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O estigma da violência

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Em hospital do Distrito Federal um travesti aidético, irritado com a demora para o atendimento de um colega, apropriou-se de uma seringa e retirou seu próprio sangue. Em seguida gritou no corredor, picou com a seringa a enfermeira-chefe e mordeu uma funcionária. As duas mulheres receberam o coquetel de medicamentos contra AIDS e não correm o risco de ser infectadas.

A notícia se perde entre outras notícias policiais, crimes violentos e terríveis como esse, ainda não esclarecido, da advogada que foi jogada com seu carro numa represa em Nazaré Paulista. De tal forma nos habituamos à ocorrência de atos violentos que eles passaram a fazer parte do cotidiano como algo que nos revolta, mas sem remédio.

Entretanto, é de se imaginar o horror de um homem armado com uma seringa na qual existe um vírus causador de doença ainda sem cura. As causas que levaram esse homem ao ato extremo, sua história pregressa e a descabida ação por ele praticada fogem ao espectro das ações esperadas para seres humanos. Talvez o desvario sirva para amenizar um pouco o ato do aidético que em determinado momento insurgiu-se contra pessoas inocentes, tentando inoculá-las com um mal que as faria sofrer durante o resto de suas vidas.

Nenhuma pena que ao travesti seja aplicada – aliás, necessária e impositiva - reduzirá a miséria da situação em que ele e outras pessoas se envolveram.

Escrito por Ayrton Marcondes

23 junho, 2010 às 11:23 am

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