Memórias apagadas
O ministro do Trabalho comparece ao Senado e admite falha de memória em relação a declarações que fez há poucos dias, no mesmo lugar e diante das mesmas pessoas. Fato inquietante. Pior impossível, não?
Mas, o ministro continua em seu cargo, no governo, embora a pressão da oposição para que renuncie ou, ainda, seja afastado pela presidente da República.
Interessante observar o compasso da circulação dos fatos. O ministro está a caminho de sua saída e fica cada vez mais sem apoio, sozinho diante das circunstâncias. Ele tenta se defender, contando uma história inacreditável sobre falha de sua memória. No fundo é impossível que alguém seriamente acredite na versão atual dos fatos dada pelo ministro. Existe, sim, um contingente de pessoas que interesseiramente, acredita. Mas, o caminho da demissão está traçado só restando esperar a marcha dos acontecimentos.
A política é assim, plena de entradas e saídas, nem tanto surpreendente. O mais interessante é que as memórias sobre os acontecimentos, mesmo os mais recentes, se apagam com velocidade impressionante. No caso do ministro não é só a falha de memória dele que interessa: depois que ele sair de seu cargo os holofotes o deixarão para trás e também os acontecimentos em que esteve envolvido cairão no esquecimento. Quem duvida que se lembre de casos terríveis envolvendo corrupção cujos autores ainda hoje esperam por punição.
Do que se torna justo afirmar que tudo isso parece mais uma grande encenação. Entra ministro, sai ministro depois acusações sérias, mas é como se nada tivesse acontecido. A lógica de tudo parece ser a de que a vida continua e ponto final.