2019 agosto at Blog Ayrton Marcondes

Arquivo para agosto, 2019

Sucesso

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Ser bom no que faz é meritório. Exige dedicação, esforço… e tudo o mais. Quando se trata de profissionalismo pouca coisa depende do acaso. Mas, ser bom no que faz não é garantia de sucesso. Chegar ao topo é outra história.

Um radialista esportivo concede entrevista e se declara muito bom no que faz. Atribui esse fato à dedicação e esforço em sua profissão. Acrescenta que, entretanto, não se considera melhor que ninguém. Garante que narra de um modo que, no mercado, não tem para ninguém, não. Diz que é sincero, sua sinceridade é diferente da dos outros, daí dizer o que diz.

Nesse mundo há todo tipo de pessoas. Não deixa de ser bom cruzar com alguém que acredita em si mesmo. As dificuldades da vida fazem com que muita gente, muita gente mesmo, siga de cabeça baixa. No fundo do coração as pessoas sonham com vida melhor, mundo melhor. Mas, o sonho não se realiza e a vida passa. Talvez por isso a identificação com ícones que, da noite para o dia, tornam-se grandes sucessos. Sob a capa do sucesso os ícones trazem a ideia de que o sonho pode ser realizado, talvez num golpe de sorte. Não custa esperar.

A sorte de fato pode ajudar a uns poucos agraciados com prêmios inesperados. É o caso dos sortudos que ganham nas loterias. Verdade que o acesso súbito à fortuna pode confundir. Vejam-se os vários relatos de pessoas que ganharam polpudos prêmios e se deram mal por não saberem administrar o dinheiro e adaptarem-se à nova condição.

Nesse sentido é exemplar o caso de um imigrante vietnamita que ganhou milhões na loteria do Canadá. Ao conferir o resultado o sortudo foi até uma lotérica e pediu que os números sorteados fossem impressos para ele. Então retornou à casa e ficou dias comparando os números de seu jogo aos do papel impresso. Entretanto, não foi receber o prêmio. Só o fez seis meses depois, período que considerou necessário à preparação de sua família para a nova vida. Informou, ainda, que fará uma viagem a vários lugares com a família. Depois disso, voltará para casa e tornará ao trabalho de jardineiro. É jovem e forte, precisa trabalhar.

Há quem tenha consciência de seu próprio valor e vanglorie-se disso. Há quem, como o radialista acima, atribua seu sucesso ao valor próprio, muita dedicação e suor. Existem pessoas de muito valor que jamais terão sucesso em seus empreendimentos. Há aqueles que confiam em si mesmos, mas se escondem, tamanhas suas simplicidades. A multiplicidade de pessoas, suas aspirações e conquistas é estonteante.

Uns poucos seres humanos deixam marcas de sua passagem nesse mundo. São e sempre serão lembrados, seja para o bem ou para o mal.

Novelas

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Nunca assisti a uma novela inteira. Em verdade sempre acabo vendo poucos capítulos, situação mais que suficiente para me inteirar sobre o assunto. O cansativo nas novelas é o excesso de romantismo. Personagens talhadas na fôrma romântica trafegam em um ir e retornar de situações quase sempre melodramáticas. O mal é encarnado por personagens, muitas vezes femininas, que se esmeram em atos terríveis. O acordo se dá entre os atores e os telespectadores como não poderia deixar de ser. A personagem do mal mostra-se transparente para o público. Mas, dentro da novela, quase sempre se faz passar por alguém incapaz de maldades.

Muita gente se lembra do grande sucesso que foi “O direito de nascer”. A novela arrastou-se por meses nas telinhas das televisões em preto-e-branco. Quando tudo parecia caminhar para a solução da trama acontece algo inesperado: o personagem que deveria reconhecer seu neto é vítima de um AVC. A partir daí arrastaram-se inúmeros capítulos até que, em certo dia, o velho enfim dissesse: meu neto!

De lá para cá as novelas melhoraram muito. Tecnicamente, com boas tramas e ótimos atores. Em algumas delas a expectativa gerada pelos capítulos finais movimentou multidões. Quem não se lembra da excelência de “O bem-amado” de Dias Gomes?

