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Cartas de Cortázar

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Quando acompanhamos e admiramos a obra de um escritor sempre existe a curiosidade de vê-lo de perto, algo muito próximo à tietagem, senão a própria. Talvez por isso entrevistas ou a publicação de documentos pertencentes a determinado escritor nos atraiam tanto. O que se busca é a chave do enigma estabelecido entre o escritor e o leitor através dos livros.

Entre os escritores latino-americanos mais festejados está o argentino, nascido na Bélgica, Julio Cortázar cujos livros, traduzidos para o português, passaram a fazer parte do imaginário dos leitores brasileiros. Há o Cortázar romancista que publicou “O Jogo da Amarelinha” e há o contista a quem devemos muitas histórias surpreendentes e saborosas.  De minha parte sempre preferi o Cortázar contista, particularmente o livro “Todos os Fogos, o Fogo”, trabalho no qual o escritor nos conduz aos limites de uma técnica narrativa peculiar com histórias nas quais o panorama fantástico muitas vezes aparece.  Trata-se de um livro ao qual o leitor sempre acaba voltando para reler e encontrar novidades. Recentemente, reli o conto “A Saúde dos Doentes” narrativa formidável na qual a trama consiste no ocultamento da morte entre os membros de uma família a ponto de as personagens agirem como se de fato pessoas mortas continuassem vivendo. O diálogo que se estabelece com o absurdo de uma situação difícil de sustentar prende o leitor até a última linha, após a qual permanece a sensação de um vazio a completar porque o que se leu diz respeito ao nosso modo de ser, aos comportamentos que temos em nosso cotidiano familiar.

Certa vez ouvi de um crítico literário - ele conheceu pessoalmente Cortázar e escreveu sobre a obra dele – que “ao vivo” o escritor argentino complicava-se com coisas simples, por exemplo, pedir um cafezinho no bar de um aeroporto. Desde então ficou-me de Cortázar a imagem de um homem além das pequena coisas, imerso em mundo um tanto irreal de onde extraia as suas histórias.

Agora, os leitores de Cortázar terão a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o escritor que tanto admiram. A Editora Alfaguara acaba de lançar, em espanhol, o livro “Cartas de Cortázar” que reúne cartas escritas pelo escritor no período entre 1937 – então era professor recém-formado em Buenos Aires - e 1984 – pouco antes de sua morte. Através das cartas pode o leitor aproximar-se mais da personalidade do escritor e conhecer detalhes sobre a realização de suas obras.

Não há data definida para lançamento em português, esperando-se o interesse das editoras brasileiras pela publicação do livro. De todo modo aguarda-se com grande expectativa a chegada de “Cartas de Cortázar”  que certamente será de agrado de inúmeros leitores.

Escrito por Ayrton Marcondes

1 fevereiro, 2012 às 11:57 am

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