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Frost/Nixon

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Talvez não seja o caso de se fazer a resenha de um grande filme. O que incomoda é o que está por detrás do enredo, o lado verídico. Nixon renunciou, em 1974, por conta do escândalo Watergate, para evitar o impeachment. Três anos depois, o ex-presidente concedeu ao apresentador inglês, David Frost, entrevista na qual admitiu sua culpa no caso Watergate.

Sob o sol que ilumina o hemisfério onde se encontra a América do Sul, o crime de Richard Nixon não parece tão relevante. Também não parecem ser as acusações feitas, mais trade, contra o ex-presidente Bill Clinton devidas a relacionamento amoroso fora do casamento.

Frost/Nixon nos trás, em toda a densidade, o posicionamento da sociedade e de pessoas envolvidas frente um caso de corrupção. Nixon renunciou porque pactuou e sabia que isso era inaceitável aos padrões da sociedade em que vive. Frank Magela representa com brilho, no cinema, o Nixon que se digladia com a negação de seu ato e finalmente sucumbe ao peso da verdade; Michael Sheen é o David Frost, apresentador de televisão que consegue o impossível: a confissão de Nixon.  Tudo isso enquadrado por câmeras como, aliás, aconteceu na realidade.

O que nos incomoda em Frost/Nixon é a natureza da crise de valores. Habituados ao descaso com a corrupção e ao suborno, ao retorno de corruptos ao seio da política e à impunidade, o filme dirigido por Ron Howard nos constrange a ponto de nos esquecermos de que se trata de cinema de primeira categoria.

Coisa e opinião de latino-americano.

Escrito por Ayrton Marcondes

12 abril, 2009 às 2:04 pm

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Postado em Cotidiano



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