2020 abril at Blog Ayrton Marcondes

Arquivo para abril, 2020

Sorte grande

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Foi numa farmácia. Estávamos na fila de atendimento, dois metros de afastamento de cada um, quando um homem disse à mulher que o acompanhava:

- Numa crise dessas só mesmo se tirar a sorte grande.

A “sorte grande”. Há muito tempo não ouvi falar sobre ela. Mas, na minha infância, citava-se muito a danada. Ela fazia parte dos sonhos das gentes classe média baixa e dos pobres. Tirar a “sorte grande” seria a solução para todos os problemas. Mas, como alcançá-la?

Pode ser que “sorte grande” tenha muitos significados. Mas, o mais comum e significativo representa ganhar muito dinheiro de uma só vez. Em geral isso se consegue acertando com bilhetes de loteria, no jogo do bicho e, mais recentemente, na megasena, na quina etc.

Embora proibido no Brasil consta que o jogo do bicho segue ativo nesse Brasil afora. São 25 bichos e pode-se apostar nas dezenas, centenas e milhares. Acertar o milhar representa conseguir o prêmio mais alto, logicamente com valores proporcionais àqueles que foram apostados. Mas, o jogo do bicho acontece “por baixo do pano”, como se diz. Interessados em apostar sabem onde fazer o jogo.

Mas, ao que parece a “sorte grande” é para poucos. Conheci um jogador contumaz que perseguiu por muitos anos a tal sorte. Conseguiu-a no fim da vida: teve seu bilhete premiado na Loteria Federal, ganhou no bicho e, incrivelmente, nalgumas rifas, tudo ao mesmo tempo.

A bem da verdade não sei o que dizer sobre a sorte. Francisco Matarazzo, industrial italiano que chegou a ser o terceiro homem mais rico do mundo, atribuía seu sucesso nos negócios a dois fatores: inteligência e sorte. De minha parte não sei dize se tenho, ou não, a sorte no jogo. Entretanto, quando ainda aluno do curso hoje chamado de Ensino Médio, participei de uma festa na qual existiam barracas que faziam sorteios. Os prêmios mais relevantes eram frangos assados. Pois devo ter ganho cerca de meia dúzia de frangos que levei para casa. Espero não ter gastado ali toda a minha cota de sorte em rifas e jogos porque, depois daquela ocasião, nunca mais ganhei em nada.

Hoje em dia a Megasena faz milionários com alguma frequência. Nem sempre conseguir a “sorte grande” significa felicidade no futuro. São muitos os casos de ganhadores que acabam se dando mal por mau uso do dinheiro etc. Mas, como dizia um conhecido: “se dinheiro não traz felicidade então eu não quero ser feliz”. Será?

Escrito por Ayrton Marcondes

30 abril, 2020 às 12:22 pm

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Retorno

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A paralisação das atividades imposta pelo confinamento abre as portas do passado. Não se trata apenas da reclusão pessoal, convite inevitável para incursões nas memórias. De repente pessoas e situações há muito vividas saem das sombras. É como se nossas casas estivessem, da noite para o dia, povoadas por fantasmas que a todo transe nos acossam. Lembranças, lembranças, mesmo aquelas de que não gostaríamos mais de recordar. Alegrias, tristezas, atitudes corretas e outras nem tanto, erros crassos, amores perdidos, sofrimentos que pareciam jamais terminar, desavenças, ajudas, enfim tudo aquilo que nos faz misteriosamente humanos.

