2018 março at Blog Ayrton Marcondes

Arquivo para março, 2018

Seres imaginários

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Em São José dos Pinhais – Paraná - animais apareceram mortos em chácaras. Numa delas foram encontradas mortas 17 galinhas, nove patos, seis ovelhas e um gato. Ao acordar de manhã o proprietário encontrou os animais mortos e relatou não ter ouvido nenhum ruído durante a noite.

Os animais foram dilacerados e a polícia ambiental investiga o caso. Noutra chácara da mesma rua foram encontradas mortas galinhas, gansos e um bode, todos com marcas de mutilação.

A matança de animais fez ressurgir a hipótese de ação do “chupa-cabra” que se acredita ser um extraterrestre com dentes de vampiro. Entretanto, para a polícia o mais provável é que os animais tenham sido vitimados por cachorros do mato.

A lenda do chupa-cabra teve origem em Porto Rico onde foi verificada a morte de cabras com dentadas no pescoço e sangue drenado. Ocorrências semelhantes foram encontras em outros países como a Argentina, o Brasil, México, Estados Unidos, etc.

O chupa-cabra pertence à categoria dos criptozoológicos, ou seja, animais lendários que se supõe serem vistos por poucas pessoas. Entre eles destacam-se o Abominável Homem das Neves, o Monstro do Lago Ness, o Boitatá e outros. Mas, também são considerados criptozoológicos animais reais como o celacanto e a lula-gigante.

O professor e romancista brasileiro Affonso d’Escragnolle Taunay (1876-1958) tem entre outras obras, o livro “Zoologia Fantástica do Brasil (séculos XVI e XVII)”. Taunay nos conta que os viajantes europeus, em seus relatos de viagens ao Brasil, falavam sobre a existência de animais fantásticos nas terras recém descobertas. A partir daí revela-se uma vasta “zoologia fantástica” brasileira oriunda dos relatos das pessoas que percorreram o Brasil nos séculos XVI e XVII. É muito interessante a leitura do trabalho de Taunay editado pela Melhoramentos.

De seres imaginários também se ocupou o grande escritor argentino Jorge Luís Borges em “O Livro dos Seres Imaginários”. Trata-se de um bestiário fantástico que aborda 116 monstros encontrados nas mitologias e religiões de todo o mundo. Esses seres, gerados pela imaginação humana, aparecem nas obras de grandes autores de cujos escritos são resgatados. Elfos, centauros, cérberos e outros seres imaginários são extraídos por Borges de fontes como a Bíblia, as Mil e Uma Noites, Frazer, Robert Burton, C. S. Lewis, Kafka, Poe e muitos outros.

Na infância somos assustados por monstros e figuras retiradas do folclore popular, todos eles imaginários. O medo das crianças liga-se a esse universo paralelo de seres que não existem, mas povoam o mundo infantil. O saci-pererê, lobisomens, mulas sem cabeça e tantos outros fizeram parte da minha infância e muito me impressionaram. Livrei-me deles só mais tarde ao entender a condição de seres imaginários.

O povo no labirinto

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Num conto de Borges um rei recebe a visita de outro e o leva para conhecer seu labirinto. Deixado no interior do labirinto o rei visitante demora horas para encontrar a saída. Humilhado pelo monarca a quem visita, o rei, entretanto, nada diz.

Tempos depois é o rei antes humilhado quem recebe aquele que o humilhou. Então o rei leva o seu agora hóspede para conhecer seu labirinto. Ao chegar a seu destino o rei explica que seu labirinto não tem paredes e é infinito. Em seguida abandona o visitante, que antes o humilhara, no deserto.

No mitológico labirinto de Creta vivia o Minotauro, monstro metade homem, metade touro, a quem eram oferecidos, regularmente, jovens aos quais devorava. Na vez em que Teseu foi introduzido no labirinto de Creta conseguiu derrotar o Minotauro, encontrando a saída graças a um novelo de linhas que a ele foi dado por Ariadne.

Os labirintos têm entradas incertas e são compostos por caminhos que confundem a orientação espacial, dificultando encontrar-se a saída. O termo labirinto também se aplica a situações vividas e não compreendidas que resultam no desnorteamento dos seres humanos.

