olimpíadas vêm aí. Bom ou ruim para o país? Sabe-se lá. Escaldados já somos. A Copa do Mundo deixou-nos feridas ainda não cicatrizadas. O gigantismo da realização da Copa em várias partes do país deu no que deu. Grandes estádios construídos em cidades que não oferecem demanda de público. Afora a gastança. Não sei se já fecharam as contas. Com o rombo da Petrobrás em primeiro plano talvez tenham deixado para lá as gastanças da Copa.
Agora os jogos do Rio. Delegações chegam à Vila Olímpica e trombeteiam aos quatro ventos sobre as obras inacabadas. O preconceito contra o Brasil e os brasileiros reacende-se. País do futebol, do samba, das mulatas, onde já se viu realizarem-se jogos mundiais aqui? Só poderia dar nisso. A mídia estrangeira delicia-se. Quanto pior melhor porque há sede de notícias sobre um pais onde nada é confiável. Quanto preconceito.
Mas, o Rio é lindo. Não há beleza no mundo que se compare. Mais: o Rio apaixona. Não há má vontade que não sucumba ao delírio de cores e beleza paisagística. Daí que passados alguns dias, vazamentos e problemas elétricos resolvidos, entra-se no aguardo da realização dos jogos. E vai dar certo, talvez para frustração da zumbizada que torce contra.
A tocha Olímpica adiantou-se a tudo isso, percorrendo o país com a galhardia de seus carregadores. Simbólica ela anuncia o congraçamento entre povos das mais variadas etnias. Nas Olímpiadas os homens deixam de lado suas diferenças. O que vale é o esporte, a competição esportiva. Isso é muito num mundo que corre desorganizadamente. Atos terroristas, crises financeiras e violência desmedida que o digam.
Espera-se que o Brasil se saia bem nos jogos, afinal o país sedia a competição. Infelizmente, nossos atletas de várias modalidades ficam aquém de outros treinados em países com melhor infraestrutura esportiva. Em nossas escolas públicas faltam quadras onde se revelariam atletas promissores. Há quem treine no estrangeiro. Mas, torceremos muito pelos nosssos.
A vitória de um brasileiro sempre emociona. O inesquecível Ademar Ferreira da Silva ainda hoje é lembrado como ídolo do país. Quem não se emocionou ao ver Joaquim Cruz dar aquela arrancada, ultrapassando seus concorrentes, na prova de atletismo em que conquistou o ouro?
O Brasil é o Brasil do jeito que o conhecemos. Não há como não nos apaixonarmos por esse país de dimensões continentais, terra onde nascemos.
As Olimpíadas no Brasil serão um sucesso, que ninguém duvide disso.
Aos jogos!