O Dia da Mulher
Acabo de cumprimentar uma amiga pela passagem do Dia Internacional da Mulher. Ela sorriu, olhou meio desconfiada e disse:
- O Dia da Mulher é todo dia.
Todo mundo sabe ao que ela se referia. É comum que mulheres olhem para nós, homens, como tarefas a cumprir. Em suma: homem é um tipo útil para muita coisa, mas dá trabalho.
Isso vem de longe, de um acerto hierárquico anterior, convenção que dizia que mulher deve se encarregar de tarefas caseiras, ficando para o homem os cuidados com a sobrevivência da família etc.
Imagino o horror das feministas ao ouvirem uma coisa como a escrita no parágrafo anterior. O mundo mudou faz tempo, a mulher é outra e a histórica dependência do homem vem sendo revertida. Hoje muitas mulheres comandam o seu próprio destino, inúmeras ocupam postos de chefia no mercado de trabalho e há de chegar o dia em que existirá de fato uma equiparação salarial com os homens.
De que o perfil das mulheres mudou muito nas últimas décadas – e para melhor – não restam dúvidas. Infelizmente, porém, não se trata de uma verdade universal. Quando se toma o Brasil, por exemplo, em seu aspecto integral, verifica-se que para uma imensa maioria de mulheres os bons tempos ainda não chegaram. Elas continuam muito próximas da condição anterior, dependentes de seus maridos e enfrentado a barra por conta da segurança dos filhos. Vigora a dominação masculina que muitas vezes se torna opressiva, segundo informam várias pesquisas e artigos frequentemente publicados na mídia. Note-se que os problemas tornam-se mais dramáticos quando se verifica diminuição da renda. Além disso, não há que se ignorar o fato da existência de alguns milhões de domicílios chefiados por mulheres a quem cabe a educação dos filhos e o direcionamento deles na vida.
Por essas e muitas, muitas outras, o Dia Internacional da Mulher é muito bem-vindo. Trata-se de uma data especial criada para homenagear pessoas que realmente merecem.
Também é um bom dia para nos lembrarmos das gerações de mulheres das nossas famílias, muitas delas já ausentes, mas que marcaram fecundamente sua presença em nossas vidas. Breves momentos de recordação nos devolverão avós, tias, mães, irmãs, cunhadas, sobrinhas, um verdadeiro exército de saias que povoou e povoa o universo dos nossos dias.
Às mulheres que já se foram, saudades, muitas saudades; às que continuam conosco um abraço forte, muito forte e parabéns pelo dia que as homenageia.