Big Brother
Está nos sites da Internet propaganda de uma caneta que promete captar imagens e gravar vozes. Custa barato, pouco mais de 100 reais. Um amigo me diz que é preciso parar com isso, bloquear a venda, imagine-se só no que isso vai dar.
Também estão à venda – camelôs oferecem nas ruas – gravadores digitais de voz com capacidade para mais de trinta horas. Mais: estão falando sobre uma lente que, instalada em câmeras fotográficas, permite fotografar pessoas como se não estivessem vestidas. E corre por aí que está por ser aprovada uma lei que torna obrigatória a instalação de rastreadores em todos os carros novos.
Celulares que fotografam e filmam, canetas filmadoras, rastreadores, a história da privacidade parece estar no fim. A sociedade atual coloca às nossas costas um grande olho que nos persegue e nos torna vulneráveis. Isso sem falar em escutas telefônicas, autorizadas ou não.
A realidade supera a ficção. O Grande Irmão de Orwell finalmente vive, instrumentado por avanços tecnológicos a serviço de interesses quase sempre escusos.
O curioso é que assistimos a tudo isso calados, como se fôssemos personagens de filmes futuristas dominados por forças superiores que subjugam a humanidade e contra as quais nenhuma reação parece possível.