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A ousadia nos negócios

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Assisti a uma palestra sobre negócios, marketing etc. O palestrante começou exibindo o conteúdo de palestra realizada por ele há cinco anos. Mostrou as previsões que fez naquela época e o que aconteceu m relação a elas. Só depois se situou no presente e passou a falar sobre as suas expectativas quanto ao futuro.

O principal assunto relacionava-se com o destino de grandes empresas e corporações. Discutiram-se os resultados que elas obtiveram nos últimos anos de acordo com suas apostas numa ou noutra linha de atividades.

Empresas importantes que não apostaram ou não previram a necessidade de diversificação deram-se mal. Exemplo desse fato é o que aconteceu com a Kodac, maior fabricante de filmes fotográficos, que praticamente ignorou o advento das câmeras fotográficas digitais. No pólo oposto situa-se a Montblanc que intensificou a sua produção, até então só de canetas, e hoje é mais conhecida por outros produtos.

Interessante a forma como o palestrante busca incutir na platéia a noção de atenção permanente ao mercado e a necessidade de mudanças. Todo imobilismo é condenável.  Sendo assim, desconsideram-se as limitações individuais e profissionais de pequenos empresários cujas possibilidades comerciais são reduzidas. A partir daí é como se pairasse sobre o público presente a culpa pelo não crescimento dos seus negócios, atribuindo-se possíveis falhas à surdez em relação às obviedades recomendadas pelo palestrante especialista.

O homem que profere palestras dessa natureza é bem sucedido ou passa por sê-lo. Em seu rosto parece estar desenhado um “V” de vitória, expressão facial de alegria incontida pelo sucesso alcançado no mundo dos negócios.

Quando a palestra termina as pessoas são devolvidas às suas realidades. Montanhas de impedimentos e impossibilidades pesam sobre a iniciativa e ousadia que lhes foi cobrada.

Serão necessários um dia ou dois para que as palavras do palestrante sejam quase esquecidas.  Poucas sugestões terão alguma aplicação prática de modo que a palestra terá mais servido a um exame dos erros que à recomendada necessidade de mudar.

Não que as palestras dessa natureza não devam ser realizadas e sejam inúteis. O problema é que críticas, recomendações feitas a distância e comparações com as atividades de grandes corporações dificilmente se aplicam ao dia-a-dia de pequenos empresários.

Escrito por Ayrton Marcondes

11 setembro, 2009 às 12:31 am

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Postado em Cotidiano

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