O dengue em Santos
Foi decretado o estado de epidemia de dengue em Santos. Isso aconteceu porque a cidade apresentou 163 casos da doença para cada 100 mil habitantes. O limite para que um município com mais de 250 mil habitantes seja excluído do estado de epidemia é de no máximo 100 casos para cada 100 mil habitantes.
Mas, como sempre, os números não refletem exatamente a situação e nem mostram como as coisas se passam. O que há é um grande movimento de pessoas que se dirigem aos hospitais, em geral com sintomas sugestivos de dengue – febre, cefaléia retro ocular, dores musculares etc. – em busca de diagnóstico e tratamento. São longas horas de espera para que o paciente seja medicado com soro e antitérmicos e se faça a coleta de sangue para a realização de um hemograma. Quatro horas depois, o hemograma fica pronto e o paciente pode voltar para casa, em geral com a doença diagnosticada através da observação de redução do número de glóbulos brancos e de plaquetas sanguíneas.
Como seria de esperar diante de um quadro de epidemia, o atendimento em pronto-socorro deixa a desejar. Embora o esforço dos profissionais de saúde, o fato é que a oferta é maior que demanda. É assim que casos mais graves passam despercebidos e instala-se um vai-e-vem na vida de alguns pacientes: de casa para o hospital e vive-versa. Acresça-se a isso o fato de que os hospitais da região estão sem leitos vazios e as dificuldades para internação.
Dessa situação geral surgem os óbitos por dengue, mortes desnecessárias e que poderiam ser evitadas com maiores cuidados. Por trás de quase todos os casos de óbitos por dengue, existe uma história de agravamento progressivo da doença e idas e vindas ao pronto-socorro.
Por outro lado, basta estar no alto de um prédio da cidade e observar inúmeros quintais que não são, absolutamente, imunes à presença do Aedes aegipty. É verdade que as equipes envolvidas com o saneamento diariamente percorrem prédios e casas, mas muita coisa deve escapar aos olhos deles.
O estranho sentimento de “isso nunca vai acontecer comigo” ou o de que “dengue só dá nos pobres”, além de outras ignorâncias, favorecem a proliferação do inseto, cujas larvas se reproduzem na água. O que há para se fazer é a ação conjunta de autoridades e cidadãos para uma verdadeira varredura na cidade, caça integral ao Aedes aegipty.
Ainda faz muito calor nessa época do ano e a situação parece muito favorável ao mosquito. É preciso fazer alguma coisa, talvez criar um impacto que mobilize as pessoas. Que tal, quinze minutos de um dia em que a cidade seja paralisada e todo mundo vá verificar seus quintais, piscinas, vasos de plantas, interior de velhos pnseus etc? Bobagem? Então que se dêem idéias. Vale tudo quando o que se pretende é interromper uma epidemia.