Mas, não há como fugir ao passado. A disseminação da pandemia impõe paralisações inevitáveis. Na imprensa o noticiário gira em torno de números de pessoas infectadas e óbitos, relegando ao segundo plano notícias que nos chegavam ainda a pouco. Alerta-se sobre a crise econômica decorrente da paralisação, da queda do consumo de combustíveis e sobre o futuro incerto. Com atividades esportivas suspensas resta-nos assistir a competições ocorridas no passado. Ressuscitam-se heróis de conquistas memoráveis. O embate entre as seleções brasileira e italiana na final da Copa do Mundo de 1970 é mostrado na televisão. Grandes jogos entre equipes também ocupam o espaço deixado pelas competições agora paralisadas. Sugestões de livros para estimular a leitura nas intermináveis horas do dia e da noite aparecem na mídia. Isso sem falar na repetição de novelas de sucesso cujos capítulos são exibidos diariamente. E filmes que marcaram época. De repente as novas gerações entram em contato com ídolos do passado de cuja existência desconheciam. Estão aí celebridades como Henry Fonda, John Wayne, Tyrone Power, Clarck Gable e tantos outros.

Por falar em Clark Gable dias atrás alguém mencionou o filme “Os Desajustados”, de 1960. Dirigida por John Huston a película conta com grandes estrelas, o próprio Gable, Marylin Monroe e Montgomery Cliff. No enredo uma mulher recentemente divorciada, Rosilyn Taber, vivida por Marylin, está num bar com uma amiga e conhece dois cowboys, Gay Langland (Clark Gable) e Perce Howland (Montgomey Clift). O grupo acaba por ir a um rodeio onde encontram um terceiro cowboy, Guido (Eli Wallach), que fala sobre cavalos selvagens. A decisão é ir à caça desses cavalos. Entretanto, quando a caça acontece Rosilyn descobre que o motivo da perseguição é apanhar os cavalos para serem sacrificados e fornecerem suas carnes. Rosylin se opõe a isso. É impressionante a cena da captura dos cavalos, realmente selvagens, induzidos a correr numa trilha. Há o momento em que Gay tenta laçar um deles e é atrapalhado por Rosalyn. A reação de Gay é empurrar Rosalyn que acaba caindo.

Em “Os Desajustados” existem, ainda, as reações amorosas entre Rosalyn e os dois homens, Gay e Perce. O roteiro do filme foi realizado pelo grande escritor Arthur Miller, na época marido de Marylin Monroe. Trata-se do último filme de Gable e Marylin. Gable morreria pouco depois. Marylin seria encontrada morta em seu quarto, em 1962. Aos que não tiveram oportunidade de conhecer a grande diva Marylin Monroe “Os Desajustados” apresenta-se como grande opção.

Nos EUA grandes escritores trabalharam como roteiristas de filmes. O dramaturgo Arthur Miller, autor de “A morte do caixeiro viajante”, foi um deles. F. Scoot Fizgerald, autor do grande romance “O Grande Gatsby” trabalhou alguns anos em Hollywood. O prêmio Nobel de literatura William Faulkner foi roteirista de filmes dirigidos por Howard Hawks. Aliás, sobre Faulkner existe a piada de que Hawks apresentou-o a Clark Gable, na época grande estrela de Hollywood. Ao serem apresentados, Gable perguntou a Faulkner sobre o que ele fazia. Ao que Faulkner respondeu:

- Sou escritor. E o senhor, o que faz?

Raízes do Brasil

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Nos dias que correm é comum que nos jornais se publiquem indicações de livros para que pessoas confinadas em suas casas preencham algum tempo de ócio que acaso tiverem. Desde literatura a economia e autoajuda, os temas são variados. Nas televisões o assunto único é a pandemia. As notícias sobre números de infectados e óbitos ocupam o espaço dos noticiários. Hoje publica-se que o preço do barril de petróleo teve baixa de mais de 30%, mas pouca atenção se deu a isso dado que nas bombas dos postos de gasolina os preços dos combustíveis se mantêm inalterados.

O grande problema do momento é a duração do confinamento. Ontem passeatas ruidosas pediam o fim da reclusão forçada. Com os negócios parados há risco de quebradeira de empresas e ainda mais desemprego no país. Do lado oposto situa-se o vírus que vai mantando gente mundo afora. O binômio saúde/economia tem despertado grandes discussões. A morte ou a sobrevivência dos negócios?

