Arquivo para maio, 2021
Godzila X Kong
Confesso ser fã de carteirinha de King Kong. Da minha infância trago a inesquecível cena, tantas vezes repetida nos cinemas, do enorme símio escalando o Empire State Building. Anos mais tarde, durante curso de pós na USP, ouvi que não por acaso Kong entrava no prédio galgando progressivamente alturas. Tratava-se do “vir de baixo” até a conquista do topo como, aliás, muita gente busca na vida.
Kong já nos deu muita diversão em filmes nos quais sua rotina isolada, em integração com a natureza, é desarranjada pela intervenção do homem. Em busca do lucro obtido pela exibição do monstruoso ser quebram seu isolamento expondo-o à civilização. Fato que, obviamente, nunca dá certo. A convivência do gigante com seres humanos é, de fato, impossível. E dá no que dá: Kong arrebenta as amarras e, livre, passa a destruir tudo por onde passa. Prédios desabam; pessoas correm alucinadas nas ruas, automóveis viram projéteis nas mãos do grande símio. E por aí vai.
Mas, eis que é chegado o grande momento no qual Kong é levado a medir forças om outro grande monstro do cinema: Godzila. O sempre horrível Godzila sai inesperadamente de sua zona de conforto e avança sobre a cidade de Hong Kong, causando enormes destruições. A esse ponto não se pode falar muito dado o perigo de fornecer spoilers. Mas, pode-se dizer que a trama que se vê na tela mostra-se incapaz de prender a atenção do espectador. Bons atores desfilam aos nossos olhos quase que mecanicamente. Não há empatia em suas atuações. Parece-nos que a eles toda aquela balburdia não lhes diz respeito.
Mas, nem tudo é ruim nesse Godzila X Kong. Realmente a tela se enche de expectativas quando do embate entre os dois gigantes. Hong Kong é destruída durante a troca dos poderosos sopapos com que um complementa seu oponente. Milhares de pixels são utilizados para conferir realidade a uma luta inimaginável, não fora ficcional.
Não sabemos se haverá alguma outra aventura envolvendo os dois monstros do cinema. Por certo Kong e Godzila seguirão suas trajetórias isoladas em novas produções. Quanto a nós, cinéfilos com coração de crianças, resta-nos esperar por novos filmes. Porque, convenhamos, é impossível resistir a uma nova aventura de Kong ou a de Godzila. Eles nos permitem retornar à nossa infância, acomodados na plateia com um saco de pipocas nas mãos.