Sensação de insegurança
Dessa vez o temor é pelo desconhecido. Vive-se aqui sob efeito de sobressaltos dada a prática desabusada da criminalidade. Programas de TV exploram diariamente o filão do crime, cada vez mais mostrando na telinha a audácia dos criminosos e seus atos hediondos. Crime e divulgação de atos criminosos geram um clima de medo ao qual estamos, infelizmente, habituados.
De repente deixamos de lado o flagelo do crime e olhamos pelas janelas procurando ver o que não se mostra. Mas, o que é mesmo que não se mostra? Ninguém sabe. Trata-se de um monstro em evolução, da perda de respeito coletivo pelas autoridades que têm se mostrado incompetentes e tantas vezes surda aos apelos coletivos. Teimaram tanto na prática de manobras escusas, tomando-se por personalidades acima de qualquer suspeita. Desse modo acordaram o monstro que é a alma popular, capaz de trazer às ruas legiões de descontentes que a cada dia ganham novos adeptos e seguidores.
Eis aí um momento no qual é preciso ter na gerência do país gente de verdade, líderes capazes de transferir segurança e tranquilidade ao povo. Mas, o que se vê é desfile de governantes atônitos, incapazes de assumir uma posição que acalme os ânimos.
De fato fica difícil, senão impossível, dar uma resposta clara e objetiva aos que protestam nas ruas. Se paga o preço devido por ações que tiveram sempre péssima repercussão, pelos discursos ufanistas não condizentes com a realidade, por péssima condução da política econômica, pelos inacreditáveis serviços públicos, enfim por se desprezar a possibilidade de levante popular.
Há que se elogiar a escalada de protestos que talvez contribuam para devolver a dignidade à atividade política no país. Há que se lamentar o vandalismo praticado por aproveitadores que se misturam aos que protestam. Mas, há que se perguntar no que isso vai dar porque já não se ignora a insegurança diante de situação indefinida que parece não ter data marcada para findar.