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Os resilientes

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Na física considera-se resiliente a um material que após sofrer impacto retorna à forma original.  Esse tipo de material acumula energia durante o impacto, pode deformar-se, mas consegue retornar ao estado original.  O aço de alta resiliência é utilizado no mundo inteiro em obras de grande porte como pontes etc.

O termo resiliente também se aplica às pessoas que passam por adversidades, superando-as e aprendendo com elas. Trata-se de dar a volta por cima e sair melhorado de algo traumático como perda de pessoa amada, doença grave etc.

Os entendidos destacam que ser resiliente é diferente de ser resistente. Pessoa resistente é a que consegue segurar bem situações adversas. O resiliente passa desse ponto, absorvendo o impacto e aprendendo com a situação negativa. Isso significa que a pessoa supera o estresse sem surtar, aliando à resistência a vontade de vencer.

A resiliência subentende serenidade e controle de impulsos. Pessoa resiliente lida bem com as emoções e supera-se com o desenvolvimento de autocontrole.  Trata-se de condição que se adquire com largo aprendizado e domínio sobre si mesmo que permite enfrentar com serenidade situações complexas e estressantes.

Ouvi falar sobre esse assunto por ocasião da morte de pessoa muito estimada por mim. Dias depois do funeral fui almoçar com amigos e um deles referiu-se ao falecido caracterizando-o como resiliente. Para ser franco naquela altura não tinha eu lá muita noção sobre o significado da condição de resiliência, confundindo-a com resistência. De fato era o amigo falecido pessoa que não se dobrava facilmente às intempéries que nos acossam vida afora. Mas, pensando bem, fora ele dotado de singular capacidade de superação e crescimento nos enfrentamentos propostos pela vida. Lembrei-me que por duas vezes esteve praticamente falido em seus negócios, mas jamais percebi nele qualquer sinal de desânimo ou perda de equilíbrio a ponto de pessoas atribuirem alguma frieza a esse seu modo de ser. Mas, não, na verdade era ele um típico resiliente, dotado de invejável capacidade de manter-se no prumo e aprender com situações adversas que superou na base de muita luta.

Falo desse amigo que perdi não sem emoção. Vida lutada a dele, difícil, mas sempre dobrada pela energia contagiante que o caracterizava. Entretanto, a sorte lhe foi madrasta porque, ao chegar aos 60 anos e finalmente tendo atingido a estabilidade financeira a que sempre almejara eis que adoeceu. Tratava-se de um câncer que rapidamente espalhou-se por alguns órgãos levando-o precocemente à morte.

Na última vez que vi o meu amigo estava já ele em estado adiantado da doença. Ainda assim mantinha o seu bom humor e dizia que em breve estaria bem. Morreu assim, otimista, rindo da crueldade da doença inesperada que se abateu sobre ele. Chamava-se Armando e manteve-se resiliente até o fim.

Escrito por Ayrton Marcondes

10 setembro, 2012 às 9:59 am

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