Testes de DNA
Se há uma coisa que homem teme de verdade é o câncer de próstata. Não se passa mais que um ano para a necessária visita ao urologista que recomenda exames laboratoriais e submete o paciente ao toque retal.
Confesso que não sou o mais aplicado nos cuidados em relação à verificação prostática. De repente me dou conta de que já se passaram mais que doze meses, às vezes quase dois anos: hora de marcar consulta, ir ao urologista etc.
N a minha família, em gerações anteriores á minha, surgiram alguns casos de câncer. Minha tia tremia de medo de que o câncer de mama que matara a mãe dela fosse hereditário. Tanto medo que quando se referia ao câncer não pronunciava a palavra, referia-se “àquela doença”. No fim não teve tempo para descobrir se teria “àquela doença” ou não, vitimada que foi por um fatal acidente automobilístico.
Agora a atriz Angelina Jolie, mundialmente conhecida e famosa, vem a público para dizer que retirou suas duas mamas cirurgicamente para evitar o câncer de mama. Baseou-se para tomar essa medida no exame de DNA e no fato de sua mãe ter falecido com diagnóstico de câncer de mama. O teste de DNA da atriz revelou a existência de genes que davam a ela a possibilidade de mais de 80% de vir a ter câncer de mama e 50% de ser atingida pelo câncer de ovário.
Eu que já caminho pelos sessenta temo não só o câncer de próstata como o mal de Alzheimer. A possibilidade de vir a sofrer de um mal no qual progressivamente a memória se apaga coloca em xeque a nossa identidade pessoal diante da despersonalização advinda da doença.
É aí que surge a possibilidade de se fazer um teste de DNA para saber o que me espera à frente. Hoje em dia relata-se que esse teste pode revelar a possibilidade de até duas mil doenças, entre elas as neurológicas, tipos de câncer, doenças cardiovasculares e outras.
Mas, e quanto à coragem para me submeter a uma análise dessa natureza? E se no resultado vier impresso o nome de uma doença para a qual hoje não existe tratamento?
No passado preocupava-me o fato de que o desenvolvimento das técnicas de análise do DNA fossem utilizadas para fins comerciais como exames de admissão em empregos e companhias de seguro interessadas em verificar as possibilidades futuras de seus segurados. Hoje reparo que o círculo dessas técnicas está cada vez mais se fechando, levando-nos a ponderar se devemos ou não submeter-nos a elas.
Evidentemente, os testes de DNA são um importante passo no caminho da prevenção de doenças. Ainda assim…