Fim da cracolândia?
Nossa! Coisa terrível, talvez incompreensível, essa da existência da cracolândia. No centro de São Paulo, uma das maiores metrópoles do mundo, está sendo desbaratado um centro de venda e consumo de drogas que existe há muito tempo. Trata-se de uma área onde as regras de convívio são outras, diferentes das que regem a sociedade. No lugar vive um contingente de pessoas, viciadas em crack, as quais, pode-se dizer, tornaram-se verdadeiros arremedos de seres humanos. São pessoas doentes que necessitam de cuidados urgentes, ajuda que permita a elas afastar-se do vício.
A ação das autoridades nos últimos dias teve como finalidade colocar ponto final na existência da cracolândia. O que se viu e constatou a partir da ação de policiais foi a imersão em um mundo que está ao nosso lado, mas sobre o qual não fazemos a menor ideia de como realmente seja. Cenas terríveis. Os locais de onde foram retirados os consumidores de crack têm o aspecto dos lugares destruídos em ações de guerra que vemos com frequência na televisão após atentados à bomba. Para que se tenha ideia foram retirados do lugar, até agora, 15 toneladas de lixo. As filmagens do interior dos prédios antes utilizados pelos viciados mostram imagens desoladoras. Entrevistas com ex-drogados que viveram no lugar nos dão conta da existência de toda sorte de contravenções, inclusive a prática de assassinatos.
Mas, em meio a toda essa desgraça, destacam-se os pobres desgraçados consumidos pelo uso da droga. De repente, da cracolândia emergiu um exército de verdadeiros zumbis que, desalojados, simplesmente não têm para onde ir. Eles estão se espalhando pelos bairros vizinhos em busca de lugares onde possam ficar. São seres humanos que podem ser recuperados, afastados da droga, trabalho hercúleo que cabe à sociedade.
No mais, discute-se largamente esse assunto que é manchete nos veículos de comunicação. O fato é que a primeira operação na cracolândia parece não ter sido suficiente para afugentar traficantes e consumidores que ainda operam no local. Sobre os resultados futuros da operação não há consenso. Há quem diga que espalhar a população da cracolândia em outros bairros é pior. Muita gente chama a atenção para a necessidade de atendimento ás pessoas que se drogam, ajudando-as a abandonar o vício, ação essa humanitária e de grande alcance, mas que depende de muitos fatores entre os quais o desejo de abandonar o consumo de drogas. Por outro lado, realça-se ser intolerável a existência de uma região onde o tráfico e consumo de drogas acontece para quem quiser ver, isso em pleno centro da cidade.
Fim da cracolândia? Fim das possíveis novas cracolândias? É o que se quer, mas qualquer previsão não passa de tiro no escuro.