A febre amarela em SP
Notícia publicada ontem pela “Folha de São Paulo” informa sobre a ocorrência de oito mortes por febre amarela silvestre na região de Botucatu – interior do Estado de São Paulo.
A febre amarela é doença infecciosa aguda, de gravidade variável e curta duração, causada por vírus infectados pertencentes ao gênero Flavivirus.
A referência da notícia à variedade silvestre explica-se: existem dois tipos de febre amarela: silvestre e urbana. A silvestre é uma zoonose (doença de animais que eventualmente é transmitida ao homem). Afeta principalmente macacos, passando de um a outro através de mosquitos vetores pertencentes aos gêneros Aedes e Haemagogus. A urbana é própria do homem sendo transmitida de um indivíduo a outro pelo inseto Aedes aegypti (o mesmo que transmite o dengue). Note-se que desde 1942 não se registram casos de febre amarela urbana no país.
A forma silvestre é adquirida pelo homem acidentalmente, por ocasião de derrubada de matas, quando é picado por mosquitos vetores que vivem no topo das árvores. Ao voltar à cidade, a pessoa ser-ve como fonte de infecção quando picada pelo vetor urbano, o Aedes aegypti, que transmitirá a doença a outros indivíduos. Inexiste a transmissão direta de febre amarela de uma pessoa a outra.
Na febre amarela observam-se períodos de incubação, de infecção, de remissão e toxêmico.
O período de incubação dura de 3 a 6 dias, continuando-se pelo período de infecção, onde há febre alta, dores de cabeça, musculares, ósseas e articulares. Ocorre ainda falta de apetite, náuseas e vômitos. Segue-se uma curta fase de remissão, que dura de algumas horas até dois dias. Há melhora acentuada do doente e, em alguns casos, cura. Em outros casos, mais graves, a doença evolui para o período toxêmico, com febre, hemorragias, icterícia (pele amarelada pelo depósito de pigmento bilirru-bina) e intensa albuminúria (eliminação da proteína albumina pela urina).
As medidas profiláticas utilizadas em relação à febre amarela são: combate aos insetos vetores com eliminação de reservatórios de água parada; destruição de larva dos insetos vetores e eliminação de criadouros desses insetos com o uso de inseticidas; uso nas casas de telas de proteção à entrada de insetos; vigilância contra mosquitos trazidos do exterior; e vacinação obrigatória de indivíduos que procedem de áreas endêmicas ou que para elas se dirigem. A vacinação é, portanto, muito importante para as pessoas que se dirigirem à região de Botucatu nos próximos dias.