O Brasil de hoje figura-se como um grande labirinto no qual seus cidadãos, desnorteados, percorrem caminhos aparentemente sem saída. A escalada da violência no país desafia as autoridades que mais parecem perdidas quanto aos modos de combatê-la. O assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, provocou manifestações de milhares de pessoas que saíram às ruas para protestar. Exigem-se medidas urgentes e eficazes para por fim à crescente violência no país.

Mas, infelizmente, trata-se de um labirinto. Resta-nos torcer pelo milagre de uma nova Ariadne que indique o caminho para escaparmos do monstro que tanto nos assusta.

Cuba

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Nunca tive vontade de conhecer Cuba. Após o Bloqueio Continental imposto pelos EUA a ilha passou por maus pedaços. Sem para onde recorrer passou a depender dos russos. Em plena Guerra Fria Cuba sempre foi uma pedra nos sapatos dos americanos.

Nos anos sessenta um grupo de teatro amador do interior paulista encenou peça sobre a revolução cubana. O dramaturgo era um frei que não só escreveu o texto como escolheu e conduziu atores amadores no palco. A peça louvava Fidel, Che e outros dos valentes de Sierra Maestra. Fulgêncio Batista, ditador e lacaio dos americanos, fora derrubado por jovens entusiastas e corajosos que arriscaram suas vidas pelo povo cubano.

O frei atuava num mosteiro no qual, por coincidência, eu conseguira licença para passar as tardes, estudando. Na época preparava-me para o vestibular. Vez ou outra o frei dramaturgo vinha ter à minha sala e conversava comigo. Incomodavam-no momentâneas faltas de inspiração para prosseguir com seu texto. Nessas ocasiões o frei costumava propor-me situações, pedindo sugestões sobre o encaminhamento da trama. Mas eu, rapazote, jamais consegui ajudá-lo. Faltava-me, na época, a compreensão de que, na verdade, o dramaturgo jamais esperou que eu lhe dissesse qualquer coisa. Meu papel era o de um ouvinte com quem ele podia raciocinar em voz alta.

A peça sobre os cubanos fez sucesso e foi apresentada em várias cidades do interior. Numa delas estava presente o dramaturgo e teatrólogo Joracy Camargo que muito elogiou o trabalho de toda a equipe. Mas, com a Revolução de 64 o tema da peça se tornou inadequado e as encenações foram encerradas.

Semana passada sentou-se à minha frente um amigo que acabara de visitar Cuba. Na estadia em Havana fez questão de ir à Sierra Maestra. Falou-me de sua admiração por Guevara e disse não se importar com Fidel. Trouxe, pendurada num fio ao pescoço, uma moeda cubana com a imagem de Guevara.

Insistiu o amigo sobre a minha necessidade de conhecer Cuba. Falou-me sobre a propaganda negativa dos americanófilos em relação a ilha. Contou-me sobre a música, a comida e a gentileza do povo cubano.

Não sei. A conversa aguço-me a curiosidade. Quem sabe.

O peso da falhas

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Todo mundo terá falhado em algum momento da vida. Pequenas falhas, grandes falhas, ninguém é perfeito. Há falhas que nos incomodam vida afora. Um grande amigo fora noivo de moça bonita que conhecia desde a infância. Famílias amigas que moravam próximas e se visitavam. O casamento tinha a aprovação dos pais de ambos os lados que viam no acontecimento a ligação de parentesco que tanto desejavam. Marcada a data, vestido de noiva provado, festa organizada, convites entregues, meu amigo entra em crise. Cabeça no travesseiro descobre que a linda noiva não seria sua mulher. No café da manhã comunica a desistência aos pais que se cobrem de vergonha. A noiva não se recupera ao receber a notícia. Desfalece e passa por período de grave depressão. O amigo? Bem, a vida segue. Só que, nas madrugadas, ao acordar, sentia vergonha pela falha. Anos depois - contou-me o amigo - lembrava-se do fato e cobria a cabeça com o cobertor, tanta vergonha sentia. Tomando o vinho ruim que fabricávamos nos tempos difíceis da ditadura, vez ou outra tornava ao assunto da sua grande falha. Ficara marcado pelo resto da vida.