De todo modo muita gente arrisca-se a desobedecer às orientações da OMS. Saem às ruas, não usam máscaras, não respeitam os tais dois metros entre uma pessoa e outra. O que há é certa descrença no perigo de ser infectados. Isso sem falar naqueles que supõe ser o vírus nada mais que uma invenção.

O comportamento de grande parte da população difere do que se vê em outros países nos quais o confinamento é levado a sério. Cientes de que essa é a única maneira de impedir o avanço da pandemia do qual depende o retorno às atividades normais pessoas seguem a risca as normas do isolamento. Isso nos leva a pensar sobre o modo de ser da nossa gente e desperta a curiosidade sobre tantos ensaios escritos ao longo da existência do país. Um deles, embora escrito nos anos 30 do século passado não deixa de ser interessante, embora nem tudo em seu conteúdo seja aplicável aos Brasil de hoje. Trata-se de “Raízes o Brasil”, obra do sociólogo Sergio Buarque de Holanda.

No livro Buarque de Holanda descreve o brasileiro como um “homem cordial”, isto é, que age pelo coração e pelo sentimento, preferindo as relações pessoais ao cumprimento de leis objetivas e imparciais. Daí resulta a dificuldade de homens ocupando cargos públicos distinguirem entre o público e o privado. O “homem cordial” é dominado pelo coração. O coração funciona como intermediário das relações daí a sociedade em que o Estado funciona como propriedade da família.

“Raízes do Brasil” é um mergulho na identidade brasileira que ainda hoje merece muita reflexão. Faz parte de livros publicados por seleto grupo de pensadores entre os quais estão Gilberto Freyre, caio Prado Junior e Celso Furtado entre outros.

Moraes e Fonseca

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Em meio a tantas mortes diárias há quem ouse morrer de causas não ligada ao Covid-19. Nesta semana duas baixas importantes no setor cultura brasileira.

A primeira delas do músico e cantor Moraes Moreira, encontrado morto em sua casa. Sobre o talento de Moraes e sua importância para cultura popular do país desnecessário falar dado o conhecimento público sobre a carreira do grande baiano. Entretanto, sobre Moraes cabe-me curiosa lembrança de cunho pessoal.

Nos anos 70 do século passado morava eu em São Paulo e tinha por hábito comparecer ao Teatro Municipal em ocasiões que minha atividade permitia dado que também trabalhava à noite. Nessas andanças tive a oportunidade de assistir à apresentação do grande pianista norte-americano George Sharing, do saxofonista Gerry Mullingan e do cantor Billy Eckstine, entre outros. De Eckstine gravei na memória o poder de sua voz demonstrado ao final do espetáculo quando surpreendeu o grande público presente ao cantar sem o uso do microfone.

Pois numa dessas ocasiões eis que foi anunciada a presença de um grupo com nova proposta musical do qual um dos participantes era Moraes Moreira. Confesso que não consegui assistir o espetáculo até o final. Já de começo com pequeno público fomos surpreendidos com músicas que combinavam desde frevo a jazz, mas executadas com auxílio de equipamentos poderosos. Era uma dança de muitos watts que acabavam ferindo os tímpanos. A impressão era a de que aquilo tudo melhor ficaria ao ar livre ou num ambiente bem maior que o do Municipal. Assistíamos, sem saber, ao parto dos trios elétricos dos quais Moraes foi o criador.

O desertor do dia foi o escritor Rubem Fonseca levado por mal súbito aos 94 anos de idade. Fonseca marcou uma geração com seus contos e romances. Seu livro “Feliz Ano Novo”, coletânea de contos, fez furor na década de 70. Naqueles anos tinha eu um colega de trabalho que, certa ocasião, apareceu com o livro, dizendo o sentencioso “você precisa ler”.

