Divulgam-se as urnas
Dias atrás ouvi pelo rádio as instruções aos eleitores em relação ao pleito de janeiro de 1947. Tantas eram os procedimentos que melhor seria tivessem publicado um manual. Imagino as filas de espera e as dificuldades dos eleitores de então para votar nos candidatos da preferência deles.
Hoje me levantei cedo e compareci à minha sessão eleitoral. Eram nove e pouco da manhã e eu era a única pessoa presente para declarar o meu voto. Não devo ter me demorado mais que um minuto na urna eletrônica. A escolha de deputados, senadores, governadores e presidente foi instantânea. Como dizia o Chico Anysio: é vapt-vupt. Bastava digitar os números que trazíamos decorados e rapidamente nos desfazíamos da obrigação.
Sempre me pergunto como seriam as eleições no país caso o voto não fosse obrigatório. Será mesmo que toda essa boa gente se daria ao trabalho de sair de casa, sacrificando algumas horas do lazer de domingo, para exercer a obrigação republicana? Pois, não creio. Aliás, me parece que caso o voto não fosse obrigatório seriam eliminadas algumas distorções observadas nos resultados eleitorais. Muita gente que vota apenas por obrigação e sem nenhuma convicção deixaria para lá a visita às urnas e talvez tivéssemos resultados mais sensíveis e coerentes com as necessidades do país.
A essa altura - começo da noite de domingo - já se divulgam os primeiros resultados dessas eleições. Imagino o nervosismo dos candidatos e de seus correligionários que, afobadamente, esperam pela vitória. Já se percebem algumas disparidades entre os prognósticos divulgados anteriormente pelos institutos de pesquisa e os resultados divulgados. Antes do fim da noite teremos uma visão mais ou menos completa do quadro de eleitos.
Enquanto isso fica esse vazio. Será mesmo que aqueles que serão eleitos se empenharão em melhorar o país? Será que finalmente haverá consenso sobre a gravidade do momento econômico e as perspectivas do tempo difícil que teremos à frente? Será que os políticos colocarão o interesse público acima dos interesses pessoais?
Infelizmente, as respostas a essas perguntas não são nada animadoras. Uma longa história de prevalência dos interesses de grupos e pessoais mina as expectativas quanto a tempos melhores. Em todo caso não se pode perder a esperança. Quem sabe desta vez estejamos no limiar de boas transformações.