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Bullying

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Bullying é um nome pomposo, sinal dos tempos para indicar algo que sempre aconteceu entre seres humanos. A palavra é de origem inglesa e pode ser traduzida por intimidação através de atos repetidos de violência de uma pessoa, ou grupo de pessoas, sobre outra(s).

O bullying não tinha esse nome, mas era no passado, como ainda é hoje, muito comum em escolas. No mundo escolar não é incomum o aparecimento de um valentão, carinha em geral maior e mais forte que os demais. Creio que todo mundo tenha passado por isso ou pelo menos presenciado situações decorrentes desse tipo de intimidações.

Não podendo falar pelos outros, falo por mim. A minha vida no território das intimidações começou no curso primário, atualmente conhecido como Fundamental I. Eu e um primo estudávamos na mesma escola. Ele era um tipo mirrado, pequeno demais e, talvez por isso, eu mantivesse umas superioridades infantis em relação a ele. Tais superioridades não raramente se exteriorizavam numas pancadas aplicadas nele sem outro motivo que não o de impor algum tipo de hierarquia e respeito. Creio que a situação durou cerca de um ano: eu batendo, ele apanhando.

Aí vieram as férias e eu deixei de me encontrar com o meu saco de pancadas. Entretanto, durante as férias, algo terrível deve ter acontecido porque, no retorno às aulas, eis que o meu primo reapareceu crescido e forte. Na nova condição a primeira providência dele foi encher-me de umas boas pancadas, revertendo-se de imediato a antiga hierarquia.

Apanhei do meu primo cerca de um ano, sem chances de revide porque ele tornara-se mais forte. Eu tinha verdadeiro horror de encontrá-lo e sabia que ele estaria me esperando na saída da escola para me devolver as surras que recebera no passado. Bullying, é assim que estão chamando a isso agora, não?

O que aconteceu depois de um ano apanhando? Ora, eu também cresci e, quando ficamos pareados em tamanho e força, achamos melhor nos lembrarmos de que éramos parentes e, a partir daí, nos unimos contra os perigos do mundo que incluiam crianças maiores cheias de agressividade. Nem por isso, nem em nome das aventuras de meninos, nós dois nos tornamos pessoas agressivas e briguentas. No fim viramos dois sujeitos pacíficos, desses para quem a violência não passa de uma grosseira falha dentro do universo das virtudes.

Acaba de ser noticiado que uma personagem importante está sento vítima de bullying. Quem? Ora, nada menos que a princesa Aiko, de 8 anos, filha única do herdeiro do trono do Japão. Pois a menina-princesa não quer mais ir à escola porque está se sentindo ameaçada. Bullying puro, sem mistura, portanto. Em face disso, a família imperial pediu providências à escola que se apressou em descaracterizar a pressão dos meninos sobre a princesa, dizendo que ela sofreu um encontrão fortuito com os garotos correndo, por isso está com medo.

E agora? Ah, as coisas se resolverão, afinal trata-se de uma princesa. Já pessoas como eu, gente sem lastros imperiais, sempre estarão à mercê de bullyings. Aliás, hoje em dia existe nas ruas um imenso bullying que nos causa medo, dores de estômago e noites de insônia. Ele é provocado por crianças que cresceram na marginalidade e se tornaram homens e mulheres violentíssimos, capazes de atos terríveis. Há quem os chame de marginais, bandidos, meliantes etc. Eu prefiro alcunhá-los como desumanos.

Escrito por Ayrton Marcondes

7 março, 2010 às 12:11 pm

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