A colher de cada um at Blog Ayrton Marcondes

A colher de cada um

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Não adianta: Copa em andamento, não se fala noutra coisa, o assunto é futebol. De repente a bola governa os interesses, resultados de jogos calam fundo na opinião. Ninguém está livre, mesmo os que detestam futebol tal a pressão do tema em todos os meios de comunicação.

A Copa do Mundo desperta toda sorte de análises e comentários. Existe o caso – específico – dos profissionais que ganham a vida escrevendo ou narrando coisas do esporte. São jornalistas esportivos de ofício e todo mundo sabe o que deles se espera, alguns mais lúcidos, outros menos dotados e uns poucos até obtusos. Isso sem falar nos narradores de jogos pela televisão e pelo rádio, alguns deles bastante criticados. Ao titular da Globo, Galvão Bueno, os críticos não perdoam os excessos de ufanismo. Mas o Galvão parece não ligar: ele é do jeito que todo mundo sabe, mudar seria bobagem.  

O mais impressionante fica por conta de gente subitamente convertida em analista esportivo. Trata-se de pessoas que normalmente não trabalham na área, mas que na época de Copas se arvoram entendidos. Meu amigo, se duvida, abra os jornais deste domingo: encontrará análises variadas sobre o futebol em si, as circunstâncias que o cercam, a importância do esporte, o esporte como traço de identidade nacional, as relações entre o futebol e o samba como expressões culturais, o papel da mestiçagem na formação dos craques nacionais, o complexo de vira-lata, a inesquecível tragédia de 1950 e por aí afora.

Nada demais nisso tudo, não fossem as impropriedades publicadas no calor da hora, no afã de participar de uma imensa cobertura que cubra todos os aspectos da competição. Entre as impropriedades talvez a pior seja a relacionada com a atual situação da África do Sul, país sede da Copa e nem por isso livre de grandes problemas e tensões internas. Não faltam na imprensa sociólogos de última hora interessados em retratar a realidade sul-africana, dimensionando-a em acordo com as necessidades de suas reportagens..

Meu amigo, a Copa do Mundo é um vendaval de impressões e notícias. As fantásticas ferramentas tecnológicas utilizadas para a cobertura do evento abrem um leque praticamente infinito de possibilidades para apresentações. Disso tudo o melhor fica por conta das mais de trinta câmeras utilizadas para a transmissão dos jogos. As imagens, tomadas de diferentes ângulos e em alta resolução, são realmente espetaculares. Olhe que ficam bem melhores quando se tira o som da televisão para escapar de algumas narrações e do chatíssimo e insuportável barulho de fundo provocado pelas vuvuzelas.

Esse pequeno artigo não pretende isentar-se das críticas nele contidas. Ele não passa de mais um escrito “no afã de participar da imensa cobertura”.



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