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Cultura Geral

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Você sabe o nome da atriz que interpretou a personagem “Pereirão” na última novela exibida pela Rede Globo? O nome da música cantada por Michel Teló e dançada pelo craque Cristiano Ronaldo do Real Madri? A frase que deixou a personagem “Valéria” famosa no programa “Zorra Total”? Sabe ou não? Caso saiba responder a essas perguntas estará apto a trabalhar como gari na prefeitura de Cambé, cidade do interior do Paraná.

As perguntas acima fizeram parte das questões de uma prova de seleção para o cargo de gari. A prova foi elaborada pela UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e despertou críticas por testar o conhecimento de candidatos a respeito de programas de televisão e cantores populares. Houve quem afirmasse ser histórico no Brasil achar que pessoas pobres não tem capacidade intelectual. O presidente do sindicato dos servidores públicos municipais de Cambé afirmou que uma prova assim, vinda de uma universidade, é de assustar. Mas, a universidade se defendeu dizendo que as questões sobre emissoras televisivas foram geradas a partir de reportagens publicadas pela revista “Veja”.

O fato, naturalmente polêmico, me fez lembrar outra prova, tornada obrigatória para que funcionários do setor agropecuário do governo continuassem em seus empregos. Essa medida, ocorrida a muitos e muitos anos e aparentemente simples, causou verdadeiro transe na vida de muita gente, alguns deles incultos, outros analfabetos que mal e mal conseguiam assinar o próprio nome. Na ocasião acompanhei o sofrimento de homens habituados ao duro trabalho junto à lavoura - operadores de máquinas, lavradores, etc. – que a todo transe aplicaram-se a vencer a terrível barreira a eles imposta. De um deles me recordo em particular porque o conhecia a tentei ajudá-lo a pelo menos entender como deveria ele preencher os espaços dos testes de múltipla escolha, ele que lia muito mal e escrevia menos ainda.

Nunca cheguei a saber como as coisas se passaram durante a prova, se os funcionários foram ou não ajudados na travessia. O certo é que, ao que me lembro, ninguém perdeu o emprego dai eu ter me perguntado, na época, sobre a eficácia da medida oficial. Afirmo isso por que, a bem da verdade, naquele caso específico, pouca gente teria conseguido realizar a prova que a eles foi imposta.

Mas, os tempos são outros e há que se concordar com a polêmica gerada pela prova aplicada aos candidatos a gari em Cambé. Certamente as questões que recebem críticas são inadequadas, sendo válido perguntar sobre as pretensões últimas dos preparadores da prova. Afinal, que pretendiam eles avaliar? A cultura televisiva e musical dos candidatos ou algum tipo de preparo para o cargo que viriam a ocupar caso fossem aprovados?

Depois dizem que o Brasil é assim.

Escrito por Ayrton Marcondes

4 abril, 2012 às 12:49 pm

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