Arquivo para maio, 2018
O fim do universo
Não se sabe quando tudo começou. O Big Bang, formidável explosão, teria dado origem ao universo tal como o conhecemos. As estrelas que vemos no céu caminham para a extinção. O universo se expande, estrelas desaparecem. A teoria da relatividade geral e a mecânica quântica se opõem e deixam margens para dúvidas talvez insolúveis.
Assim caminha a humanidade. O homem olhando sempre para o próprio umbigo. Como se fôssemos só nós nessa imensidão que se chama universo. Aliás, universo múltiplo? Universo infinito ou finito? Em seu último trabalho Steven Hawking posiciona-se por um único universo e finito.
Mas, chegará o dia em que a Terra seguirá o caminho das estrelas e desaparecerá. Os buracos negros são famintos, engolem tudo. Quando? Ora daqui a milhares de anos quando, talvez, o nosso planeta não venha a ser nada mais que um deserto, girando em torno do sol.
Deus? Terá sido Ele? Quando perguntado sobre o que Deus fazia antes de criar o universo Santo Agostinho não respondia. Dizia: estava criando o inferno para gente que faz esse tipo de pergunta.
Deus. O criador. Não se sabe nada sobre Deus exceto reconhecê-lo pela fé. Afirmá-lo ou negá-lo não é possível com um simples impulso. Deus não é questão de opinião. Talvez nem mesmo de crença. Deus é enigma, o maior dos enigmas e isso basta dado ser impossível compreendê-lo.
Num mundo convulso onde cada vez mais os homens não se entendem, num mundo em que todas as teorias parecem ter falhado, num mundo em que nenhum sistema de governo logra unidades, nesse mundo seguimos desesperançados, perguntando-nos: afinal, o que é tudo isso? De onde viemos, para onde vamos?
A história é pródiga em casos de inteligências luminares que se convertem a Deus no fim de seus dias. Ateus de carteirinha muitas vezes bandeiam para o lado da fé quando acossados pela morte. Haverá um outro lado? Céu e inferno? Melhor não arriscar.
A velhice nos surpreende cada vez mais em dúvidas. Não nos foge a mínima dimensão de nosso mundo em perspectiva com a grandiosidade do universo. A morte nos visita sem que tenhamos respondido a perguntas que preocupam o homem desde os primórdios da civilização.
A ciência de Newton, Einstein, Planck, Heisenberg e tantos outros parece caminhar a passos lentos quando o assunto é a origem e fim de tudo.
Tragédias urbanas
Americanos adoram fazer filmes sobre catástrofes. O poder de invenção da turma do cinema parece ser infinito. Lembram-se daquela história de que o mundo acabaria em 2012? Pronto. Eis que fizeram filme sobre o fim do mundo no ano aprazado. As cenas de cidades inteiras sendo destruídas impressionam. Do alto assiste-se à cena de as águas do mar tragarem uma cidade inteira. Edifícios, casas, ruas, pessoas, veículos, enfim tudo, tudo mesmo desaparecendo em poucos instantes. O mar engole a civilização humana. O planeta é flagrado em imagens de desacerto final. O homem nada pode fazer contra a fúria da natureza. Mas, é filme. Após assistir-se à queda do Cristo Redentor e à destruição da Basílica de São Pedro é preciso que o homem sobreviva, afinal ele é o dono do planeta. Então alguns privilegiados sobrevivem dentro de uma embarcação que suporta toda a força da destruição. A partir daí o homem está pronto para recomeçar.
Mas, repito, é filme. Já não é ficção, nem obra cinematográfica, a destruição real que por vezes acontece no mundo. Tsunamis, terremotos, furacões, incêndios e por aí vai. De modo algum nos damos bem com fatos de tal magnitude. Embora possam acontecer em terras distantes, assustam-nos porque expõem a fragilidade humana diante de fenômenos contra os quais o homem é inerme.
Entretanto, existem situações que dependem de providências que as impeçam. O incêndio de um prédio de 24 andares ontem, em São Paulo, é desses casos que nos fazem pensar sobre a responsabilidade de pessoas que administram o bem público. De repente, algo até previsível acontece. Um prédio enorme, ocupado por pessoas que não têm onde morar, incendeia-se. As labaredas altíssimas formam imagens terríveis na noite da grande cidade. Moradores conseguem sair do prédio, embora não todos. Os bombeiros lutam valentemente contra as chamas que se propagam. Até o clímax, talvez inesperado: o prédio desaba.
No rescaldo do incêndio a busca de causas e responsáveis. Nos meios de comunicação declarações desencontradas de pessoas que ocupam postos públicos. Na praça defronte o lugar onde havia o prédio, moradores esperando, sem ter para onde ir. A situação é pródiga a toda sorte de imagens que são exibidas na televisão.
Certamente nos próximos meses ouviremos explicações e mais explicações sobre as causas e responsabilidades em relação ao acontecido. Mas, como hoje, o fato estará consumado. Havia numa esquina da Av. Rio Branco um prédio no passado ocupado pela Polícia Federal. Abandonando, foi ocupado por pessoas sem teto. Um dia pegou fogo. Assim será contada essa história.