Somerset Maugham
Há alguns anos um amigo comentava que já não se lia Somerset Maugham no Brasil. E acrescentava:
- Como se leu Somerset Maugham por aqui.
William Somerset Maugham (1874-1965), romancista e dramaturgo, teve grande sucesso em sua carreira, sendo conhecido em quase todo o mundo. Órfão de pai e mãe quando ainda muito jovem teve por tutor um tio que o travava com excessiva severidade. Depois de trabalhar por curto período num escritório de contabilidade frequentou, durante cinco anos, o curso de medicina, não chegando a se formar.
Maugham produziu vasta obra. Suas peças tiveram grande sucesso e seus romances foram traduzidos para várias línguas. Além disso, alguns de seus romances foram adaptados para o cinema. Escreveu, também, contos, alguns deles de grande sucesso. Maugham foi, essencialmente, um contador de histórias, muitas delas extraídas de situações reais. O sofrimento presenciado durante os anos em que estudou medicina e as inúmeras viagens que fez aos confins do Império Britânico permitiram a ele contato com costumes e realidades diferentes que aparecem em seus livros. Mordaz, Maugham utilizava linguagem que muitos críticos consideravam pobre. Estilo direto, raciocínio claro e pouco lirismo davam aos seus livros aquilo que levou Gore Vidal a classificar como grande envolvimento dos leitores a par com uso de clichês e incapacidade de contar qualquer cosia de modo original.
A minha geração leu muito Somerset Maugham. Com frequência as obras do escritor eram traduzidas para o português, daí a oportunidade do público brasileiro em tomar contato com romances e contos quem marcaram época. Em particular, lembro-me bem de livros como “O Fio da Navalha”, “Servidão Humana” e “O Pecado de Liza”. Também me eram caros um romance chamado “A Carta”, verdadeiro exercício narrativo e as coletâneas de contos “As três mulheres de Antibes” e “Histórias dos Mares do Sul”.
Posso dizer que li esses livros há muito tempo, com grande interesse e sem preocupações críticas. São histórias fortes das quais não me esqueci, daí poder dizer que tiveram grande participação na formação do meu interesse pela literatura. A bem da verdade não sei que efeito teria sobre mim hoje em dia a prosa de Somerset Maugham. Mas, não custa averiguar e farei isso assim quem tiver oportunidade.
Como me lembrei de Somerset Maugham? Ah, li nos jornais que ele, assim como outros escritores, foi espião do Serviço Secreto Britânico durante o primeiro conflito mundial. De sua experiência como espião surgiram contos, três deles utilizado em filmes por Alfred Hitchcock.