No momento está nas telas “A dona do pedaço”. O enredo atinge as raias do absurdo. A personagem central, Maria da Paz, é traída pela própria filha, mas se recusa a aceitar evidências da traição. A filha rouba à mãe toda a fortuna adquirida durante uma vida de muito trabalho, fica com o marido da mãe, expulsa a mãe de casa e, ainda assim, a Maria da Paz não se dá conta do verdadeiro caráter daquela que gerou.

Vez ou outra surge na internet gente que ofende Maria da Paz, tamanha a burrice da personagem. Por trás do enredo o autor, Walcir Carrasco, que parece se divertir às custas daqueles que acompanham a novela. Será que um dia Maria da Paz acordará e verá, finalmente, o que todos não aguentam mais presenciar a cada noite, diante dos aparelhos de televisão?

A maioria das novelas termina bem. Justiça feita, criminosos punidos, casamentos felizes etc. Tudo isso bem rodado no caldeirão das peripécias. Caso se chegue a isso sem muitos exageros o público se dará por satisfeito.

Escrito por Ayrton Marcondes

28 agosto, 2019 às 1:19 pm

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O ambiente

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Nos anos 70 do século passado pouco se falava sobre preservação do ambiente. Nas escolas o curso de Biologia era mais focado nas subdivisões padronizadas: citologia, genética, zoologia e botânica. Assuntos relacionados ao ambiente eram englobados em aulas de zoologia e botânica.

É preciso lembrar de que, então, não existia a internet. As publicações de que dispunham os estudantes eram obras traduzidas do inglês e francês, algumas do espanhol. Livro importante e utilizado principalmente nos cursos superiores da área era o “Ecologia”, do Eugene Odum, traduzido para o português na década de 70. Entenda-se: não é que não se soubesse - e falasse - sobre chuvas ácidas, aquecimento global etc. Mas, as ameaças ao ambiente não eram tratadas com a ênfase de hoje. Pudera. O mundo era o mesmo em que vivemos atualmente, mas a população bem menor e a devastação ambiental não tão visível a ponto chamar a atenção popular. Alertas quanto ao perigo no futuro apareciam, mas não sugerindo crises imediatas. Enfim, a Terra deveria ser preservada, mas a conscientização em torno da necessidade de salvar o planeta não era, ainda, de domínio público. Hoje em dia fala-se o tempo todo sobre o ambiente e governos brigam entre si quanto à responsabilidade pela devastação ambiental e suas consequências. Cada um busca isentar-se na medida do possível, em geral atribuindo a outrem a culpa pelas mudanças ambientais.

De modo que a ecologia e o ambiente passaram a ser assunto do café da manhã em todas as mesas. Os noticiários dos meios de comunicação diariamente tratam do assunto. Notícias sobre mudanças ambientais correm o mundo e preocupam as populações. As muito altas temperaturas observadas no recente verão europeu inquietam. As queimadas que resultam em devastações florestais chegam ao primeiro plano das discussões entre países, envolvendo até mesmo a possiblidade de quebras de acordos comerciais. Nas ruas passam a ser comuns protestos contra a devastação ambiental. Acordos relacionados ao clima não contam com a adesão de algumas potências mundiais. Em meio a tudo isso encontra-se quem duvide de que o ambiente corra perigo, ignorando-se alertas e dados científicos publicados por organizações respeitáveis.

É nesse contexto que surge o problema da Amazônia. No momento a grande floresta arde em chamas por incêndios que se investiga serem de natureza criminosa. A Amazônia em perigo gera revolta e protestos em todo o mundo. O Brasil, país que abriga em seu território a grande floresta, passa a ser acusado por não a preservar. Chefes de governo das mais ricas nações do mundo reúnem-se. Na pauta o assunto: queimadas na Amazônia. A par da justificada preocupação com o ambiente o oportunismo de alguns governantes que acusam o Brasil, mais focados em outros interesses de seus países.

Muita gente protesta, muita gente diz besteiras. Pessoas de renome publicam suas opiniões, usando erros como o de atribuir à Amazônia a função de “pulmão do mundo”.

