Mancha de óleo
Nessa história de mancha de óleo nas águas marinhas é preciso saber quem sairá mais manchado. De um lado a petroleira Chevron que faz perfurações no Campo de Frade- Bacia de Campos. De outro os brasileiros aqui representados oficialmente pela ANP (Agência Nacional de Petróleo).
A Chevron alega erro de cálculo que teria levado ao vazamento de óleo. A PF (Polícia Federal) investiga a possibilidade de a Chevron ter tentado atingir a camada de pré-sal da região o que é vedado a ela. A suspeita da PF baseia-se em declarações do presidente da Chevron no Brasil realizadas antes do vazamento: o presidente disse que a Chevron estudava a existência de uma estrutura de pré-sal na região.
As reações ao vazamento vieram de todos os lados. Ambientalistas saíram a campo protestando. Criticou-se também a ação da ANP que demorou a punir a Chevron com multa de 50 milhões e proibiu a empresa de fazer perfurações no país. Articulistas escreveram na mídia dizendo que mais uma vez o Brasil foi tratado sem respeito como se ainda fosse um país colonizado, o que definitivamente deixou de ser a bom tempo.
Ontem o presidente da Chevron afirmou ser o acidente inaceitável e pediu desculpas ao governo e ao povo brasileiro, reiterando ter o maior respeito pelo país.
Assim, pessoas e ambiente são prejudicados, mas logo o fato deixará de ser notícia e as coisas se acomodarão. O que nos leva a perguntar sobre o futuro no qual está prevista a exploração do pré-sal. Curioso que enquanto se discute a divisão de royalties do petróleo pouco se fala sobre a possibilidade de acidentes e graves transtornos deles decorrentes. Fauna, flora, populações que vivem junto ao oceano, o que se deve esperar quando a exploração da camada de pré-sal acontecer em grande escala?
O acidente provocado pela Chevron serve como alerta para o que está por vir. Cabe aos legisladores a criação de regras claras e duras que limitem a possibilidade de acidentes e levem os exploradores a respeitar o povo, o ambiente e o próprio país que está a comemorar a boa sorte de possuir o pré-sal, dê no que vier a dar.
As regiões litorâneas continuam muito animadas com a riqueza que se aproxima. Em algumas cidades, Santos, por exemplo, verifica-se um boom imobiliário com construção de prédios. Só o futuro dirá no que realmente tudo isso vai dar. Afinal, como dizia-se ao tempo do governo Getúlio Vargas, “o petróleo é nosso”.