As cinzas da quarta-feira at Blog Ayrton Marcondes

As cinzas da quarta-feira

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Os últimos foliões passaram pouco depois das quatro horas da manhã. Eram cinco. O último deles arrastava um enorme chapéu de bruxa e mancava de uma perna.

Às cinco horas um cachorro ganiu longamente e ouviu-se, ao longe, o miado de um gato no cio. Pouco depois, um homem parou defronte a porta da nossa casa e chorou, copiosamente. Era o Beto, ainda inconformado com a minha prima Helenice que o deixara por um motorista de caminhão do Sul de Minas.

Às seis tocaram os sinos das igrejas de todas as cidadezinhas do Brasil. Nessa hora ouvi barulho na cozinha: minha tia Joana colocava lenha no fogão para o café da manhã.

Não demorou muito para que se ouvissem passos na rua. Eram os fiéis que se dirigiam à igreja, atendendo ao chamado dos sinos. Em pouco começaria a missa e os fiéis receberiam, nas testas, o sinal de cinzas da quarta-feira.

De repente, terminara o carnaval e entráramos na quaresma. Eu tinha treze anos de idade e constatei, espantado, que o tempo passa depressa. Depois devo ter dormido porque só me lembro de minha mãe me chamando, mas talvez isso tenha acontecido num outro dia, bem longe do carnaval.

Escrito por Ayrton Marcondes

17 fevereiro, 2010 às 9:45 am

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