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Na trilha dos jovens

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Um professor de redação me fala sobre a proposição de temas para os alunos desenvolverem. Ele diz que os professores de redação precisam estar antenados em relação aos acontecimentos. A temática das redações necessariamente deve incluir assuntos que atraiam interesse dos jovens, isso para estimulá-los.

Pergunto ao professor sobre qual seria um tema proposto caso houvesse uma aula nesta semana. Ele responde sem pestanejar: rolézinhos.  Acrescenta que morre de curiosidade para saber o que, afinal, os jovens pensam sobre os encontros marcados em shoppings. Na verdade o que interessa a ele não é a opinião daqueles que participam das reuniões. Lembra que até agora o que se tem é a opinião dos envolvidos e interessados no novo fato social. Mas, pergunta, o que pensa sobre o assunto a imensa massa de jovens que acompanham de longe as notícias e não têm nenhuma propensão para participar ativamente do processo?

Na opinião do professor qualquer possível solução para a questão dos rolézinhos passa pela opinião dos jovens, pois apenas eles têm a saída para a confusão que se armou. Políticos, policiais e sociólogos jogam com as ferramentas que têm, agindo conforme seus credos e possibilidades. Mas, nenhum dos discursos até agora apresentados logrou aproximar-se do cerne do problema. A derivação para as ideias de apartheid, direitos de ir e vir do cidadão e outras não atingem os jovens que aguardam algo que realmente lhes diga respeito.

Digo ao professor que talvez estejamos a fazer crescer um fato novo que, com menos publicidade, já teria se amoldado mais logicamente. À imprensa interessa a notícia o que, aliás, é lógico dado ser esse mesmo o papel dela. Mas, transformaram-se os rolézinhos num mostro maior do que eles são. Há acordos possíveis. Por outro lado me parece absolutamente normal a reação das pessoas que simplesmente não querem cruzar dentro de shoppings com uma massa humana em meio à qual certamente infiltram-se pessoas com outras intenções. Trata-se do medo que temos da violência crescente, a mesma que a cada dia restringe os espaços de nossa circulação. Quem tem coragem de às 10 horas da noite sair de casa e andar até a farmácia que fica a dois quarteirões, isso numa cidade grande? Mesmo quem topa essa parada sabe que, no fundo, está se arriscando.

O professor me pergunta se eu teria coragem de ir com a minha família a um shopping para o qual estivesse marcado um rolézinho. Respondo que obviamente não e ele sorri dizendo que na nossa conversa nem chegamos a falar sobre os prejuízos dos lojistas e os problemas enfrentados pelos funcionários. Os rolézinhos são marcados para os sábados, justamente quando é maior o movimento de consumidores fato que acarreta enormes prejuízos ao comércio.

Pois é, saímos da conversa do jeito que entramos. Mas, os rolézinhos vão passar até porque os jovens são inventivos e logo se cansam de coisas repetitivas. Daqui a pouco surge um fato novo e a moda atrai a juventude para outro tipo de movimento o qual esperamos seja pacífico.

Escrito por Ayrton Marcondes

20 janeiro, 2014 às 11:50 am

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