Arquivo para janeiro, 2021
Os “good vibes”
De que tem gente de todo tipo todo mundo sabe. Bonzinhos, desalmados, criminosos, destemperados, equilibrados etc. A galeria é longa. Se fecharmos os olhos seremos capazes de nos lembrar das muitas variantes de personalidades com quem travamos contato ao longo da vida.
Carl Jung (1875-1961) propôs quatro funções psicológicas básicas: pensar, sentir, intuir e perceber. A partir delas Jung propôs a formação de dois grandes tipos de caráter: introvertido e extrovertido. Desses dois derivam oito tipos de personalidades: reflexivo introvertido, reflexivo extrovertido, sentimental introvertido, sentimental extrovertido, intuitivo introvertido, intuitivo extrovertido, perceptivo introvertido e perceptivo extrovertido.
A título de exemplo vejamos as características que seriam encontradas num sentimental introvertido: trata-se de solitários que enfrentam grandes dificuldades de relacionamento. Sensível às necessidades alheias, melancólico, adora ficar em silêncio. Enfim, aos interessados o jeito é dar uma olhada no livro “Tipos psicológicos” de Carl Jung.
Entre as terminologias que estão na moda destaca-se a “good vibes” cujo significado é “boas vibrações”. Fulana de tal passa a se relacionar com fulano de tal e dele pode-se dizer que é um “good vibes”. Isso representa que ele transmite boas vibrações, passa a sensação de calma ou positividade. Existem, também, os vibes ruins, tipo de pessoas que transmitem energia negativa.
Há quem não acredite na troca de energia entre pessoas. Entretanto, não se pode negar que certas pessoas nos fazem sentir bem - a tal energia boa - enquanto outras nos colocam para baixo. Se de fato isso se deve a vibrações positivas ou negativas…
De todo modo no convívio diário sempre procuramos proximidade com os “good vibes”. São afinidades que fazem bons amigos e nos ajudam a crescer dentro daquilo que fazemos ou praticamos. Por outro lado, conviver com pessoas negativas e de temperamento difícil é tarefa pesada.
Nesses tempos de pandemia e isolamento social a busca de entendimento é essencial. Mais que nunca os “good vibes” são necessários para que o período que atravessamos seja vencido. Obviamente, mantendo os cuidados necessários para impedir a disseminação do vírus.
Afogamentos
Acontecem com muita frequência os afogamentos em regiões litorâneas. São histórias de deixar o cabelo em pé. Neste fim de semana quatro rapazes estavam em praia do litoral paulista. Eram vindos do interior de Minas Gerais para comemorar na praia a passagem de ano.
Quem narrou o caso foi o irmão de uma das vítimas. Disse ele que, de repente, formou-se grande muvuca, ajuntando-se várias pessoas. Foi quando ele resolveu se aproximar da beira do mar para ver o que atraíra tanta gente. Ao chegar eis que deu de cara com o próprio irmão, já morto por afogamento. Um outro rapaz do grupo também se afogou.
Na mesma semana um policial estava na praia com a família, aproveitando folga no serviço. Ao avistar quatro crianças em perigo no mar, decidiu-se por ajudá-las. Infelizmente foi o jovem policial a se afogar. As crianças foram salvas por ação de banhistas.
Ano passado houve um caso realmente difícil de aceitar. Dois jovens haviam se casado na véspera e vieram passar a lua de mel na praia. Estavam os dois sobre uma pedra quando se formou onda muito grande que os puxou para o mar. Ambos se afogaram. Duas mortes de jovens que iniciavam suas vidas.
Com a facilidade de acesso às regiões litorâneas muita gente utiliza folgas de trabalho, férias e finais de semana para uma visita ao mar. É uma festa. Entretanto, grande parte dos turistas não têm a menor familiaridade com os perigos do mar. Banhistas de ocasião entram na água e não se conta do momento em que se afastam demais da zona de segurança ou da formação de ondas marinhas mais fortes. E dá no que dá.
Entretanto, os frequentes afogamentos - acontecem a cada fim de semana - não têm funcionado como advertência aos novos banhistas. Talvez a confiança na força e na vida, além da certeza de que “isso não acontecerá comigo” possa ser responsabilizada por tantas e tristes perdas.
Não custa falar sobre isso na esperança de que alguém se inteire sobre tais perigos.
Crush
Sai o livro “Por Trás das Palavras” do jornalista Cezar Motta. O assunto é o vai-e-vem da criação do dicionário “Aurélio” de autoria de Aurélio Buarque de Holanda. No livro ficamos sabendo que a produção do grande dicionário foi complicada. Aurélio era um mestre, mas não muito organizado. Atrasos e constante inclusão de novas palavras foram permanentes. Daí a turbulência na edição do dicionário com direito a disputas entre Aurélio e seu colaborador Joaquim Campello.
Encrencas de parte fato é que hoje dispomos de um grande dicionário - o “Aurélio” - indispensável e com mais de 350 mil palavras e seus vários significados. Ninguém que escreve deixa de consultar esse gigantesco trabalho em prol do português falado no Brasil.
Mas, é de se pensar sobre o que diria Aurélio Buarque de Holanda sobre a inclusão da nova terminologia oriunda da importação de termos, em geral em inglês, provinda da internet onde pululam as redes sociais.
Também é fato que, cotidianamente, damos de cara com uma palavra cujo contexto em que é utilizada nos confunde. Esse é o caso, por exemplo, de “crush”. Para mim crush sempre foi um refrigerante de sabores uva e laranja que não sei se é mais fabricado no país. Se consultarmos dicionários bilíngues a palavra crush aparece com vários significados, tais como aperto, esmagamento etc. Mas, eis que numa notícia de hoje o ator Regé-Jean Page é citado como “o novo crush do mundo”.
Regé-Jean está em alta no momento graças à sua atuação na série Bridgerton. Nela ele faz o papel de um duque que jura não se casar e nem mesmo ter filhos. Mas, o duque se apaixona e aí começam os problemas…
Enfim, que diabos tem a ver o ator da série Bridgerton com a palavra crush? Acontece que na internet “crush” significa “paixão súbita”. Então, estamos apaixonados subitamente por Regé-Jean. Está explicado por que ele é o novo crush do mundo.
Será que a palavra crush vai ser incorporada no Aurélio com esse significado?