Na câmara da morte
Qual a melhor maneira de matar? Sobre isso parece não haver consenso. Quando alguém é condenado a morte espera-se que a execução se realize sem sofrimento. Morte rápida e indolor, portanto.
Ao longo do tempo Hollywood produziu vários filmes sobre condenados presos no chamado corredor da morte, cada um esperando pela sua vez. As execuções são realizadas em câmeras de gás, cadeiras elétricas ou por aplicação de drogas na veia. Nos filmes bons atores representam os últimos momentos das vidas dos condenados cujas execuções se fazem diante de uma pequena plateia. Em geral não se percebem sinais de grande sofrimento: as mortes são rápidas.
Na prática nem sempre é assim. Quem viu pela TV o enforcamento de Saddam Hussein pode constatar que as coisas não se passam sem sofrimento. Mesmo nas execuções em câmaras fechadas ainda hoje se discute sobre a melhor maneira de abreviar o sofrimento.
Noticiou-se nesses dias o caso de um homem condenado à morte por ter matado a mulher e o pai dela. Tentou-se com ele uma combinação de drogas que, supunha-se, provocariam a morte rapidamente. Tal não se verificou. Foram duas horas de sofrimento até o desenlace final.
No Brasil não existe a pena de morte e há quem seja a favor dela. Crimes terríveis praticados por pessoas que atuam com refinada crueldade e frieza em geral nos fazem perguntar se não seria melhor condená-las à morte por não se acreditar que tais personalidades possam ser recuperadas. Diariamente acontecem casos de assassinatos tantas vezes gratuitos que privam famílias da presença de seus entes queridos. Trata-se de mortes inexplicáveis, cometidas por criminosos irrecuperáveis porque já se perderam na senda do crime. Ainda assim, pesa sobre o julgamento geral o fato de serem humanos daí a dificuldade em aceitar a condenação fatal.
Nos países onde existe pena de morte há que fazer uso de métodos que não provoquem sofrimento no momento das execuções. Quanto a mim nunca fui favorável à pena de morte talvez porque tenha acompanhado de perto aos fatos que terminaram com a execução de Caryl Chessman. Chessman morreu em 1960 e sua execução foi noticiada em todo o mundo. Na época eu terminara a primeira parte do ensino fundamental e tínhamos um professor que diariamente nos falava sobre o caso. De tal forma nós, meninos, fomos envolvidos no caso que torcíamos para que Chessman fosse poupado. A partir de então sempre me pareceu que penas perpétuas seriam melhor opção para a paga de crimes.