As FARC libertam
As FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) anunciam que libertarão um militar feito refém em 1997. De lá para cá se passaram doze anos e agora o militar será devolvido à sua família e à sociedade.
O que intriga nessas notícias sobre as FARC não é propriamente a existência desse movimento, nem o seu fracasso. O que desafia a lógica comum é o fato de terem galgado à condição de subtrair a liberdade de pessoas pertencentes “ao outro lado”, representado por todos aqueles que não comungam com a ideologia ou não pertencem ao movimento.
Aquela fotografia de Ingrid Bittencourt presa e em estado deplorável correu o mundo, causando-nos calafrios talvez maiores porque o cárcere a que ela foi recolhida era e é ilegal.
Os relatos de ex-prisioneiros da guerrilha que retornaram são pungentes não só pelo sofrimento, mas pelo tempo em que estiveram presos. Porque é incompreensível que pessoas sejam alijadas de seus direitos, o maior deles a liberdade, por forças clandestinas e que atuam na ilegalidade.
Mas o que importa mesmo é afirmar que há algo de inumano nessa notícia de que um homem vai ser solto após viver como prisioneiro durante doze anos em florestas, algo que torna amargo o gosto do café que tomo enquanto corro os olhos nas páginas dos jornais.