O certo e o errado
As meninas que arrebentam na Vila Mariana viraram notícia, escandalizando a opinião. Jovens moradoras de rua, algumas com menos de 12 anos de idade, assaltam e depredam. Levadas à polícia e aos serviços destinados à recuperação de jovens conclui-se que, em relação às menores delas, nada existe para fazer. Um sociólogo vem a público com artigo em jornal para lembrar que nada há a fazer: elas moram nas ruas para onde são devolvidas. Nas ruas espera-as o vício, a prostituição e o crime. Uma escola de marginais a céu aberto, portanto, triste retrato da desigualdade social que tem como fator de propulsão, entre outros, a proliferação de famílias sem qualquer condição econômica, gerando numerosos filhos.
Enquanto isso a justiça inglesa se vê às voltas com as punições aos que participaram dos recentes distúrbios em Londres. Em meio a eles está um menino de 11 anos que, nos dias de agitação em Londres, roubou uma lata de lixo avaliada em 50 libras (R$ 129,00).
Bem, os ingleses não devolveram o menino à família ou à rua. A Justiça inglesa condenou o garoto a cumprir uma pena de 18 meses em um centro de reabilitação. Verdade que o pequeno cidadão não parece ser boa gente, ele tinha antecedentes: destruíra e ateara fogo nos assentos de um ônibus. Mais: ao pronunciar a sentença o juiz disse ao pequeno: “se fosse um pouco mais velho, acabaria na prisão”.
E fico eu aqui dando tratos à bola, pensando sobre esse assunto, sem conseguir distinguir entre o certo e o errado. É correta a condenação de um moleque que roubou uma caixa de lixo? Resolve o problema? Estão certas as autoridades brasileiras ao deixar impunes crianças que praticaram delitos e estão prestes a cometê-los novamente? Existe remédio para situação tão esdrúxula como essa de crianças se organizarem para assaltar lojas, transeuntes e depredar instalações públicas?
Eis aí um assunto que está a exigir mais atenção das autoridades e busca de consenso sobre o modo de agir. Aceitar a situação como inevitável porque decorrente de problema social sem remédio em curto prazo é deixar paciente grave sem tratamento e perspectiva de cura. As crianças que roubam e depredam carecem de valores morais e estão sendo educadas segundo a lógica do toma lá da cá. E isso simplesmente não pode continuar assim.