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A questão Neymar

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Imagine-se na pele de um rapaz de 21 anos, ultrabadalado, relacionando-se com belas mulheres e ganhando muito, mas muito dinheiro. Imagine, também que esse rapaz seja um excepcional jogador de futebol conhecido em todo o mundo, tendo seu passe pretendido por vários times a valores exorbitantes.

Se você for capaz desse meter dentro da pele desse rapaz eleito é possível que pense que a juventude passa depressa e o tempo não volta, daí que há que se viver o momento porque em poucos anos toda a glória se tornará passado e, então, adeus ao período de idolatria das multidões.

Caso o que está escrito acima seja levado em consideração torna-se possível que se perdoe ao Neymar por alguns atrasos de treinos, noites e noites em festas e até o fato de que parece preocupar-se mais com outras coisas que com o futebol. O rapaz é simplesmente um rapazinho que joga bola e quando liga a televisão vê a sua imagem em anúncios de grandes empresas na tentativa de vender produtos que ele talvez nem mesmo conheça ou tenha experimentado. Tudo isso regado a contratos que rendem muito dinheiro. Tanto se fala dele que o Murici, técnico do Santos, implora: deixem ele em paz.

Mas, como toda profissão o futebol tem as suas exigências. Eis que se aproxima o momento da realização da Copa de 14 no Brasil e o país inteiro joga suas esperanças nas chuteiras do nosso melhor jogador que é sem sombra de dúvidas o Neymar. Quer dizer que sobre os ombros do rapaz avoluma-se um peso descomunal porque ele se transformou na grande esperança da pátria de chuteiras que não admite, de jeito nenhum, outro resultado que não a conquista da Copa. Há que se provar que somos e sempre fomos os melhores e, de uma vez por todas, passar borracha na tragédia de 50 quando o Brasil perdeu, em pleno Maracanã, para o Uruguai dos Obdulios Varelas, Gigias etc.

Entretanto, uma sombra atormenta a alma da torcida tupiniquim: até hoje o ídolo Neymar não mostrou, enquanto jogador da seleção nacional, nem ao menos parte do talento que exibe quando joga pelo Santos. Então como será a participação dele na Copa?

A pergunta acima pode ser considerada irrespondível, afinal trata-se de expectativa relacionada a acontecimentos futuros. Entretanto, não custa lembrar de que existem jogadores de time e jogadores de seleção. Quem não se lembra do ponta-esquerda Canhoteiro que fazia o diabo com a bola no São Paulo, mas não era o mesmo na seleção? E o Clodoaldo que nasceu para jogar em seleção onde realmente se transformava num invejável jogador? E o Gilmar, grande goleiro da seleção, bicampeão mundial e reserva do Cabeção no seu time?

Diante disso só nos resta torcer para que o Neymar seja como tantos que jogam bem em times e seleções. É preciso muita calma. Quem sabe dia desses o jogador santista mostra quem é de fato vestindo a camisa da seleção brasileira. Você não acha?

Escrito por Ayrton Marcondes

17 março, 2013 às 8:56 am

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