Falhas que cometemos no dia-a-dia ficam circunscritas ao restrito meio em que atuamos. Mas, que dizer de falhas cometidas aos olhos de grandes plateias? Como ficam aqueles que ao falhar expõem-se ao julgamento de pessoas a quem nem mesmo conhece?

Talvez o caso de Paes, goleiro do São Caetano, nos seja útil para pensar sobre a extensão do incômodo de falhas cometidas publicamente. No jogo, contra o São Paulo, o São Caetano precisava apenas de um empate para passar às semifinais do campeonato paulista. Com o empate o São Paulo seria desclassificado. Eis que no meio do segundo tempo, jogo ainda empatado sem gols, Paes sozinho e preparando-se para bater um tiro de meta, distraiu-se e perdeu a bola para um atacante do São Paulo. O lance absurdo resultou no gol do São Paulo e desconjuntou o São Caetano que acabou ainda sofrendo um segundo gol e foi desclassificado.

A falha grotesca e transmitida ao vivo e a cores para todo o país fora injustificável. Jogo terminado, Paes foi entrevistado e disse não saber o que dizer. Entretanto, afirmou nãos saber como olhar para o rosto de sua mulher e filhos quando voltasse à sua casa. Era um homem derrotado e a imagem de sua derrota constrangedora. Mais: disse temer pela segurança de sua família. Não acontecera, no passado, a um jogador da seleção colombiana ser assinado por erro cometido durante partida da Copa do Mundo?

No fim do jogo conversei com um torcedor do São Paulo. Feliz com a vitória e classificação vibrara com o primeiro gol de seu time. Mas, não tanto. Não pudera deixar de sentir pena do goleiro do time adversário. Isso também ouvi de outras pessoas.

A falha humana quando pública pode nos servir como espelho para a nossa própria capacidade de falhar.

Certas histórias

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Certas histórias incomodam. Para cada pessoa existem diferentes fatores capazes de desencadear o incômodo. Por isso certos filmes para mim perfeitamente aceitáveis mostram-se inaceitáveis a outra pessoa. Não se trata de apenas gostar ou não gostar. Nem de ter medo ou não. Você pode adorar filmes de terror enquanto para outras pessoas esse gênero é inaceitável. Mas, não é isso. No caso o que existe é a aversão a determinadas ordens de narrativas.

Essa aversão provém de narrativas que logram atingir o “de dentro” das personalidades individuais. O fato é que existem narrativas e situações que beiram o insuportável. No livro “1984” O’Brien, o torturador, diz ao Winston, que vai ser torturado, sobre ele ser levado a uma sala na qual o espera “ a pior coisa do mundo”. Ora, que vem a ser a pior coisa do mundo? A curiosidade do leitor do livro de Orwel é aguçada por essa pergunta. Aguarda-se que Winston seja introduzido na sala para que o mistério seja revelado. Quando isso acontece O’Brien prende uma gaiola de metal ao rosto de Winston. Dentro dela existem ratos. Os ratos estão famintos e lutam por se aproximar do rosto de Winston para mordê-lo. Entretanto, não conseguem fazê-lo dada a presença de uma barreira que os impede. Então, qual é a pior coisa do mundo? Para Winston a pior coisa é são os ratos que querem alimentar-se de seu rosto. Não há para ele maior horror que isso. A conclusão é que para cada pessoa existe uma determinada pior coisa do mundo. A mente humana é habitada por fantasmas de características individuais, forjados nas fantasias e receios de cada pessoa. O horror e o medo dependem, portanto, de quem os experiencia.

Das histórias que me incomodam destacam-se narrativas nas quais um indivíduo faz-se passar por outro. Há algo de insuportável no caso de personalidades alternativas. Filmes nos quais uma personagem finge ser outra causam-me mal-estar. Não se trata da mentira propriamente dita. O que incomoda é a negação do ser.