No Brasil o presidente da República esmera-se em fornecer farto material ao estrangeiro, infelizmente utilizado para denegrir o país que governa. Faz isso através de declarações impensadas e nem sempre corretas.

Mas, a Amazônia é importante. Muito importante. Para além das opiniões há que se preservá-la. É nisso que os esforços devem ser concentrados.

A morte

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Presenciamos o desaparecimento de pessoas próximas e isso nos faz pensar sobre a precariedade da vida. Ao chegar à velhice a morte se nos apresenta como fato ainda mais palpável. Não há como olvidar que ela nos espera, faminta. Caminha-se em direção a ela numa rota inexorável. Não há como driblar a fatalidade que nos aguarda ao fim de um túnel onde tudo, finalmente, se apagará.

Cemitérios são plenos de lápides nas quais se inscrevem nomes e datas dos desaparecidos. É sempre impressionante observá-las. Estão ali resumos de períodos nos quais aquelas pessoas estiveram entre os demais mortais. São registros que não traduzem emoções, alegrias, tristezas, problemas, dificuldades e tantas outras coisas que permearam a passagem dos dias dos que se foram. As lápides nos entristecem. Levam-nos a pensar nas nossas futuras lápides. Quando?

Morre-se por toda sorte de causas. Morre-se ainda jovem. Morre-se na velhice. Certas mortes nos impressionam mais que outras. Aceitamos com mais facilidade o desaparecimento de alguém que sofria irremediavelmente. Mas, as mortes súbitas nos afetam. Incomodam. Inesperadas, trazem consigo a força da impunidade com que a morte escolhe aqueles cujas vidas ceifa de repente.

Neste final de semana uma morte despertou a atenção. Trata-se do desaparecimento da escritora Fernanda Young. Estava ela em preparação para peça teatral e optou por descansar num sitio. Foi nesse lugar que, acometida por crise asmática, veio a falecer. Subitamente. Inesperadamente, provocando grande consternação entre aqueles que a conheciam.

A morte é assim. Age sem escrúpulos. Leva a quem bem entender, sem maiores explicações. É lugar comum dizer-se que a única certeza que temos é a de que a morte virá. Infelizmente.

Escrito por Ayrton Marcondes

26 agosto, 2019 às 11:18 am

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Questão ambiental

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Seguem as acusações, de lado a lado, sobre o desmatamento da Amazônia. O presidente Bolsonaro taxa de mentirosos os índices divulgados pelo Inpe. A Alemanha e a Noruega deixam de mandar os milhões para preservação da grande floresta. O presidente reage dizendo que querem é comprar a Amazônia, que cuidem de suas próprias agressões ao ambiente.

O Instituto Imazon acaba de divulgar relatório que aponta um crescimento de 66% no desmatamento na chamada Amazônia Legal no mês de julho de 2019, em comparação com o mesmo período no ano passado.

Nessa história toda fica claro que, afinal, existe desmatamento. Mas, não há como aceitar o tom impositivo com que os estrangeiros acusam o país. Apontam o dedo. No rádio um comentarista político afirma que Alemanha e Noruega nos tratam como se fôssemos selvagens ainda na pré-história. Fazem isso sem olhar para o próprio rabo, diz ele. Afirma que a Alemanha já quase não possui reservas. Da Floresta Negra alemã restam apenas 2%. A Noruega é responsabilizada pela chuva ácida.

A Alemanha se apressa em divulgar um vídeo, com legendas em português, mostrando suas reservas naturais. Busca contradizer as acusações que a ela fazem.

A questão ambiental preocupa. Embora o presidente norte-americano negue o aquecimento global é um fato. O verão europeu, por exemplo, caracterizou-se por temperaturas extremante altas e preocupantes. O degelo nas calotas polares é inegável.

O que se publica na mídia é que a imagem do Brasil anda em baixa no exterior. Não se pode negar certa conduta de superioridade das nações de primeiro mundo em relação ao Brasil. No fim das contas, o que se pede é prudência e entendimento. Mas, ao que parece, com a radicalização de posições, o entendimento custará a vir, se vier. Enquanto isso vamos vivendo sem olhar para a frente e sem imaginar que mundo será legado aos que vierem depois de nós.

