Albert Camus
Lembro-me de uma das edições da revista francesa Paris Match de 1960. Trazia a foto de um acidente automobilístico com dizeres sobre a morte do filósofo argelino Albert Camus. Encerrava-se, assim, a trajetória de uma mente brilhante que desaparecia aos 46 anos de idade.
Ainda estudante do curso ginasial eu não sabia quem era Albert Camus, mas acompanhei de perto as manifestações provocadas pela morte dele. Intelectuais lamentaram a perda do filósofo publicando artigos nos jornais da época. Camus havia visitado o Brasil onde fora até Iguape, acompanhado pelo escritor Oswald de Andrade. Sobre sua passagem pelo país Camus publicou um Diário d Viagem no qual reclama do calor que o fazia sofrer estando muito gripado. Gostou do povo, achou São Paulo uma cidade estranha e o Rio espetacular demais para o gosto dele. Dedicou algumas páginas a um jantar ao qual compareceu o poeta Augusto Frederico Schmidt que, segundo Camus, não se portou de modo conveniente à mesa. Entre o filósofo e o poeta estabeleceu-se tal antipatia que Schmidt descreveria o encontro como situação penosa na qual a cada palavra os dois se afastavam ainda mais.
Quando veio ao Brasil, em 1949, Camus já tinha publicado “A Peste”, “O Estrangeiro” e “O mito de Sísifo”. Tinha ele então 35 anos e permaneceu no país durante 26 dias. O Prêmio Nobel de Literatura seria conferido a ele em 1957 “por iluminar a consciência” em relação a temas da humanidade.
“O Estrangeiro” foi publicado em 1942 e narra a trajetória de Meursault, homem que assassina um árabe e é julgado por isso. A trama se passa na Argélia e durante o julgamento fala-se sobre o fato de Meursault não ter demonstrado qualquer emoção durante o enterro da própria mãe. Ele também se mostra incapaz de sentir remorso em relação ao assassinato que cometeu. No final Meursault irrita-se com o capelão que quer fazê-lo voltar-se em direção a Deus. Era um homem indiferente ao mundo, um estrangeiro que apenas esperava o momento de vir a ser executado.
Nascido em 1913 comemora-se o centenário de Albert Camus, ocasião propícia para os que não conhecem a obra do filósofo travarem contato com seus livros que podem ser encontrados nas livrarias.