Li o livro de Rubem Fonseca numa única noite. Eram histórias terríveis, narradas com frieza de doer os ossos. Fonseca conhecia a maldade por dentro e sabia como demonstrá-la através de narrativas bem acabadas. Não me recordo se num dos contos desse livro está história do ladrão que invade uma casa pouco depois de seu proprietário ter saído para o trabalho. Ao entrar no quarto encontra a bela mulher que dorme. Ele a estupra, relatando o aparecimento da humidade na vagina e o silêncio daquela que nada pode fazer. Horrível o modo como narra, a escolha exata das palavras, a transmissão do ato em toda a sua força animal.

“Feliz Ano Novo” foi proibido pelo governo militar que então comandava o país. O livro tornou-se, assim, um best-seller. Daí o gesto do colega e grande amigo que me passou o livro proibido com recomendações de cuidados e rápida devolução. Havia uma lista de espera.

No momento em que a cultura brasileira tem sofrido muitos ataques os desparecimentos de Moraes Moreira e Rubem Fonseca nos alertam para necessidade de mantermos viva a inteligência e a própria cultura do país.

Durante a reclusão

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Ouço relatos de que as crianças estão nervosas. Trancadas em apartamentos com outros familiares falta a elas espaço e liberdade. Os pais não sabem o que fazer. Também eles confinados, muitos em home office, preocupam-se com a redução de seus rendimentos e a segurança das famílias.

O covid-19 emparedou a humanidade. Trata-se de adversário perigoso que vai fazendo número crescente de mortos mundo afora. Muito se fala sobre esse vírus em torno do qual se debruçam especialistas de grandes centros de pesquisa. A todo transe se buscam vacina e medicamentos que possam debelar o mal. Mas, o progresso é lento. Também surgem aqueles que se aproveitam da ocasião para lançar as tais possibilidades de curas milagrosas.

Seguem no país as divergências entre o presidente e o ministro da saúde que está a um passo de ser demitido. Quando acontecer o terreno estará livre para o decreto de fim do confinamento. A opinião dos especialistas é que tal medida resultará em desastre com agravamento da epidemia.

Nós, simples mortais, olhamos pelas janelas. Se há saudades do mundo em que vivíamos até a pouco, por outro lado a parada obrigatória nos leva a repensar sobre a vida que levamos. Repensar sobre o que somos e o sentido da vida. A rotina diária a que estamos habituados é estafante a ponto de nos esquecermos de nós. Atuamos como peças integrantes de um sistema no qual cabe-nos realizar aquilo que se espera de nós. É o papel condicionado pela sociedade da qual, queiramos ou não, fazemos parte.

Dias trás passei pela orla da praia e vi, de longe, o mar. Ondas pequenas chegavam à areia, trazendo mensagens cifradas. O azul do mar na manhã de sol era extasiante, emprestando força como a dizer que tudo pode ser superado. Mas, havia enorme tristeza naquilo tudo. O acesso ao calçadão e à areia fora bloqueado no sentido de evitar aglomeração e proximidade entre as pessoas. Era uma paisagem linda à qual faltava a presença da vida humana, daí incompleta.

O homem está diante de grande adversidade. Cabem inteligência e método para superá-la.

Ao vivo

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Não adianta reclamar: meus vizinhos são doidos pelo tal sertanejo universitário. Moramos, lado a lado, há 20 anos e nunca tive razões para me queixar deles. Gente boa e atarefada. Agora, porém, os vizinhos estão reclusos como de resto toda gente. Eis que da noite para o dia o apartamento deles se torna caixa de ressonância. As sessões começam cerca de 11 da manhã e duram até a madrugada seguinte. E não é só para ouvir o sertanejo: os vizinhos cantam junto, aliás cantam bem alto.

Não que eu tenha algo contra o sertanejo e afins. Na verdade, tenho um traumazinho trazido da minha infância. Defronte a casa onde morávamos um japonês tinha um bar no qual, aos domingos, cantores de moda de viola se reuniam. As sessões começavam após o fim da missa das dez da manhã. Naquele tempo as pessoas vinham das roças para a missa, gente fervorosa que era. Era o dia de descanso de pessoas que davam duro nas plantações, cumprindo tarefas difíceis. Uma tarefa compreende a realização de trabalho numa área de 0,33 hectares. Não é mole.