Amigos e política

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As redes sociais mais destroem do que constroem. Para muita gente isso é mais que verdade. Mas, não significa que as redes não consigam mais e mais participantes. Para o bem e para o mal.

Nas redes o que está em jogo é a exposição. Num momento em que as polarizações estão ativadas os prós e contras são acelerados. Daí ser difícil entender porque algumas pessoas seguem na trilha, recebendo agressões tantas vezes desmedidas.

Semana passada um padre que conta com grande número de seguidores decidiu suspender a sua conta. Ele havia afirmado que pessoas presas por terem cometido crimes contra os pais, ou filhos, não deveriam gozar a liberdade concedida no dia em que os pais são homenageados. Como sempre existem os prós e os contras. Ao deixar a rede o padre alegou depressão por ter recebido agressões ao divulgar a sua opinião.

Quando o assunto é política as coisas se tornam mais complicadas. É comum que pessoas ligadas por laços de amizade se reúnam através das redes. Diariamente postam mensagens, comemoram datas, comunicam falecimentos etc. Mas, o caldo entorna quando alguém se dispõe a dar sua opinião sobre o jogo político.

Ano passado presenciei furioso embate nesse sentido. Amigos que se conheceram no antigo Ginásio - hoje Ensino Fundamental – reencontraram-se depois de garimpo atrás dos velhos colegas. Localizados, identificados, logo se puseram em uma rede na qual passaram a postar mensagens. O problema surgiu quando um deles passou a defender Lula que teria sido injustamente condenado e preso. De repente ouviram-se vozes dissonantes. Não demorou para que surgissem os defensores da Laja-Jato. De uma discussão pouco amistosa no início a situação evoluiu para troca de mensagens ofensivas.

A certa altura alguns dos participantes do grupo alegaram sair porque não aceitavam o petista. Por outro lado, o petista não poupou agressões que, aliás, brotaram de lado a lado. Foi assim que velhos colegas do tempo escolar, gente que não se via há 50 anos, desentenderam-se, irremediavelmente.

Noutra rede de colegas ao tempo de faculdade alguns dos participantes postam mensagens de teor político. Alguns dos participantes solicitam, com frequência, que os antigos companheiros falem sobre tudo, menos política. Mas, é preciso considerar a natureza de cada um. A política pode funcionar como espécie de ópio que apaixona. O homem é um ser político. De modo que para aqueles que tem a oportunidade de divulgar suas tendências a rede surge como oportunidade imperdível. Há que se doutrinar, convencer os outros… A ver no que vai dar.

Uso as redes para comunicações familiares. Ou contatos e comunicações necessárias. Trata-se de um excelente meio que agiliza procedimentos do dia-a-dia. Não sei dizer se as redes mais destroem que constroem.

Heróis

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Na mitologia o herói é filho de um Deus e um ser humano. Daí ser capaz de atos que humanos comuns não conseguem. Na sua condição intermediária, entre um Deus e um mortal, é movido por ideais nobres embora por vezes pratique atos como a vingança, mas agindo com justiça. Hercules é um herói desse tipo cuja vida, repetidamente, tem motivado filmes nos quais a tremenda força do personagem interpretado torna-o superior aos adversários que o enfrentam.

Mesmo seres humanos podem ser considerados heróis. São pessoas que eventualmente praticam atos interpretados como heroicos. É o caso de Joana D´Arc , até hoje considerada heroína francesa pela suas ações durante guerras de sua época. No Brasil considera-se Tiradentes como herói pela sua participação durante a Inconfidência Mineira, tendo sido enforcado por ordem do império português.

Outra categoria é a dos super-heróis criados nas histórias em quadrinhos e filmes. Os super-heróis são dotados de grandes poderes os quais utilizam em prol do bem-estar comum. De grande sucesso a série de filmes “Vingadores” na qual vários super-heróis se reúnem para combater o mal que ameaça destruir os seres humanos e a própria terra. Mas, há a recente Capitã Marvel, Aquamen e muitos outros.

Vez ou outra, vozes se levantam para eleger algum herói humano calcadas em atos considerados sugestivos para tal classificação. Mas, há também possíveis equívocos os quais despertam reações quanto ao que é considerado falso heroísmo, ou mesmo, atitudes não merecedoras do título de heróis.

