Realismo mágico na América at Blog Ayrton Marcondes

Realismo mágico na América

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Pois até depois de morto Hugo Cháves vela pelo povo venezuelano. Ontem o presidente Nicolás Maduro apresentou a foto do “rosto de Cháves” que, segundo dizem, apareceu no túnel do metrô de Caracas durante obras. Mas, esta não foi a primeira aparição de Cháves que morreu em março: ele já tinha aparecido num sonho de Maduro sob a forma de um passarinho.

Maduro mostrou a foto ao país pela televisão e disse que Cháves está em todos os lugares. Acrescentou: Cháves somos todos.

Não é a toa que a América é pátria de grandes escritores de literatura fantástica. E a coisa se estende até a América do Norte, no México, onde Juan Rulfo escreveu e publicou o grande livro que é “Pedro Páramo” no qual o leitor corre o risco de se perder ao identificar se quem fala está vivo ou está morto. Hugo Cháves se parece com personagens de Rulfo que continuam a falar e agir como se a morte fosse apenas um detalhe de menor importãncia.

Maduro é um presidente sobre quem se torna difícil dizer alguma coisa. Apresenta-se, sempre, com seu uniforme amarelo, azul e vermelho, réplica da bandeira de seu país. Ao vir a público para apresentar o “rosto de Cháves” sugere que, de fato, acredita nas aparições do ex-presidente. Ou será apenas uma manobra para acalmar os ânimos de um povo que, ao que publica, vive num país onde há falta desde energia elétrica até papel higiênico?

O que dirão no futuro os historiadores sobre Nicolás Maduro? Sobre Hugo Cháves já se tem uma opinião corrente que dificilmente mudará com o tempo.

Não deixa de ser interessante certa inclinação de povos americanos - do México para baixo - em aceitar com naturalidade a intromissão do realismo mágico em suas vidas.



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