25 de dezembro
Chove, chove muito na Baixada Santista. Ainda bem que é natal, dia em que ficamos em casa sem necessidade ou pressa para sair. O dia 25 é o “depois da ceia” no qual, em geral, dá-se seguimento aos excessos de comida e bebida tão comuns nesta época do ano.
Não me recordo onde li que nas duas últimas semanas do ano as pessoas são tomadas por sentimentos mais humanitários e passam a tratar melhor, com mais urbanidade, umas às outras. De fato, nessa época ficamos propensos a uma espécie de balanço das nossas atitudes, da nossa vida. Existe, sim, a correria da compra dos presentes, as obrigações nem sempre agradáveis, o irritante lado comercial do natal, mas, tudo isso, torna-se pequeno diante de lances de fraternidade entre pessoas, às vezes mesmo entre aqueles que são mais arredios ao contato humano, mais fechados, mais revoltados, ou o que quer que seja que os afaste do bom convívio.
É pena que esse momento de pausa, de reflexão – e porque não de esperança – seja esquecido tão logo o novo ano se inicie. Então, tudo volta a ser como antes no quartel de Abrantes: a correria, a necessidade de ganhar a vida, as disputas, o cansaço que nos rouba a paciência, as preocupações, enfim um mar de problemas que em geral empana o lado bom da vida, o tão esquecido lado bom das coisas.
Mas, é natal e é preciso viver bem esse momento. Se abrirmos um jornal poderemos encontrar textos nos quais se enfatiza a necessidade de entendimento entre os homens, que falam sobre a esperança no porvir, textos sobre o significado religioso da data que se comemora ou lembranças de alguém sobre natais passados em sua vida. No fundo está implícito o fato de que a sociedade está a exigir mais tolerância, mais cuidados de uns com os outros, mais compreensão. Isso é dito de formas de formas diferentes, em estilos diversos, mas trata-se do mesmo assunto, do mesmo apelo, embora se perceba nas entrelinhas que quem escreve não acredita muito que as coisas venham, no futuro, a se resolver levando-se em conta o simples bom-senso.
Enfim, é natal e chove muito. Com a chuva o grande calor dos últimos dias dá trégua e o dia é muito agradável. Enquanto isso, os noticiários já nos dão conta do grande movimento de retorno para a capital, verificando-se congestionamentos. As autoridades emitem alertas para os motoristas porque pistas molhadas e muito trânsito requerem maior cuidado. Como se vê o mundo continua a girar no modo de sempre, amanhã será segunda-feira, o início da última semana deste ano de 2011 que, na média, deixou muito a desejar.