No momento discute-se o fato do presidente da República abertamente classificar como herói um homem acusado e condenado por realizar torturas no período da Ditadura Militar. O Coronel Brilhante Ustra foi reconhecido e condenado por torturas por ele comandadas e realizadas. Mas, o presidente insiste na falsidade dessas acusações e, mais que isso, o tem como verdadeiro herói.

A disposição do primeiro mandatário do país em eleger como herói um homem sobre quem pesam acusações e provas de suas ações em casos de tortura tem despertado reações em vários níveis. De fato, seja pelo que for, Ustra não reúne características que permitam rotulá-lo como um herói nacional. Daí a impressão de que o presidente a cada dia se enreda num caminho difícil, constrangedor e, talvez, sem volta.

O BR-800

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João Augusto Conrado do Amaral Gurgel teve e realizou o sonho de produzir um carro genuinamente nacional. Assim, em 1988, iniciou-se a produção do BR-800 ancorada na venda de ações. Os investidores pagavam 3000 dólares pelo carro e metade desse valor no investimento em ações.

Pode-se ler na internet detalhes da histórica aventura de Amaral Gurgel. A mudança dos valores de IPI, realizada em 1990, prejudicou a Gurgel e favoreceu a Fiat. Com a nova tributação - passou de 5 a 10% - o preço do BR-800 ficou muito próximo ao do Uno Mille, carro melhor e mais espaçoso. Em 1993 verificou-se a derrocada da montadora brasileira que, um ano depois, encerrou suas atividades, deixando enormes dívidas.

Fui usuário de um BR-800 que recebi de parente próximo, um dos investidores da Gurgel cuja fábrica ficava em Rio Claro. Por ocasião do lançamento oficial do carro fomos convidados à fábrica. Naquele dia preparou-se em Rio Claro, na sede da Gurgel, evento para lançamento do carro. Os novos proprietários receberam as chaves de seus veículos e participaram de um almoço junto a outros investidores. Foi nessa ocasião que conheci Amaral Gurgel, também presente, e orgulhoso por produzir um carro 100% nacional.

Impossível, naquela ocasião prever os dissabores que viriam pela frente em período tão próximo. Mas, voltei de Rio Claro dirigindo o BR-800 e posso dizer que mantive o carro por cerca de dois anos.

A bem dizer o BR-800 era de fato econômico, mas carecia de conforto e mostrava-se aquém das necessidades em estradas. Bastante compacto, o carro fora desenhado de modo que os vidros de suas portas não permitiam boa ventilação interna. Mas, era um carrinho muito útil para circulação nas cidades, fácil para estacionar em pequenas vagas.

Isso não quer dizer que não tenha realizado com ele algumas viagens. Numa delas, entretanto, as coisas não ficaram muito bem. Naquela época eu me deslocava semanalmente entre Santos e São José dos Campos. Fiz esse trajeto sem problemas algumas vezes com o BR-800. Entretanto, certa ocasião, trafegava pela Via Dutra quando ouvi barulho estranho no motor. Com dificuldade cheguei a São José onde levei o carro a uma oficina. Danificara-se uma peça do motor e, a partir daí tínhamos um problema pela frente.

A questão era de que a tal peça não existia no mercado e estava em falta na própria fábrica da Gurgel, conforme fui informaram em contato que fiz com os fabricantes do carro. Nesse caso a solução foi produzir a peça, serviço que tomou dois dias do trabalho de um torneiro mecânico. Muitos testes foram feitos quanto à adaptação da peça produzida até se conseguir resultado satisfatório.

Naquela oficina entendi a dimensão do sonho de Amaral Gurgel e as dificuldades de sua realização. Fabricar um carro 100% nacional e disponibilizar serviços ainda que no próprio Estado de São Paulo mostrou-se tarefa de difícil realização.

João Augusto Conrado do Amaral Gurgel faleceu em 2009, aos 82 anos. Sofria do mal de Alzheimer. Destaque-se seu empenho e coragem ao assumir um empreendimento de grande envergadura na indústria automobilística brasileira. Foi um homem de visão que atuou num mercado dominado pelas empresas multinacionais, sem poder vencê-las.