As explicações sobre a razões do meu incômodo certamente pertencem aos estudiosos da alma humana. Psiquiatras e psicólogos contam com vasto arsenal de teorias com as quais devassam a mente humana e suas projeções. Quanto a mim, sigo na mesma toada. Se ligo a TV e o filme em exibição versa sobre um indivíduo fazer-se passar por outro aperto o botão do controle remoto e fujo para outro canal.

Assombrações

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Na minha infância a presença de assombrações era coisa natural. Fulano de tal levantou-se durante a noite e, no escuro, viu-se diante do espectro de uma mulher. Assustado, retornou ao quarto de dormir, acordou a mulher e rezaram o terço para que a alma penada encontrasse a paz. Histórias como essa eram mais ou menos rotineiras daí o medo das crianças em ficar sozinhas no escuro.

Assim, a vida após a morte surgia como fato consumado. Alguns iam para o céu, outros para o inferno, outros ainda passariam por estágio no purgatório. Espíritos mal resolvidos perambulavam pelo mundo, vez ou outra assombrando pessoas.

Ver ou não espíritos não era para qualquer um. Certas pessoas nasciam dotadas da mediunidade que lhes permitia o contato com os mortos. Minha tia-avó teria sido dessas pessoas iluminadas. No mundo dela não havia separação clara entre vivos e mortos. Certa vez estávamos à mesa para o almoço e eis que ela passou a relatar a presença de nossos acompanhantes invisíveis. Fulana está ali, sicrana em pé junto à mesa… Os mortos nos visitavam e não podíamos vê-los. Mas, para a tia isso era comum, absolutamente normal.

Outra tia não tinha contato direto com os mortos. Entretanto, existia uma alma penada que a assombrava. Ela via um homem que surgia do nada, em geral ao lado da cama dela. Minha tia descrevia esse homem detalhadamente, a começar pelas roupas que vestia. Só que ela tinha um medo danado dele. Nas ocasiões em que a assombração aparecia ela se desesperava, gritava muito e perdia o controle sobre si. Era difícil acalmá-la. Como as visões em geral aconteciam durante a madrugada minha tia passava o resto da noite na sala com todas as luzes acesas. Em vão meu tio, o marido dela, tentava convencê-la a retornar ao quarto. Ela temia que a assombração ainda estivesse lá e não voltava de jeito nenhum.

Tudo isso para confessar que até a minha adolescência tive muito medo de assombrações, fantasmas, almas penadas etc. Minha vó morreu de câncer e sofreu muito em seus últimos dias. Na véspera do dia em que iria morrer eu estava ao lado dela. Deitada sobre a cama eis que, de repente, ela começa a apontar com o dedo e dizer o nome de pessoas que teriam vindo visitá-la. Todas aquelas pessoas que teriam entrado no quarto estavam mortas. O fato, no momento muito emocionante, serviu como prova aos presentes da existência de almas do outro mundo. Minha avó estava à morte e parentes e amigos já mortos teriam vindo para acompanhá-la na travessia. Horas depois ela faleceu.

Conheço um rapaz que trabalha no comércio. Tem seus afazeres e luta bastante pela sobrevivência. Consta que esse rapaz possui grande mediunidade. Uma vez ao mês ele reúne pessoas próximas e promove uma sessão na qual recebe o espírito de um caboclo que fala através dele. Na ocasião os presentes fazem perguntas ao espírito incorporado e recebem orientações, conselhos e até broncas pelo modo de viver.

Não posso dizer que acredito nessas incorporações espirituais. Tempos atrás perguntei ao médium se não seria algum traço desconhecido de sua personalidade que se exteriorizaria durante as sessões, permitindo a ele emitir voz diferente numa linguagem de caboclo velho, acaipirado. O amigo médium me disse que não tinha a menor noção de como as coisas se passavam. Relatou que quando incorporado não se lembrava de absolutamente nada. Seu corpo era apenas usado como veículo através do qual o caboclo se comunicava com os presentes. Nem mesmo se lembrava do litro de whisky que ingeria e dos charutos que a todo tempo fumava. Aliás, ao tornar a si não apresentava sinais de ter bebido e fumado.

No dia em que conversamos tive vontade de pergunta ao médium se toparia fazer um teste do bafômetro ao final de uma sessão. Mas, desisti e continuo seguindo por aí, torcendo para não dar de cara com alguma assombração.

