Onda de estupros
Não sei dizer se hoje, proporcionalmente, acontecem mais estupros que no passado. Talvez pelo crescimento da população humana e a rapidez de tráfego de informações recebamos mais notícias sobre casos de estupro. Casos horrorosos, aliás.
Na tabela de países com mais estupros divulgados a Índia ocupa lugar de destaque. Homens indianos com frequência surgem na mídia, responsabilizados que são por estuprar mulheres. São ataques brutais que consistem de estupros coletivos praticados por homens que não se importam com o destino das mulheres que estupram. O caso de um estupro praticado por seis homens contra uma mulher dentro de um ônibus, atirando-a para fora depois de usá-la como se fosse um boneco gerou protestos na Índia e em todo o mundo. Embora a adoção de leis mais duras os estupradores indianos parecem não ter-se intimidado: ontem mesmo divulgou-se o caso de uma turista americana que pediu carona a três indianos e foi estuprada por eles durante o trajeto até o local onde se hospedava.
Há pouco tempo recebemos notícia de estupro de uma turista dentro de uma vã de transporte. Aconteceu no Rio. O caso levou à descoberta de que os mesmos marginais tinham estuprado outras mulheres, sempre dentro da van. Localizados e presos os estupradores até pareciam pessoas normais. Bandidos perigosos, isso sim o que eles são.
Hoje se divulga que numa cidade situada a 400 km de La paz, capital da Bolívia, um estuprador foi enterrado ainda vivo por um grupo de mais de 100 pessoas que bateram muito nele antes de jogar a terra sobre o corpo. O rapaz linchado era acusado de estuprar e matar uma mulher de 35 anos de idade. Foi jogado na cova com os braços amarrados, de barriga para cima e sobre ele depositaram o caixão da mulher estuprada. Cena terrível, sequência de uma barbaridade que provocou a ocorrência de outra.
Há muitos anos fiquei muito impressionado com o depoimento de uma atriz durante entrevista. Ela era na época atriz de uma novela de televisão. Mulher muito bonita, atraente, relatou ela ter parado o carro numa rua próxima ao local onde participaria de uma filmagem. Ao descer do carro foi abordada por um sujeito que a levou à força a um terreno baldio onde a estuprou. Falou ela sobre a dimensão do trauma que se seguiu a começar pela imediata necessidade de um banho como a purgar o corpo e tirar de si a marca do hediondo crime a que fora submetida.
O número de estupros que não chegam a ser divulgados é enorme. Boa parte de mulheres estupradas optam pelo silêncio. O caso do médico famoso que estuprava suas pacientes só veio a público porque uma delas decidiu acusá-lo. Só depois disso as demais criaram coragem para vir a público e a afirmar que a mesma coisa tinha acontecido a elas.
Lembro-me bem de uma senhora muito chegada à minha família que vivia, com os filhos, separada do marido. Era uma mulher alta e séria que trazia na face marcas de sofrimento. Não fora feliz em seu casamento dado o fato do marido, homem inteligente e bem sucedido, ser bastante estouvado. Certa vez um parente me contou que a desgraça dessa senhora começara justamente no dia em que se casara. Eram os tempos em que as moças se casavam sem ser instruídas adequadamente sobre práticas sexuais. Aconteceu a ela que o marido a atacou na primeira vez com ferocidade, estuprando-a. O trauma decorrente desse ato teria consequências sobre o psiquismo da moça e pesaria sobre ela vida afora.
Num período em que a violência assume proporções alarmantes os casos de estupro exigem atenção redobrada. Animais bestializados andam à solta por aí, cometendo barbaridades. É preciso cercá-los, prendê-los, apená-los, puni-los.