A força dos dentes
De repente o jogador uruguaio Luis Suárez torna-se assunto em toda a mídia dado ter mordido um defensor italiano durante o embate entre as duas seleções. Chargistas e desenhistas de toda ordem aproveitam o fato e caem matando: Suárez aparece travestido em vampiro ou com a máscara que se coloca em canibais humanos para impedi-los de morder alguém.
O problema de Suárez é que ele não é primário: esta foi a terceira vez em que o craque uruguaio mordeu seus adversários. Destaque-se que desta vez fez isso diante dos olhos de todo o mundo que acompanha pela televisão as transmissões dos jogos. A cena é lamentável: vê-se claramente o momento em que Suárez se curva sobre o dorso do jogador italiano para cravar-lhe os dentes. Por sorte o juiz não viu e Suárez não foi expulso, fato que prejudicaria sua equipe num momento decisivo da Copa.
O gesto de Suárez fez lembrar a mordida de Mike Tyson em Evander Holyfield durante a luta de boxe pelo título mundial dos pesos pesados. A certa altura Tyson teve atitude grotesca, arrancando parte da orelha de Holyfield. A luta foi suspensa e a atitude de Tyson considerada não só antidesportiva como animalesca. Naquela época o grande campeão já deixara de ser o terrível pugilista que derrubava seus opositores logo no início de suas lutas.
E Suárez? Eis aí algo desagradável porque a FIFA não poderá deixar de punir o jogador uruguaio. Sua atitude não foi menos antidesportiva nem menos animalesca que a de Mike Tyson. Morder a um colega de profissão significa explosão irrefreável de temperamento que ultrapassa noções básicas de civilidade.
Mas, não dá para não dizer que é uma pena. A seleção uruguaia atravessa um grande momento na Copa com muitas possibilidades de se encaminhar ao jogo final. Luis Suárez é de fato um excepcional jogador como tem mostrado com suas excelentes atuações.
Perde o Uruguai, perde o futebol.