O perigo do trânsito
Hoje em dia ninguém sai de carro por aí com a certeza de que nada lhe acontecerá. De um simples esbarrão a acidente mais grave, até com perda de vidas, tudo pode acontecer. A loucura no trânsito é generalizada: todo mundo precisa chegar o mais rápido possível a lugar de interesse de cada pessoa e as rotas de ir e vir convergem de tal modo que muitas ruas ficam paralisadas com filas intermináveis de carros.
Mas, o trânsito tornou-se problema desde quando? Há quem diga que desde o momento em que as pessoas precisaram e puderam utilizar veículos como meio de transporte. De ruas lamacentas e com menos veículos à situação que hoje presenciamos o problema que tem atravessado décadas não sendo possível encontrar-se solução a contento.
O fato é que as estatísticas relacionadas a acidentes de trânsito são impressionantes, senão aterradoras. Mortes e mais mortes acontecem diariamente. Segundo dados do Ministério da Saúde em 2010 ocorreram 40.610 mortes provocadas por acidentes de trânsito no país, média de 111 por dia. Esses números de fato impressionantes representam um acréscimo de 8% em relação ao número de mortes pela mesma causa ocorridos durante o ano de 2009.
Embora a fiscalização seja importante a verdade é que nenhuma nova lei proposta nos últimos tempos mostrou-se efetiva para reduzir o número de acidentes e mortes. Veja-se, por exemplo, no que se transformou a questão da pontuação dada às carteiras de habilitação em função de infrações do código de trânsito. A somatória de multas transformou-se numa muito rentável forma de arrecadação para empresas concessionárias e municípios e nada mais que isso.
Problema grave o trânsito gera medidas que procuram regulamentar a direção de veículos. Uma delas é a chamada “Lei Seca” que vem sendo tratada como espécie de balela dado que, pela Constituição do país, ninguém é obrigado a criar provas contra si mesmo. Entretanto, nos últimos tempos o número de mortes por atropelamento tem crescido muito. Quase que diariamente circulam notícias sobre acidentes horríveis nos quais os motoristas envolvidos estão alcoolizados e figuram pedestres como vítimas fatais. Decorre da pressão em torno desses acontecimentos uma revitalização de blitz em busca de motoristas alcoolizados. Não é possível saber a eficiência geral dessa medida, mas, em todo caso, algo precisa ser feito.
A questão do trânsito é desafio que precisa ser domado e vencido pelas autoridades. A grande produção de veículos pela indústria e as facilidades para compra a prazo têm trazido para as ruas um enorme contingente de veículos. Já não se dispõe de lugares fáceis para estacionar e o trânsito piora muito nas horas de pico, mesmo em cidades menores.
É importante sempre se manter em perspectiva a contribuição da educação básica para minorar o problema do trânsito. Educação alia-se à responsabilidade individual, ao cumprimento dos deveres do cidadão. Daí campanhas educacionais relacionadas ao trânsito serem sempre benvindas e muito necessárias. A conscientização de crianças, ainda nos bancos escolares, em relação ao trânsito seguramente terá frutos quando esses menores se tornarem motoristas. Quem sabe, então, deixaremos de assistir a tantas mortes de jovens colhidos de surpresa durante investidas em alta velocidade nas ruas de nossas cidades.