Quanto vale a vida? at Blog Ayrton Marcondes

Quanto vale a vida?

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O vídeo mostra um cara dirigindo um carro na Rodovia dos Bandeirantes. É uma manhã de domingo e o motorista participa de uma corrida contra dois motoqueiros. Saliente-se que a estrada não foi interrompida para que se realize a competição. Transito normal, carros dentro das faixas, seguindo viagem. Nessas condições resta ao motorista uma frenética busca de espaços para manter a velocidade do carro. Corta pela direita e pela esquerda, costura aqui e ali, segue em frente passando dos 250 km/hora. Já os caras das motos dão tudo o que seus motores podem alcançar e conseguem atingir velocidades de até 300 km/hora. Não custa repetir que é uma manhã de domingo e o trânsito na estrada é normal, cada veículo na sua faixa, exceto os desses corredores que jogam tudo para vencer a disputa combinada entre eles.

Um repórter entrevista um dos motoqueiros e pergunta a ele como se sente ao correr muito acima dos limites permitidos de velocidade. A resposta é interessante. O motoqueiro diz não dispor de outro lugar para correr. Ele adora a velocidade e “não pretende abrir mão de seu lazer”.

Nas respostas do motoqueiro não se percebe qualquer preocupação com a possibilidade de um acidente. Também não parece se preocupar com o fato de que, em caso de provocar um acidente, outras pessoas poderão ser vitimadas.  O que importa é a felicidade pessoal, voar em meio ao trânsito, entregar-se de corpo e alma naquilo que diz ser o seu lazer.

Pois o valor da vida é mesmo diferente para cada um de nós. Para algumas pessoas viver perigosamente faz parte do cotidiano. Trata-se de uma sede de aventuras que nada consegue aplacar. Mas, no fundo, será mesmo que os corredores da estrada não se preocupam nem um pouquinho com a possibilidade de serem esmagados num terrível acidente?

O nosso olhar tem isso de pender para o lado pesaroso. Tragédia acontecida eis que nos pomos a deplorar pela sorte dos envolvidos. Sábado morreu o ator dos filmes da série “Velozes e Furiosos”. O ator norte-americano acabara de sair de um evento no qual se empenhara em conseguir doações para vítimas do furacão que destruiu uma região das Filipinas. O ator saiu dentro de um Porshe dirigido por um amigo. Logo em seguida o carro bateu num poste e pegou fogo. Nenhum dos dois sobreviveu.

O ator despediu-se desse mundo aos 40 anos de idade. Não há como não olhar para as fotos dele sem se perguntar sobre as razões do acidente que roubou a sua vida. Se fosse possível fazer voltar o tempo por apenas alguns instantes, avisá-lo sobre o que aconteceria a ele logo em seguida…

Mas, não. A vida é uma só e não é possível voltar atrás. Há quem jogue com a sorte como se faz numa roleta na qual tudo pode acontecer. Jogo perigoso esse porque nele a “casa” conta com mais chances. Jogo viciado no qual em geral a possibilidade da morte é muito maior que a de ocorrência de qualquer outro resultado.



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