Dia de campeão at Blog Ayrton Marcondes

Dia de campeão

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Dias atrás assisti ao jogo entre o Real Madri e o Barcelona. Grande embate travado entre os craques que defendem as cores dos dois times. No fim venceu o Barcelona por 4 X 3 numa partida realmente memorável. O toque de bola, a criação de situações possíveis de gols, e a velocidade com que um time leva a bola à área do adversário são realmente espantosas. Eis aí um tipo de jogo no qual o telespectador fica com os olhos colados à tela da TV não perdendo um só instante do que se passa em campo.

Foi depois do jogo entre os times espanhóis que me perguntei sobre o que, afinal, se passa com o futebol em nosso país. Teriam secado as nossas fontes de grandes craques? O desaparecimento do futebol de várzea teria, como dizem, influenciado a queda na geração de bons jogadores? Estaríamos mal ajambrados no quesito técnica, jogando um futebol do passado? Ou a cartolagem estaria mais preocupada em poderes pessoais e negócios do que com aquilo que acontece em campo? E, finalmente, seria que a atual safra de técnicos estaria defasada quanto aos novos esquemas e modos de jogar?

Se um ou todos os itens citados no parágrafo anterior tiverem peso sobre o que hoje se joga nos campos de futebol do país é preciso, com urgência, corrigir (corrigi-los) para que o Brasil volte a ser a potência que sempre foi, mundialmente, no futebol. Aliás, que se diga: mesmo que a seleção nacional vença a Copa a se realizar em junho isso não significará melhora do nosso futebol. É preciso lembrar de que a maioria dos jogadores convocados atua no exterior e está habituada a jogar o futebol que hoje se pratica por lá. Daí que, nesse sentido e apenas nele, a seleção “nacional” não é de fato “nacional” embora constituída por brasileiros natos.

Tempos atrás assisti a uma entrevista de um ex-campeão mundial da Alemanha, hoje atuando como relações públicas do Bayern de Munique. Disse ele que o futebol que hoje se joga no Brasil é coisa do passado. Relatou o grande esforço dispendido na Alemanha que há oito anos, deu início a um processo de mudança da mentalidade sobre os modos de jogar. Tal mudança, radical, foi implementada nas divisões de base para que os meninos crescessem com outro modo de jogar. Trata-se do futebol que hoje se pratica na Europa, consistindo em jogadas mais rápidas, jogo veloz e efetivo que busca sempre a aproximação do gol adversário. Terminou o ex-jogador dizendo-se admirador inconteste do futebol brasileiro que deu ao mundo grandes jogadores. Entretanto, salientou a necessidade de uma mudança radical no futebol praticado no país.

Daí que não me surpreendeu a conquista do Campeonato Paulista de Futebol pelo Ituano no jogo de ontem contra o Santos. Sem ter em seu time nenhum craque consagrado mostrou o Ituano maior coesão e afinação no toque de bola entre os seus jogadores. Um time pequeno, mas armado dentro de suas condições para jogar o melhor futebol a eles possível. Trata-se de um exemplo de organização cujo resultado conseguido deve mesmo ser muito comemorado. Pena que o time será desmanchado porque ao Ituano cabe agora disputar a série D do Campeonato Brasileiro. Muitos de seus jogadores tornaram-se visíveis pelo futebol que praticam e com certeza atrairão o interesse dos grandes clubes.

Pena que seja assim. Da noite para o dia esfacela-se um exemplo do que bem que poderia ser o futuro do futebol do país.

Escrito por Ayrton Marcondes

14 abril, 2014 às 12:58 pm

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