Pois bem. Terminada missa as pessoas circulavam na rua de chão de terra, aproveitando para compras de mantimentos que serviriam para a semana. Hábito curioso era o de membros de algumas famílias sentarem-se, formado uma roda. Nessa roda passavam, de pessoa para pessoa, uma panela grande e uma colher. Era o almoço comunitário no qual cada um retirava da panela uma boa colherada, passava depois ao membro do lado e aguardada que a panela completasse o ciclo, retornando até ele.

Era assim. Mas, a essa altura as duplas caipiras já haviam se organizado no bar do japonês. E começava a cantoria que durava até o anoitecer. Cantores com violões e uns goles da boa pinga bastavam para alegria geral.

Assim, as tardes de domingo na nossa casa eram um verdadeiro inferno. As duplas eram animadas e muita gente ficava na rua, defronte o bar, para ouvi-los. Quanto a nós não existia em nossa casa um único cômodo no qual não chegasse o som das modas de viola…

Comecei falando sobre a barulheira dos meus vizinhos e me perdi em lembranças dos meus tempos de rapazote. A bem da verdade não há como não ter saudades daquela estranha reunião musical que tanto nos incomodava. Aquele mundo das gentes que vinham da roça aos domingos foi sucateado pelo tal desenvolvimento. O mundo mudou. Mudou tanto que agora fica sem saber bem o que fazer diante da pandemia provocada por um vírus que veio da China.

Confinados

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A certa altura da vida tem-se a impressão de que já se viu de tudo. Então nada mais nos surpreenderia. Mas, a vida é marota e proprietária de formidável arsenal de surpresas. Nesse contexto surge um vírus que nos impõe reclusão em nossas casas para evitar possíveis contágios.

Lugar comum repetir que o mundo parou. A toda hora se lê: “o dia em que a Terra parou”. Mas, é isso mesmo. Mundo afora tudo parado. Paris, Nova York, Londres, São Paulo, as grandes cidades exibem suas ruas desertas. As pessoas se recolhem. Noticiários só tem um assunto: a pandemia. Contabilizam-se novos casos e óbitos. A situação na Itália e na Espanha é desesperadora. A China, onde surgiu o vírus, vai se recuperando. Aqui está-se em fase de expansão da epidemia.

Em meio a tudo isso os homens e seus inadiáveis interesses pessoais. Em nosso país o Presidente e o Ministro da Saúde trocam farpas. O presidente defende o “isolamento vertical” que atinge pessoas com mais de 60 anos. Para o ministro trata-se de isolamento total.

Enquanto isso a natureza aproveita para se recuperar. A poluição do ar melhora na medida em que se reduzem-se atividades e transportes - já é possível ver-se o céu estrelado…. No ártico as baleias azuis reaparecem. Em Veneza a poluição das águas diminui e eis que surgem golfinhos na cidade. Golfinhos em Veneza… Em praias do nordeste, vazias, as tartarugas aproveitam para se reproduzir. A natureza se vinga, com exuberância, do homem que a destrói.

Mas, há medo. As pessoas se recolhem, temerosas. Famílias confinadas enfrentam a realidade da convivência forçada. Cresce, vagarosamente, o sentimento da solidão. É o apelo da vida social que deixa de existir.

Situação como essa nos leva a pensar sobre como seria se estivéssemos ameaçados por algo contra o que nada poderíamos fazer. Os sempre citados meteoros gigantes que poderiam colidir com a Terra são exemplo de situação incontornável. Queira-se ou não o Covid-19 encurrala a humanidade e faz-nos refletir sobre o nosso destino. A vida é breve. Mais curta ainda pode ser caso sejamos infectados por um vírus que vai fazendo milhares de vítimas em todo o mundo.

Há muito sobre o que se pensar.

Escrito por Ayrton Marcondes

7 abril, 2020 às 12:22 pm

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