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Eu quero ser índio

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Você se lembra daquela música da Rita Lee cuja letra dizia ”Se Deus quiser. Um dia eu quero ser índio. Viver pelado. Pintado de verde. Num eterno domingo.” Pois, pensando bem, eu quero ser índio. Parece loucura, mas não é. Quem sabe tinha razão o Rosseau com aquela história do bom selvagem. E dizer que hoje em dia os índios nem mesmo são mais selvagens de verdade. Dizimados, expulsos das terras deles, trazendo na pele marcas dessa doença chamada verniz da civilização, os índios andam por aí, reclamando. Há quem veja neles um bando de safadinhos que se socorrem da condição de índios para viverem sem trabalhar. Há quem não consiga entender que o índio precisa de espaço que pertença a ele para pode vagar floresta adentro. Coisa de índio, dizem.

Fato é que no mundo de hoje a vontade que a gente tem é a de pedir para sair pela porta dos fundos. Discretamente, pintado de verde, disfarçado de floresta, sem que ninguém perceba. Tem gente demais no mundo, não darão pela falta de uns poucos. Mas, para onde ir? O negócio seria sair da Terra e viver em Marte. Acontece que os cientistas avisam que o problema de Marte é a quantidade de radiação, incompatível com os nossos terráqueos organismos. Na verdade a coisa de radiação melhora quando se desembarca em Marte, o problema maior é a exposição durante a viagem que dura cerca de um ano.

Bem, ninguém esteve ainda em Marte, que se saiba. Os marcianos também não nos visitaram, exceto nos filmes onde se mostram perigosos, sempre em missões de conquista da Terra.  Marciano é um cara belicoso. Quem sabe tenham razão aqueles que acreditam na existência de várias dimensões no universo. Por exemplo, na Terra podem viver outros seres - além dos humanos, animais, plantas e seres que conhecemos -  mas nós não os vemos porque estão em dimensão diferente. Marte que nós vemos através de telescópios parece desértico, mas em outra dimensão não acessível aos nossos sentidos existem lá grandes metrópoles. Será?

Por tudo isso, pela indefinição geral, o negócio talvez seja mesmo apelar para ser índio. Olhe que corre por aí um caso que já está dando o que falar. A Polícia Federal reúne provas de que um líder indígena do Amazonas, líder dos índios apurinã, na verdade não é índio. Ele teria fraudado documentos para conseguir o RG indígena. Esse líder indígena muito conhecido, figura habitué em cerimônias oficiais realizadas em Brasília das quais participou o  ex-presidente e participa a atual presidenta da República.

O líder indígena nega ter fraudado documentos. Os membros da tribo apurinã não sabem o que dizer. Mas, caso seja verdade, eis aí o caso de um sujeito que mudou de tribo - digo sociedade – e até agora pelo jeito se deu muito bem.

Quem sabe o melhor mesmo seja virar índio.

Escrito por Ayrton Marcondes

3 junho, 2013 às 6:39 pm

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