O Dia do Idoso
Ontem, 01/10, foi comemorado o “Dia Internacional do Idoso”. Comemorado talvez seja palavra inadequada porque, que se saiba, não se realizaram festas ou homenagens a idosos no país.
Para muita gente parece existir alguma dificuldade em aceitar-se como idoso. A migração para esse contingente de pessoas tantas vezes consideradas inúteis porque já não produzem não se faz sem luta. Mas, afinal, a partir de que momento da vida uma pessoa passa a ser considerada idosa? A idade de 60 anos tem sido tomada como divisor de águas entre a vida adulta e a velhice. Ontem mesmo divulgou-se que a cidade gaúcha de Coqueiro Baixo, situada a 161 km de Porto Alegre, é a mais velha do país isso porque no município mais de 30% das pessoas têm 60 anos ou mais.
O fato é que com os novos recursos da medicina e a melhora da qualidade de vida a população de idosos no país está crescendo. Entretanto, os cuidados com os idosos nem de longe acompanham a velocidade de crescimento de seu número. Na verdade o que se pode facilmente observar é que, no geral, inexistem não só cuidados como paciência com idosos talvez por falta de educação para isso. Basta uma viagem de metrô para que se observe o descaso em relação aos idosos: pessoas de mais idade viajam em pé enquanto os assentos reservados a elas estão ocupados por pessoas mais jovens que nem estão aí para a situação.
O envelhecimento pode ser visto pelo ângulo do próprio idoso e pelo juízo que outras pessoas fazem dele. O ponto de vista da maioria das pessoas que ultrapassaram os 60 anos de idade nem sempre é benigno consigo mesmo. As perdas progressivas de força, mobilidade e o fato de cada vez mais se tornarem dependentes funciona como desafio para a adaptação num mundo do qual o idoso parece não fazer parte. Todo mundo tem ou teve na família alguma pessoa inconformada com a velhice e sabe bem das dificuldades de convívio com ela. Por outro lado, visto de fora, o idoso muitas vezes figura um peso a se levar e isso o constrange. Pessoas muito ativas no passado de repente são aposentadas, podem tornar-se fisicamente dependentes e essa situação gera problemas para si e para os outros.
O que deve sempre ser lembrado é que os jovens de hoje serão os idosos de amanhã daí a importância do dar hoje para mais tarde vir a receber. Não se trata de uma simples troca, mas de prática de humanidade.
Mas, nem tudo é problemático: um respeitável contingente de idosos vive muito bem, mantém-se ativo e utiliza com sabedoria a experiência adquirida. Essas pessoas entendem o fim da vida como período a ser desfrutado da melhor maneira possível e são felizes. Resta estender cada vez mais esse bem viver aos idosos em geral, cuidando para que mesmo pessoas de baixa renda possam ter uma velhice respeitável e digna.