Investigação do cérebro
Gosto muito de boxe, esporte que liga técnica, força e habilidade à violência. Mas, naquelas lutas entre Mohamed ali e Joe Frazier eu sempre me perguntava sobre os possíveis danos aos cérebros dos dois lutadores. Ambos tomavam socos violentíssimos na cabeça. Para se ter ideia um simples “jab” de Ali equivalia à colisão da cabeça com algo de peso de 80 Kg. Por essa razão com muita frequência ex-lutadores de boxe apresentam sequelas neurológicas que carregam durante toda a vida.
Lembro-me muito bem de que durante uma das mais sensacionais lutas realizadas entre Ali e Frazier (essa vencida por Frazier) eu perguntei a um amigo se Ali não estaria levando socos demais na cabeça e que consequências aquilo teria. De todo modo Ali apresentou sintomas da doença de Parkinson contra a qual luta até hoje. Já Frazier morreu há poucos meses e não sei se sua morte teve algo a ver com a carreira de lutador.
Tenho uma amiga cujo marido vem piorando de quadro neurológico que o impede até mesmo de fazer coisas mínimas. A situação desse homem piora dia-a-dia e os tratamentos realizados por neurologistas não têm dado resultado. Trata-se de mais um caso provavelmente insolúvel cujo final parece ser muito previsível.
Diante de tantas doenças decorrentes de problemas envolvendo as atividades cerebrais chega em boa hora a notícia de que o presidente Barack Obama vai investir muito dinheiro em pesquisas sobre o cérebro. Isso representa esperança para muita gente em todo o mundo que sofre com problemas até hoje incuráveis. É preciso ter em perspectiva que o envelhecimento da população mundial tem aberto espaço para que pessoas atinjam idades nas quais é maior a probabilidade do aparecimento de males neurológicos.
Por outro lado há que se lembrar de que o cérebro continua a ser um grande desconhecido sendo que não se pode imaginar o que de fato pode acontecer naquele mundo de neurônios ligados por sinapses. A complexidade das tramas neuronais é um desfaio que deverá ser enfrentado, sendo justo imaginar que tão cedo os mistérios do cérebro não venham a ser desvendados.
Hoje em dia o número de pessoas que sofreram acidentes vasculares cerebrais (AVC) é muito grande. Em geral os AVC deixam sequelas obrigando os doentes a submeter-se a tratamentos fisioterápicos prolongados que nem sempre devolvem aos doentes recuperações plenas. Em minha família, por exemplo, tivemos casos de AVC, um deles resultando na morte da pessoa que o sofreu antes mesmo de que se iniciasse qualquer tratamento.
O que nos resta, portanto, é desejar boa sorte ao governo norte-americano que investirá US$ 3 bilhões num projeto que visa desvendar os 100 trilhões de conexões entre neurônios que compõem a mente humana.