Escrito por Ayrton Marcondes

7 agosto, 2019 às 4:07 pm

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Medalha de ouro

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Brian Yang conquista medalha de ouro para o Brasil nos Jogos Pan-americanos. Ele venceu um canadense na final de badminton. Badminton? Não é esporte muito conhecido no país. Se bem entendi assemelha-se ao tênis, mas ao invés da bolinha faz-se uso de um volante ou pena que é rebatido com as raquetes. Pode ser jogado individualmente ou em duplas.

O esporte das multidões no país é o futebol. Vôlei e basquete são importantes, mas não tanto quanto o futebol. Aliás, futebol diferente daquele jogado pelos norte-americanos. Trata-se, aqui, do onze contra onze e Deus nos ajude a conter as nossas paixões.

Há outros esportes para os quais nem sempre se dá a devida atenção. No campeonato Pan-Americano de Cheerleading, Evelyn Apolinária e Gabriela Cruxên, de 19 e 18 anos, respectivamente, trouxeram o bronze de Lima, no Peru, para o Brasil. Cheerleading? Cheerleaders são as animadoras de torcida. Nos EUA existem animados campeonatos de Cheerleading. Música, dança e elementos de ginástica são usados para animar as torcidas durante jogos de suas equipes. E o cheerleading já foi reconhecido como modalidade esportiva pelo comitê olímpico.

É conhecido que os atletas nacionais não contam com grande apoio em suas carreiras. Os resultados pouco expressivos obtidos pelos atletas do país em competições internacionais ficam na dependência do esforço e dedicação individuais. Medalhas de ouro surgem, mas não com frequência. Assim, o destaque conferido aos que conseguem conquista-las é mais que merecido.

O que se espera é maior atenção ao esporte brasileiro que, à carência de patrocínios, tem ficado aquém em relação aos resultados obtidos por atletas de outros países.

Dívidas

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Contas a pagar. Todo mundo tem. O problema é pagá-las. Pessoas de baixa renda podem supor que os mais abastados vivam com folga financeira. Nem sempre é verdade. A máxima de que se gasta dinheiro proporcionalmente ao que se ganha faz muito sentido. Há quem ganhe muito e gaste mais ainda. Talvez por isso cause tanto estranhamento saber que tal e tal pessoa está a dever milhões. Mas, não é ele que…

Recentemente, noticiou-se que um ex-jogador de futebol tem dívidas da ordem de 7 milhões. O ex-campeão de automobilismo deve aos bancos cerca de 22 milhões.

Não dá para imaginar como será receber um ou mais milhões por mês. Artistas norte-americanos vivem em mansões milionárias. Há quem tenha aviões a jato. Helicópteros e iates são comuns no mundo das pessoas abastadas. Mas, como se diz, dinheiro é vendaval. Escorregadio. Se não for bem cuidado esgota-se. Isso pode acontecer na fase em que o gastão já não tem de onde arrancar novos milhões. Acontece, por exemplo, a pessoas que se aposentam após rendosos anos de atividades esportivas. Não faz muito conhecido esportista confessou ter ido a bancarrota. Alegou passado no qual possuía muitos veículos e gastos com mulheres. Agora, aposentado do esporte, solicitava ajuda.

Cifras enormes sempre impressionam. Entre nós a Operação Lava-Jato trouxe à luz desvios gigantescos de dinheiro. Contas no exterior com cifras de milhões em nome de uma só pessoa nos deixaram boquiabertos. A pergunta sobre o que uma dada pessoa faria com aquele dinheiro todo permanece. Segundo o ex-governador do Rio, ainda preso, a continua apropriação de grandes somas se deveu ao fato de o poder ser muito perigoso e haver muito dinheiro. Pelo que ele não conseguiu se conter. Enfim, perdeu-se na promiscuidade da avalanche de dinheiro, corrompeu-se.

Cada um organiza sua vida em acordo com a realidade em que está inserido. Num país onde existem 12 milhões de desempregados e a pobreza existe falar em milhões roubados é inaceitável. Cabe às autoridades pronta resposta no combate à pobreza, ao desemprego e a punição dos que dilapidam os cofres públicos.