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Amy Winehouse

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A cantora Amy Winehouse está morta. Sua desaparecimento prematuro desperta, em todo o mundo, uma avalanche de comentários - grande parte deles lugares-comuns que se aplicam muito bem a situações como essa. Afinal, trata-se de uma cantora de renome cujas atitudes não raramente beiraram o absurdo. Vida turbulenta, drogas e internações faziam parte da rotina da cantora. Mais que isso, a morte inesperada aconteceu quando Amy tinha apenas 27 anos de idade e toda uma carreira pela frente.

Destaque-se a tão citada coincidência de mortes, aos 27 anos de idade, de Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison e Curt Cobain.  A eles agora se une Amy. Fala-se sobre esse fato estranho como se por trás das mortes houvesse alguma maldição. 

Há um ensaio de Stephen Zweig no qual ele afirma que o século XIX não gosta de sua juventude, a ponto de ceifar as vidas ou a razão, precocemente, de seus maiores talentos. Entre outros Zweig cita a loucura precoce do grande poeta alemão Friedrich Hölderlin; e a morte, em duelo, do poeta russo Aleksandr Puchkin.  Seguindo o raciocínio de Zweig talvez seja o caso de se dizer que a música popular não gosta de seus ídolos rebeldes cujas trajetórias semelhantes se confundem entre consumo de drogas e geniais criações.

Amy Winehouse morre e entra para o seleto clube de mitos da música popular. De fato, o envelhecimento de gente como ela e seus companheiros de infortúnio – os que morrem aos 27 anos - é de todo inimaginável. Pessoas como Amy parecem destinadas a executar a missão específica de ser diferentes e isso a tal ponto que não seria demasiado imaginá-las como outra versão de seres humanos. Trata-se de pessoas cuja atuação desafia a lógica comum daí assumirem o risco da descontinuidade de suas vidas que para elas talvez pouco valham. Viver no limite parece ser a regra com direito a intervalos nos quais uma explosão de sensibilidade e criatividade resulta em produções memoráveis.

Quem viu Amy Winehouse no palco pode perceber que ela não pertencia ao cotidiano em que vivem os mortais comuns. Talvez ela nem mesmo fizesse parte do mundo em que vivia. Havia nela algo de experiência transcendental que poderia muito bem ser confundida com simples banalidade ou descaso. A mulher por vezes embriagada que esquecia letras de suas próprias criações ou discutia com os músicos não pertencia ao palco e nem mesmo aos fãs que esperavam, ansiosamente, por momentos de lucidez e arte que compensariam todo o resto.

A vasta fauna de seres humanos apresenta-nos seres de tendência varia. Em meio a tal diversidade vez ou outras surgem figuras especiais. São seres de brilho fugidio que terminam sendo consumidos pela própria luz. Amy Winehouse pertencia à estipe dos seres que voam alto demais, ultrapassando limites, distanciando-se da realidade até perderem-se para sempre.

Escrito por Ayrton Marcondes

25 julho, 2011 às 9:52 am

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