Futebol e emoção

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Ontem Santos e Corinthians empataram no Pacaembu. O Santos com um time de jovens arrancou o empate no segundo tempo.

Os jornais noticiaram sobre o famoso jogo, realizado em 1968, entre as duas equipes. Naquela ocasião o Corinthians não vencia o Santos há 11 anos. Eram os tempos em que Pelé vestia a camisa santista. Mas, o Corinthians havia feito contratações importantes, entre elas a Paulo Borges. E, no Corinthians, jogava ninguém menos que o grande Rivelino.

Foi um jogaço. Pacaembu lotado, jogo difícil. Até que, no segundo tempo, Paulo Borges recebeu a bola na esquerda do ataque corintiano e desferiu portentoso chute. A bola balançou as redes santistas e o Pacaembu veio abaixo.

A razão de ser desse texto é justamente o momento do gol de Paulo Borges. Eu era um dos milhares de espectadores daquela memorável partida. Ainda hoje me recordo com clareza do momento em Paulo Borges enviou a bola ao gol do Santos. Mais que isso, o importante é o que aconteceu a seguir. Havia na garganta da torcida corintiana um grito contido durante 11 anos. Esse grito jactou-se com inigualável furor no momento do gol. Tamanho delírio não terei presenciado em nenhuma outra ocasião em que eu compareci a estádios de futebol. Tamanha a loucura que pessoas atiravam ao ar o que tinham nas mãos. Então surgiram as marmitas… Marmitas voando. A gente sofrida que pagava o preço mais baixo das gerais alcançava seu momento de glória. Repito: uma loucura.

Ficaram na memória aqueles momentos de transcendência. O ano era 1968 em cujo final estava nos reservado o AI-5. Eu era um desses estudantes que viera do interior tentar a sorte na capital.

O Corinthians ainda fez o segundo gol, marcado pelo centroavante Flávio. Na volta para casa, dentro do ônibus, muita festa. O tabu havia sido quebrado.

Notícias sobre mísseis

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Meu sobrinho morava na Alemanha. Estava em Berlin quando da derrubada do muro. Quando voltou trouxe-me um fragmento do muro. Era um troféu. Na época o mundo respirava feliz. Acabara-se a Guerra Fria. Alemães orientais uniam-se aos ocidentais. Gorbatchov detonara a União Soviética. O mundo mudava de patamar.

Até então vivêramos sob a possibilidade de um conflito nuclear. No governo Kennedy o mundo teria estado a um passo da destruição total. Russos e americanos eram ciosos no controle de seus domínios. A Hungria e a Tchecoslováquia haviam pagado caro pela insurgência contra os russos. N América do Sul Salvador Allende pagara com a própria vida pelo não alinhamento com o gigante do Norte.

Mísseis. Fazem parte do jogo de poder entre as potências mundiais. De vez em quando um nanico entra no jogo pelas beiradas. O ditador da Coreia do Norte é exemplo disso. Ele se declara possuidor de mísseis de longo alcance, capazes de atingir o território norte-americano.

Ontem o czar Putin informou aos russos sobre seu arsenal nuclear. Informou sobre novas armas que nenhum país possui. Falou sobre mísseis de longo alcance contra os quais não existem bloqueios capazes de segurá-los. Notificou o mundo sobre drones aquáticos capazes de carregar mísseis em velocidades fantásticas. Completou, dizendo que a Rússia vem sendo desrespeitada e era hora de se impor através do poderio nuclear.

No ocidente a fala de Putin foi recebida como mensagem de guerra. O pior é acontecer num momento em que os EUA têm em seu governo talvez o menos preparado presidente de sua história.

Muito longe desses embates estamos nós, os cidadãos do mundo, como sempre não levados em conta e ameaçados. Basta apertar um botão, enviar um míssil de longo alcance e pronto: estaremos mortos.

O fato é que já cansamos dessa história de mísseis. A toda hora eles são citados nas ameaças entre governos cujos interesses são conflitantes. Poderíamos muito bem passar sem mísseis, viver sem a eterna ameaça da destruição total.

E dizem que a Guerra Fria acabou.